sábado, 27 de fevereiro de 2016

O CREDO DE SANTO ATANÁSIO


  O Credo de Atanásio foi composto em 381 ou depois, provavelmente para uso catequético a fim de instruir melhor o cristão na compreensão da Santa Trindade. Santo Atanásio foi bispo de Alexandria, foi confessor e doutor da Igreja, porém esta belíssima oração foi divulgada por santo Ambrósio.
  Quem deseja ser salvo deve manter acima de tudo a fé católica [universal]. Se um homem não a mantiver no seu total, sem violação, ele certamente perecerá eternamente.
Agora, isto é, a fé católica, que nós adoramos um Deus em Trindade, e Trindade em unidade, sem confundir as pessoas nem dividir a substância. Pois a pessoa do Pai é uma, do Filho uma outra, do Espírito Santo uma outra.
Mas a Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é uma, a Sua glória é igual, a Sua majestade é co-eterna.
Assim como é o Pai, assim é o Filho, assim também é o Espírito Santo. O Pai não foi criado, o Filho não foi criado, o Espírito Santo não foi criado. O Pai é infinito, o Filho é infinito, e o Espírito Santo infinito. O Pai é eterno, o Filho eterno, o Espírito Santo eterno. Porém, não há três seres eternos mas um eterno; assim não há três incriados, nem três infinitos, mas um que não foi criado e que é infinito. Na mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo onipotente; mas não há três onipotentes, mas um onipotente.
Então, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; porém não há três Deuses, mas há um só Deus. Então o Pai é o Senhor, o Filho é o Senhor, o Espírito Santo é o Senhor; porém, não há três Senhores, mas há um só Senhor. Por que ainda que sejamos obrigados pela verdade cristã a reconhecer cada pessoa separadamente como Deus e Senhor, assim também somos proibidos pela religião católica a falar de três Deuses ou Senhores.
O Pai não é de ninguém, nem feito, nem gerado. O Filho é somente do Pai, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho, nem feito, nem criado, nem gerado, mas procedido. Então há um Pai, não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta Trindade, não há nada antes ou depois, nada maior ou menor, mas todas as três pessoas são co-eternas umas com as outras, e co-iguais. Então, em todas as coisas, como foi dito acima, ambos Trindade em unidade, e unidade em Trindade, deve ser adorada. Pois aquele que deseja ser salvo deverá pensar assim sobre a Trindade.
   Aqui é a versão defendida por J. N. D. Kelly,The Athanasian Creed (Nova Iorque: Harper & Row, 1964) 112-114, traduzida por J. S. Horrell:

Pe. Antonio Gouveia

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

SÃO JOÃO DAMASCENO, SOBRE AS IMAGENS


"Outrora, Deus nunca fora representado em imagens, uma vez que era incorpóreo e sem rosto. Mas dado que agora Deus foi visto na carne e viveu no meio dos homens, eu represento aquilo que é visível em Deus. Não venero a matéria, mas o criador da matéria, que por mim se fez matéria e se dignou habitar na matéria e realizar a minha salvação através da matéria. 
Por isso, não cessarei de venerar a matéria através da qual chegou a minha salvação. Mas não a venero de modo algum como Deus! Como poderia ser Deus, aquilo que recebeu a existência a partir do não-ser? ... Mas venero e respeito também todo o resto da matéria que me propiciou a salvação, enquanto plena de energias e de graças santas. Não é por acaso matéria o madeiro da cruz três vezes santa? ... E a tinta e o livro santíssimo dos Evangelhos não são matéria? O altar salvífico que nos dispensa o pão de vida não é matéria? 
E, antes de tudo, não são matéria a carne e o sangue do meu Senhor? Deves suprimir o cariz sagrado de tudo isto, ou deves conceder à tradição da Igreja a veneração das imagens de Deus e a dos amigos de Deus, que são santificados pelo nome que têm, e por esta razão são habitados pela graça do Espírito Santo. Portanto, não ofendas a matéria: ela não é desprezível, porque nada do que Deus fez é desprezível.
Deus, que é bom e superior a toda a bondade, não se contentou com a contemplação de si mesmo, mas quis que seres por Ele beneficiados pudessem tornar-se partícipes da sua bondade: por isso, de nada criou todas as coisas visíveis e invisíveis, inclusive o homem, realidade visível e invisível. E criou-o pensando e realizando-o como um ser capaz de pensamento enriquecido pela palavra e orientado para o espírito (São João Damasceno). O papa Leão XIII declarou São João Damasceno doutor da Igreja em 1890. 

