São Lucas nos conta, no decimo domingo do tempo comum, que certa vez Jesus realizou um grande milagre (Lc-7,11-17) "A ressurreição do filho de uma viúva". Jesus com seus discípulos, e uma grande multidão se aproximavam de uma cidade chamada Naim, ao chegarem na porta da cidade se deparam com um cortejo fúnebre uma procissão da morte; tratava-se de uma viúva que ia enterrar seu filho único. Esta viúva representa todas a humanidade sem Deus, totalmente possuída por tristeza, dor, despidas de esperança, luz, vestem o luto resultante da morte que a cada dia, consome as pessoas, matando nelas a fé, alegria, amor,.... resta a cada dia enterrarem seus mortos, cresce a triste procissão fúnebre, pois falta vida. uma grande multidão seguia a viúva, deambulavam, mortos vivos, espectros que já sem saída rumavam para o cemitério.
O filho único que seria sepultado é o verdadeiro simbolismo de uma humanidade, que produz morte, como: aborto, guerras, fome, corrupção política, abuso de poder, misérias, destruição da natureza... Ao passo que a procissão fúnebre deixa a cidade de Naim, se depara com outra procissão: a da vida, conduzida por Jesus e seus discípulos e a multidão que o seguia, o povo que seguia Jesus, caminhava com segurança, rumo a vida. Vendo a procissão fúnebre, Cristo se comove com a situação de morte, sente compaixão da viúva, que vai enterrar seu filho único. Dirigindo-se à mesma, Jesus a consola, "Não chores!". A vida latente em Jesus, torna-se esperança, é a própria ressurreição oferecida ao mundo. Aqueles que carregavam o caixão, param diante de Jesus, e seus discípulos.
Somente Jesus tem poder de impedir a morte, seus efeitos. A expectativa, os olhares assustados, o medo misturado com tristeza e dor, são tomados por um facho de luz e esperança que passa a brilhar no luto dos desvalidos, de todos aqueles que caminhavam para o cemitério. A voz de Jesus gera vida, anula a morte. O silêncio é quebrado quando Jesus se dirige ao caixão, "Jovem, eu te ordeno, levanta-te!", esta ordem sobrenatural é direcionada ao jovem morto.
Podemos entender na palavra, jovem, o princípio da vida, seu começo, que deve ser edificada na palavra de Deus, única base, lastro, chão, alicerce da vida. O jovem voltou a viver, começou a falar, dando à todos provas de que a palavra de Deus visível em Jesus, pode destruir a morte, devolver vida para todos que se encontram em situação de morte, o filho vivo é entregue à sua mãe, o caminho não é mais o do cemitério. A mãe, é compreendida como a humanidade que agora passa agir na força vivificadora de Jesus, que forma, criar, gera, nutre filhos destinados à eternidade, nova humanidade renascida, vivificada, em Jesus verbo de Deus habitando no nosso meio. Todos que presenciaram a ressurreição do filho da viúva, foram tomados por um grande medo, aos poucos foram deixando o temor, adquirindo confiança, com alegria, glorificavam a Deus dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo".
Ao visitar a cidade de Naim, Deus transparecendo em Jesus, visita toda humanidade, cada pessoa, eu, você, que formamos a Igreja, povo de Deus rumo a uma nova caminhada, aquela conduzida por Jesus.
A notícia desse milagre correu em toda Judeia e arredores, todos certamente cantaram, "Eu vos exalto ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte" (Sl 29). Na segunda leitura Paulo também é um ressuscitado que saboreando a doçura da palavra de Deus ingressa no caminho dos seguidores de Jesus, deixa de servir a morte como quando era um perseguidor da Igreja de Deus, convertido encontra vida, entra na vida, gera vida. Devemos assumir também todos nós o caminhar pleno com Jesus. Saiamos da morte para a vida!.
Pe. Antônio Gouveia