domingo, 22 de dezembro de 2013

O FULMINANTE AMOR QUE DESCE DO CÉU

                      O relato do nascimento de Jesus, é apresentado apenas por dois evangelistas: Mateus e Lucas, ambos descrevem a concepção de Jesus como uma ação sobrenatural, concebido pela Virgem Maria, portanto, fora do natural, ação de um milagre, obra do Espírito Santo. Mateus diz: "O que nela foi gerado é por virtude do Espírito Santo" (Mt-1,20), em (Lc-1, 30-35), a virgem Maria tem um diálogo com o anjo, ambos descrevem a seu modo a fulminante intervenção de Deus na História, que contagiou a tudo e a todos com  esperança. Deus enviou seu filho amado para conviver no meio de toda natureza, vivificando-a, restaurando-a, "E o verbo se fêz carne e habitou entre nós"  (Jo-1,14)
            Após esta santa habitação encarnada, todos os homens, mulheres, desfrutam no Cristo a grandeza de Deus, agora Deus com todo seu esplendor e glória, eleva o humano fazendo-o experimentar o sobrenatural. As palavras, os milagres, que Jesus realizou em prol da humanidade decaída, nos leva a experimentar o seu poder, "E se fêz para nós sabedoria e justiça, santificação e redenção", (1Cor-1, 30),
           É a graça santificante no nosso meio, à nossa disposição, um convite para rompermos a nossa fraqueza, como nos diz São Pedro "Participantes da natureza divina" (2Pd-1, 4), grandes, incontáveis são os privilégios que imerecidamente recebemos do Cristo, "Ele veio restaurar todas as coisas" (Ef-1, 10), consolar nosso coração que  sofrido e abalado de tantas aflições, recebe no Cristo a lufada do hálito da vida, veio nos vestir, pois em Adão e Eva após a queda ficamos despidos, desprotegidos, abandonados às tempestades bravias do mar da vida, ele nos reveste novamente com a graça divina, cuida de nossas enfermidades, limpando toda putrefação que a carcaça humana violentada  pelo pecado, apodrecendo sem cura e esperança. O Cristo, é o bálsamo sagrado e divino, perfumado de efeito restaurador que cura a mim, a você e a todos, é o brilho reluzente que  dissipa a cegueira do olhar pecaminoso, é o suave e ao mesmo tempo estridente som celestial, que perpassa os tímpanos humano, curando toda surdez e abrindo uma vastidão auditiva para ouvirmos a boa nova. 
             O pobre menino da manjedoura, veio conviver conosco para nos redimir e salvar, é o único meio, lampejo de esperança, busca suave de reavivamento para nos fazer compreender este mistério. O convertido Paulo que antes fora o selvagem, seco, estéril Saulo, nos recorda depois de ter se alimentado do fruto da vida, o próprio Jesus, "O único mediador entre Deus e os homens" (1Tm-11, 5), é mediador este que por desígnio divino desceu do céu, instalando-se na Virgem Maria, ao acolhe-lo a virgem mãe participa diretamente dos méritos que nos trouxe o filho, extasiada de grande alegria e com uma profunda determinação, a mãe se entrega ao filho uma vez que nela já habita a plenitude do filho, união indestrutiva entre o céu e a terra, perpassado pelo divino e humano, a virgem exclama "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc-1, 38).
                    O fruto é santo, pois foi gerado numa árvore santa, sólida e firme, daí provém a constatação, "Bendito o fruto do teu ventre" (Lc-1, 12). O fruto é o pão da vida que ao nascer repousa na manjedoura, que nada mais é do que uma gamela, uma vasilha onde se deposita alimentos para os animais, na manjedoura está o Cristo, alimento que nutre a fome do bem, do amor, da santidade presente no ser humano, é mesmo simbólico o Cristo na manjedoura, uma própria âmbola contendo a partícula sagrada, - corpo de Cristo - as palhas secas e sem vida, é o próprio mundo que nesta condição recebe vida plena. Os animais, bois, carneiros, ovelhas, nos faz compreender o estágio primário do humano, o homem animal que rodeando o presépio se aproxima do mistério santificante, os pastores são os vigilantes, os profetas, que na escuridão dos tempos fazia nascer esperança com a promessa da vinda do Emanuel Deus conosco. A estrela reluzente, é a própria forja de um Deus que rompe as alturas como raio luminoso reluzindo nas trevas. 
                            O nascimento de Jesus, é a justiça e a retidão, a bondade e a confiança inabalável em Deus, o lançar-se e o acreditar nos desígnios divino, é isto que representa São José, vamos contemplar o presépio, descobrindo nele a harmonia silenciosa que suave como a aurora, perpassa os tempos e toda a existência do mundo.