Pe. Antonio Gouveia.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

IR À MONTANHA É ENVOLVER-SE COM AS REALIDADES DO CÉU

          No segundo domingo da Quaresma ano C,  o evangelista Lucas (Lc 9,28b-36), relata que Jesus nos ensina o valor da oração apresentando-a como manifestação de Deus. A mesma tem efeito capaz de transformar o orante; Jesus transfigurou-se durante a oração na montanha, ir à montanha é envolver-se com as realidades do céu. Tomado por uma luz, ele revela a lei de Deus e sua importância presente em Moisés e Elias, seus assistentes nesse momento. Revestidos de glória conversam com Jesus sobre o seu sofrido destino em Jerusalém, sua morte de cruz.
              É no sofrimento de Jesus que Deus atualizará a Antiga Aliança feita com Abrão, eles receberiam terra do Egito ao Eufrates, (1ª leituta Gn 15) agora em Jesus teremos a salvação, a eternidade. Nesse momento solene três discípulos de Jesus se faziam presente: Pedro,  Tiago e João. 
                  Enquanto Jesus mostrava ao mundo o poder sobrenatural da oração os discípulos dormiam, nisto percebemos que aqueles que não tem uma vida de oração é como um sonolento, não tem força para despertar. Por graça de Deus neste momento eles despertam e presenciam Moisés e Elias conversando com Jesus. Pedro descreve a sensação deste momento "Mestre é bom estarmos aqui, vamos fazer três tendas, uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias", com esta atitude Pedro deseja que o céu exista aqui na terra porém, o céu é uma realidade invisível que vem até nós quando entramos em oração. Uma nuvem encobriu-os com sua sombra e lhes comunicou "Este é meu filho, o escolhido. Escutai o que ele diz".
                 Percebemos que a escuta acontece quando o céu nos cobre, isto é fruto de uma intensa vida de oração. São Paulo, na 2ª leitura (Fl 3, 17) nos lembra, que Cristo é o nosso salvador, aqueles que são inimigos da cruz de Cristo terão a perdição, seu deus é o estomago, só pensam nas coisas terrestres, clara compreensão daqueles que não tem vida de oração. Devemos imitar o exemplo da oração feita na montanha, subamos ao céu sem deixar a terra, sejamos como alguém que já encontrou sua cidadania no céu. Jesus Cristo nosso Salvador é nossa luz, nossa salvação. "Ele transformará nosso corpo humilhado e o tornará igual ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas" (Fl 3-21).