UM  SANTO  E  
                             FELIZ  NATAL 
                                                          À TODOS!!!

Pe. Antonio Gouveia
      

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

CELEBRANDO SEMPRE, PARA SE RENOVAR CONTINUAMENTE


                      O advento é um período rico em simbolismo, um oásis, o lugar onde devemos refazer nossas forças, firmar nossos passos, erguer a cabeça, deixar-nos envolver no abraço eterno do criador. Para expressar tão grande riqueza a simplicidade religiosa do povo, (religiosidade popular) desenvolveu uma rica simbologia, entre elas a coroa do advento, que pela sua forma circular nos remete a nova aliança que nos envolve, em Jesus Cristo, nas velas que são quatro, o lampejo da sabedoria divina, os quatro cantos da terra, permeados pela luz do criador, a coroa realeza de C risto, um governo de luz e caridade.
  • No primeiro domingo do advento, a 1ª. vela nos faz pensar na luminosidade do perdão concedido a Adão e Eva, que é estendido a toda a humanidade.
  • No segundo domingo, a 2ª. vela nos relembra a coragem e a fé dos patriarcas que anunciaram a terra prometida,
  • No terceiro domingo, a 3ª vela alegria que vem até nós resgatando na nossa existência um Deus que se alia com o ser humano criando conosco aliança de salvação em Jesus Cristo.
  • No quarto domingo, a 4ª vela indica o anúncio, comunicação, envolvimento, encarnação, o verbo se materializando, ganhando imagem, visibilidade, para ser percebido por todos os sentidos humanos:
  1. Tato, Deus nos abraça.
  2. Paladar, Deus é alimento.
  3. Olfato, no odor da santidade, Deus nos penetra.
  4. Visão, Deus resplandece para nós.Testemunhamos a sua presença em comunidade, igreja viva.
  5. Audição, Deus que se comunica, o homem que escuta, responde, tanto pelos sons e ruídos da natureza, quanto pela sabedoria e riqueza da palavra proclamada.

  • Uma 5ª. vela é colocada no centro da coroa, para indicar o nascimento de Jesus e o seu brilho acima de todas as forças visíveis e invisíveis.
                 A árvore natalina, outro símbolo simples porém riquíssimo de verdades, ensinamentos, a começar pela própria árvore,  sinal de solidez. Podemos associar à árvore da vida. A cor verde, sinal de esperança sempre, os pontos de luzes que perpassam a árvore natalina, nos liga a energia vital a própria força de Deus que tudo permeia; os adereços como as bolas brilhosas, coloridas, nos fala dos frutos que devemos produzir na árvore que é nossa própria vida, fixa e segura em Deus luz eterna, a estrela que no topo da árvore anuncia o esperança, tempo de luz.
               O advento todo, aponta para o grande momento de expectativa, indicando a grande celebração daquela noite em que as trevas foram dissipadas, toda criação regenerada, renovada. A raça humana desde Adão e Eva que caminhava na escuridão, desfrutou da luz que irrompeu do céu sobre a terra, para planificar os abismos, salvar as almas.
          Tão miraculoso foi esse momento do nascimento, que os céus em uma sinfonia celestial, proclamada, executada, cantada, pelos lábios puros dos anjos, cuja vozes numa alegria sobrenatural ecoavam no além dos aléns. A Virgem Maria, revestida do silêncio, expectativa, contemplava e rezava; o puro e casto São José, assombrado com tamanha manifestação divina, se entregava cada vez mais à criança Santa. 
           O Santo menino recém-chegado, já na infância bendita, acolhia todos em seu coração, pois lá já existia o perdão para os pecados, misericórdia para com os necessitados, cura para as enfermidades, alegria para o ser humano, a própria igreja já se encontrava no pequeno ser do Menino Jesus, com ela os sacramentos. Tudo isso e muito mais essa criança nos trouxe, esta realidade é traduzida nos simples gestos, simbolismos que celebramos no natal. Não é uma festa que se repete, pois nada é igual, tudo se renova. A cada natal que celebramos, embora o mistério seja o mesmo, porém as expectativas são variadas e convidativas, para que o ser humano se encontre com seus semelhantes e consigo mesmo, descobrindo a necessidade de no futuro ser cada vez melhor do que fora no passado, vamos renascer para uma nova realidade, busquemos a conversão para um caminho novo nos deixemos renovar no cristo! e sua palavra base a casa firma onde devemos habitar. envolvamos-nos  no brilho do menino Jesus.