Pe. Antonio Gouveia



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

SACRIFÍCIO DE AMOR

                Nosso Senhor Jesus Cristo tem muitos modos de nos encontrar, um deles é sua constante, santa presença presença na Eucaristia, o caminho para esse encontro é a santa missa "Nunca língua humana pode enumerar os favores que se correlacionam ao Sacrifício da Missa. O pecador se reconcilia com Deus; o homem justo se faz ainda mais reto; os pecados são perdoados; os vícios eliminados; a virtude e o mérito crescem, e os estratagemas do demônio são frustrados." (São Lorenzo Justino). 
       Nesse ato santo, a alma é alimentada, na palavra proclamada e no sagrado pão e vinho uma vez consagrado sobrenaturalmente tornam-se receptáculos de nosso Senhor “Por meio da consagração opera-se a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo. Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, Cristo mesmo, vivo e glorioso está presente de maneira verdadeira, real e substancial, seu Corpo e seu Sangue, com sua alma e sua divindade”(CIC Parágrafo 1413) a real presença do seu filho, nosso amado salvador passa a residir nas especies material do pão e vinho que a Deus  é consagrado. Tudo é perpassando na grandeza de Jesus. "Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha" (I Cor. 11:25-26)
              Milagre grandiosíssimo esse que acontece dentro da santa missa. Tão agradável é para o Senhor a santa missa, que seu próprio filho Jesus Cristo único eterno Sacerdote a celebra generosamente, doando-se no agir piedoso da Igreja, na simplicidade sacerdotal, na adoração do povo que também celebra a gratuidade de Deus. "Eu sou o pão da vida. O que vem a mim, não sentirá fome, o que crê em mim nunca terá sede" (Jo 6, 35). Para nutrir, conservar todos unidos com Onipotência, Onipresença, Onisciência de Deus, Cristo se faz aliança no sacrifício de amor assim redime o ser humano, mundo mergulhado no pecado, "Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação." (I Coríntios 11:27-29)
             Diante desse grande gesto de profunda misericórdia do Criador cabe a criatura de forma contrita examinar na vivencia espiritual o desejo, necessidade de buscar na mesa sagrada o corpo e sangue de Jesus, vida eterna, que redime a culpa e nutre a vida espiritual. “Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos para se conservarem perfeitos, e os imperfeitos para chegarem à perfeição” (São Francisco de Sales).
              Cristo é para sempre elevado, ofertado a Deus como ação de graças, doado por Deus em favor do seu povo, ele mesmo nos eleva, nos oferta para Deus gerando comunhão, é a invasão da santidade destruindo o pecado, restabelecendo o pecador, é antes de tudo um ato de fé, esperança e caridade entre terra e céu, é o desfrutar de graças tão profundas que cura liberta, renova. É banquete de amor, com amor, no amor tudo acontece por Cristo com Cristo em Cristo.
"Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22, 19-20) a solenidade desse momento é permeado de verdades, o próprio verbo proclama e santifica "isto é o meu corpo, isto é o meu sangue derramado por vós" na liberdade no servir, Cristo dar-se generosamente. De uma vez por todas os sacrifícios antigos perdem o seu valor, é agora o cordeiro de Deus, "Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo" (João, 1:29) manso, humilde, obediente, doa vida ao mundo no sacrifício da cruz, e no sacrifício do altar eucarístico “A devoção à eucaristia é a mais nobre de todas as devoções, porque tem o próprio Deus por objeto; é a mais salutar porque nos dá o próprio autor da graça; é a mais suave, pois suave é o Senhor” (S. Pio X).
          Graças a ti amado Jesus recebemos no banquete sagrado o pão da vida eterna. Sempre e em todo momento se de graças e louvores ao santíssimo e diviníssimo sacramento.

Pe. Antonio Gouveia

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A CRUZ

                  Protestantes divergem muito a respeito da imagem da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Um ramo do protestantismo utiliza a cruz, mas vazia; outras, nem isso o fazem. A justificativa seria a de que Cristo não está morto, mas ressuscitado. Francamente, como se a Igreja Católica tivesse nascido ontem e não soubesse disso.
Mas enfim, o próprio Cristo disse que não há ressurreição se não passar pela cruz antes, e que quem quisesse o seguir, deveria renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz e depois, segui-Lo. A mensagem da cruz é muito mais profunda do que se imagina.
           O apóstolo Paulo, em suas cartas, pregava Cristo crucificado. Vejamos: “Nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos, mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, ele é Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”. (I Coríntios 1, 23-24).
Será que Paulo não sabia que Jesus tinha ressuscitado? Segundo os protestantes, Paulo não devia estar inspirado pelo Espirito Santo. Ora, Paulo sabia muito bem do que estava falando, se hoje estivesse vivo, diria ainda: “escândalo para os judeus, e loucura para os pagãos e protestantes”Mas por que será que o apóstolo disse que pregava Cristo crucificado, não ressuscitado? São Paulo explica a linguagem da cruz e seu significado:“Com efeito, a linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que estão sendo salvos, para nós, ela é poder de Deus. Pois, está escrito; eu destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes”. (I Coríntios 1, 18-20).
               Viram? Ela é poder de Deus. Satanás teme a cruz do Senhor, porque ela é o próprio Jesus, que derrotou o pecado e a morte. Foi pela cruz que Jesus nos redimiu do pecado e nos deu a salvação. Antes era sinal de maldição, agora é sinal de poder de Deus, de vitória sobre o diabo. E vai mais além: “Eu, por mim, nunca vou querer outro titulo de glória que não seja a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por ela, o mundo está crucificado para mim, como eu para o mundo”. (Gálatas 6, 14)
           A cruz é a expressão monumental do triunfo do glorioso cristianismo é o logotipo da santíssima fé vitoriosa. A cruz é o marco central do amor da redenção humana pela graça do bom Deus. A mensagem mais poderosa do mundo é a proclamação da cruz de Cristo. É o maior escândalo e a maior loucura para os incrédulos. “Quem não procura a cruz de Cristo, não procura a glória de Cristo”. São João da Cruz (1542-1591). Irmãos protestantes, não fujam da Cruz de Cristo, nem de Cristo crucificado (foi o próprio apóstolo Paulo quem pregou-o assim), pois quem foge da Cruz é o diabo, porque ele foi derrotado por ela!.
Tirado de internet, fé explicada.