Pe. Antonio Gouveia

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O PROMETIDO VIRÁ, BASTA ESPERAR

              É  ADVENTO! CELEBREMOS!

               Advento é uma palavra latina que significa chegada, é um período de expectativa, um tempo de caráter religioso onde somos convidados a esperar algo novo, benéfico, como é o caso de se aguardar o nascimento de Jesus. O advento nos prepara para celebrarmos o natal, um período místico, com profundo valor religioso repleto de misericórdia, piedade, devoção. Nos tempos antigos durante o advento se praticava o jejum, abstinência, uma intensa vida de oração.
              Nos fins de século VII, este costume é reinterpretado, assume uma caráter escatológico (algo que diz respeito a nossa salvação), é compreendido como um tempo espiritual, que nos prepara para a vinda do Senhor, tornando-se como o momento de necessidade para o ser humano e toda a natureza, pois tudo, todos existem em Deus.
          Aparece nesse tempo os mais puros exemplos confiança em Deus o criador, a começar pela Virgem Maria, que espera e confia em Deus; São Jose, aquele que será o guardião do tesouro de Deus na terra, Jesus; São João Batista, grande missionário que convoca todos para preparar os caminhos pelos quais o Senhor passará, ou seja, nossos corações; a igreja com sua catolicidade e unicidade.
               O advento mostra claramente a urgência da missão que se cumpre na espera, não como algo estático, mas uma espera em movimento, atitude, expectativa, um lugar onde devemos celebrar, cantando, rezando, meditando a palavra de Deus, que é a própria luz, o fogo crepitante que rompe as trevas, destruindo tudo o que nela reside, dissipando o mal, forjando o bem.
            Na noite em que o verbo foi soprado, junto desse sopro divino o hálito da vida, refrigerando tudo e todos, aconteceu a revelação do sorriso de Deus presente no pequeno ser o menino Jesus que veio alegrar a humanidade, enchendo a "anima" (alma) do ser humano com uma esperança de possuir reino de Deus. Com uma visível, viva espiritualidade, o advento nos convida à práticas que devemos viver, por exemplo: 


  • A vigilância, presente na figura de São João Batista, que nos remete à nossa própria condição de criaturas necessitadas, da grandeza do criador, vigiar sempre. 
  • A alegria presente na atitude da Virgem Maria, que canta "minha alma se alegra no Senhor e exulta meu espírito em Deus meu salvador", também nós simples mortais, devemos nos alegrar, pois Deus que vem é o Emanuel "Deus Conosco", nos envolve com sua obra, nos faz partícipes de seu poder. 
  • A esperança, a certeza de um futuro promissor, um bem que vence o mal, um Deus que nos abraça. 
  • A pobreza, não no sentido material, mas como seres que dependem de Deus, pois o mesmo nos enriquece, nos dar força espiritual, hálito de vida, a própria eternidade, que desde já é presença em nosso existir. 
  • A conversão, necessidade de cada dia aproximarmo-nos de Deus, mudar nossa conduta para melhor. Nos deixar conduzir na graça, no amor que vem até nós por Jesus Cristo, caminho, verdade e vida. 
  • A oração, experiência do envolvimento no todo, que é Deus. Essa prática deve ocupar a maior parte do nosso tempo, rezar, confiar, esperar sempre com alegria, esta é a mística do terceiro domingo do advento.
  • A santa obediência de são José, o justo pai terreno do filho de Deus. 
              Quando no advento a liturgia usa a cor rosa nas vestes sacerdotais, no ambão, nas discretas flores, indica o "gáudio" que é a alegria, força revitalizadora que brota da centralidade do mistério que é Deus, derramado como orvalho na aridez dos corações humanos, a alegria é fartamente semeada, afim de que brote vida em plenitude; "Alegrai-vos sempre no Senhor" esta é a proposta do advento, recorramos aos santos intercessores que esperaram confiantes: Virgem Maria, São Jose, São João Batista, Santa Izabel, São Zacarias, São Simão, Santa Ana e São Joaquim ... que não nos deixem desanimar, pois o prometido virá, basta esperar.

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 7 de dezembro de 2013

O ANO NOVO DE SÃO MATEUS

                  O ano litúrgico de 2014, será iluminado pela sabedoria, catequese do evangelista Mateus, outrora um cobrador de impostos, sendo chamado por Jesus, o segue de forma tão profunda a ponto de testemunhar sua experiência com o Cristo em relatos de testemunhos autênticos, um amor incondicional, que numa escrita de fé viva, se transformaram em uma boa nova, o Evangelho. Chamado também de Matatias, cujo significado é dom de Deus, sua obra abre um novo testamento, é o mais longo dos evangelhos. Escrito nos anos 70 depois que os Romanos destruíram o templo de Jerusalém, escreve para os Judeus que saíram do judaísmo, abandonando a sinagoga abraçam o cristianismo.
      Ao escrever sobre Jesus Cristo, o apresenta como descendente do povo Hebreu, o Emanuel -Deus Conosco- aquele que foi anunciado pelos profetas, descendente do rei Davi. Buscando informar sobre a origem de Jesus, nos apresenta sua descendência em quatorze gerações, dando destaque para cinco mulheres: 
  • Tamar, que perde o marido e é tida como uma prostituta (gn-38).
  • Raab, é prostituta (Js-2, 1-21).
  • Rute, uma estrangeira (Rt-1, 4).
  • Bet-Sabéia, amante do rei Davi (2Sm-1,12).
  • Maria, a mãe de Jesus.
Para a compreensão de Mateus, as mulheres tem um papel importante, elas que ungiram o corpo de Jesus, anunciantes da ressurreição, uma força na comunidade. Nos seus escritos descreve alguns fatos da infância de Jesus, mostra que as promessas feitas outrora na antiga aliança, se cumprem agora na nova aliança em Jesus Cristo.
           Ao descrever estes fatos, Mateus quer provar que Jesus é o filho de Deus, aquele que realiza milagres em favor dos necessitados como: perdoando pecados, expulsando demônios e sobretudo transmitindo este poder aos seus apóstolos que por sua vez o transmite para a igreja nascente. No evangelho de Mateus, percebe-se uma imagem da Santíssima Trindade, no momento do batismo (3,16-17)  se faz presente o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Jesus é o filho de Deus, a expressão Pai-Nosso, aparece por vinte e uma vez, isso nos faz compreender, que Mateus concebe Deus como um Pai que acolhe a todos. Dirige-se dezoito vezes à Deus chamando-o de seu Pai nos indica a origem de todo poder presente e atuante em Jesus Cristo.
         Este evangelho, pode se compreendido como uma ponte ligando o A.T. com o N.T., é bem visível o esforço de Mateus em preservar a riqueza espiritual de Israel, quando usa expressões como: O reino dos céus; Terra de Israel; Casa de Jacó; Cidade Santa, ligar e desligar. 
             Mateus dá importância aos números dois, três e sete:
  • há sete pedidos no Pai Nosso. 
  • sete Bem-aventuranças.
  • sete Parábolas.
  • sete Ais (23, 13-29).
  • muitas são as curiosidades que podemos perceber neste evangelho, porém se destaca o pedido  (6, 10) "Vem à nós o teu Reino". O reino veio até nós por Jesus Cristo, é assumido pelos apóstolos e discípulos, confiado à igreja que semeia este reino no coração de todos os batizados.
                  Peçamos a intercessão do evangelista São Mateus, a ponto de como ele corajosamente abraçou o chamado de Jesus, "Vem e segue-me". Na segurança do seu ofício de cobrador de impostos, não teve medo de seguir o mestre, desinstalando-se de uma vida segura, para se lançar na brilhante aventura de seguir perigosamente o Cristo perseguido e marginalizado.   
          Sejamos também fortes o suficiente para testemunharmos o Cristo, seguindo-o com palavras e atitudes, assim seja ao longo deste ano litúrgico, um caminho a ser percorrido, mesmo que o cansaço queira quebrar a caminhada, avante, sempre com oração, confiança, fé e esperança!.


Pe. Antonio Gouveia