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 13 de fevereiro de 2016

NÃO CEDEMOS, COM CRISTO VENCEREMOS!



O santo evangelho (Lc. 4,1-13) descreve Jesus em sua quaresma pessoal. Conduzido pelo Espírito, após o batismo ao deserto, foi tentado pelo diabo "o mal não está em ser tentado, está em ser vencido" (Pe. Antonio Vieira) deserto, lugar de uma de experiência, com a vida, com Deus, aí Jesus enfrenta e vence o mal, personificado no diabo. Em oração, amparado pelo jejum de quarenta dias, noites, medita sobre o amor que Deus depositou em seu coração, decide entregar-se em favor da humanidade, dar ao mundo a maior prova de seu amor, redimir a humanidade, vencer o mal.
O diabo antagonista de Deus, o tentador, nada pode mas tenta, em vários relatos ele destilou se mal, Jó foi tentado pelo anjo do mal satanás, Eva, Caim... No evangelho ele lança o seu ódio contra o amor de Deus Jesus Cristo. Ousado investe com três proposta. "se és filho de Deus manda que estas pedras se transformem em pães" nesta primeira, duas tentações "se és filho de Deus", quer por duvidas na filiação divina que habita em Jesus. Fiquemos atentos, esta é a primeira tentação contra o ser humano, em momentos de dificuldades, revoltado questiona, será que sou mesmo filho de Deus? porque estou sofrendo? "que estas pedras se transformem em pães" é uma tentação que tem afastado muita gente de Deus, quando não acontece o milagre fácil, Deus não serve, são pessoas que não querem compromisso. Pedras transformadas em pães! é bom sabermos que Deus não é mágico. 
Recorrendo às escrituras Jesus dispensa satanás: "está escrito não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus" é o sopro da vida, que Deus agrega no homem feito do pó da terra, é o poder de Deus que habita em nós através do fiat pronunciado por Deus, no barro, pó da terra. É no pó, ou seja no homem carnal que diabo lança seu veneno. 
Como tentador (aquele que nada pode) o diabo não desiste, numa segunda investida, mostra a Jesus todos os reinos da terra; "Eu te darei todo poder e toda gloria, tudo isso mim, dou a quem quiser será teu se ti prostrares diante de mim em adoração" adorarás o senhor teu Deus só a ele servirás, o diabo corroído de inveja deseja ser adorado. Em uma terceira investida leva Jesus a parte mais alta do templo, o desafia "Se és filho de Deus, atira-te daqui para baixo, diz as escrituras os anjos venham socorre-lo,  eles te guardam, te leva nas mãos, para que não tropeces" esta tentação questiona, coragem, foi o que a serpente fez com Adão e Eva, ao comerem o fruto proibido, tropeçaram, caíram, perderam o paraíso. Cristo desarmando satanás falou com autoridade "a escritura diz não tentarás o senhor teu Deus" falava dele próprio, que é tão Deus quanto o Pai que o criou, tudo está debaixo de seu poder até mesmo satanás, ele só age no espaço que Deus permite.
Destruído, fracassado, o diabo retirou-se. Adão e Eva se deixaram enganar pelo diabo, disfarçado de serpente. Jesus Cristo, o derrota, quando o mesmo se disfarçou em anjo. A palavra satanás aparece cinquenta e nove vezes na bíblia. Vinte e trés no A.T. Trinta e seis no, N.T. O nome demônio trinta e nove vezes, tão grande é a sua insistência em seduzir o ser humano ao mal, ele é opositor de Deus, não se cansa de incidir contra tudo e todos. "vistam a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo" (Ef-6,11). Que nesta quaresma passemos a conhecer de forma mais profunda Jesus Cristo e com uma vida de santidade amá-lo, pois com ele venceremos todas as tentações.
Pe. Antonio Gouveia







quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

KAIROS, TEMPO DE MISERICORDIA

       A quaresma, é um tempo de profunda espiritualidade, que a igreja oferece aos seus filhos, a fim de que possam viver uma experiência de santidade, a mesma propõe, convida todos, à reconciliação consigo, com Deus, com o próximo. O desejo da santa mãe Igreja é conduzir, preparar o povo de Deus para a páscoa, passagem para uma vida de serviço,comunhão e santidade.
     Como retiro espiritual, a quaresma pede quatro praticas de fé: jejum, oração, penitência, caridade. Contemplamos o mistério eterno e bondoso de Deus pai, que veio fazer morada no nosso meio, através da virgem Maria, escolhida por Deus, abraçada pelo Espírito Santo, gerou com caridade, nosso salvador Jesus Cristo, a partir do nascimento, morte e ressurreição do filho de Deus, entramos no mistério amoroso da pai, recebendo graças sobre graças.
     A palavra quaresma, vem do forte simbolismo do numero quarenta, "trata-se de um numero que exprime o tempo da expectativa, de purificação, do regresso ao senhor e da consciência de que Deus é fiel ás suas promessas" (Bento XVI) que nos remete ao longo caminho percorrido em busca de Deus, experiência vivenciada por muitos na história da salvação:
  • Os quarenta dias do diluvio, que purificou a terra, por vontade de Deus surge uma nova terra. 
  • Por quarenta anos caminhou o povo de Deus em busca da terra prometida. 
  • O profeta Elias, leva quarenta dias, para chegar ao monte Horeb, lá encontra-se com Deus (1 Rs-19,8)
  • O povo de Nínive faz penitência por quarenta dias para receber o perdão de Deus. (Gn-3,4) 
  • Jesus foi levado ao templo quarenta dias após seu nascimento (Lc 2,22). 
  • Depois da ressurreição Jesus permanece quarenta dias  no meio dos discípulos (At-31,3) 
  • O próprio Jesus Cristo, realiza a sua quaresma, no silêncio, que é o deserto, com jejum e oração. 
        A quaresma, não é só um tempo cronológico: tempo medido, mas, é um kairós de Deus oferecido com amor à todos. A igreja abre as portas de sua  rica experiência, convidando-nos para essa mística, com uma chamada para o ser humano, a mesma nos alerta lutarmos contra o pecado, revestindo-nos com a oração, conversão, penitência e caridade, tudo começa com a celebração da humildade, a celebração das cinzas, momento forte que abre a quaresma para todos, confrontando o ser humano com sua fraqueza "Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás" (Gn.3-19
        A fragilidade humana sujeita a morte, é socorrida com a luz, o poder da verdade de Deus. Vivamos este kairós que a Igreja nos disponibiliza, o tempo de Deus, o momento oportuno, momento supremo para em Cristo deixarmos a nossa fraqueza e mortalidade serem revestidas pela a misericórdia de Deus.

Pe. Antonio Gouveia

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

SEJAMOS ATENTOS ÀS PALAVRAS DE JESUS

                O evangelho (Lc.-5,1-11) do quinto domingo T.C-ano-C é uma narrativa de são Lucas, antioquino, medico, grande amigo, colaborador de Paulo, foi ele quem escreveu o terceiro evangelho lá pelos anos oitenta depois de Cristo, escreveu também atos dos apóstolos, dele temos as primeiras informações da Igreja, escreveu em especial para os pagãos raça excluída do templo.
                 O relato do evangelho de hoje dá-se às margens do lago de Genesaré lugar de intenso movimento, de lá saiam peixes para abastecer Jerusalém e Roma. Naquele dia em especial as margens estavam repletas de gente, pois Jesus estava a falar, é o começo de sua vida publica, enquanto seus ensinamentos divino abastecia de sabedoria almas sedentas, os pescadores estavam lavando suas redes, guardando seus objetos de pescas, desembarcando de uma fracassada noite de pescaria. Duas barcas ancoradas na praia, uma delas de Pedro, experiente pescador, homem destemido, tantas vezes enfrentara o bravo mar. 
               Jesus escolheu a barca de Simão, aquele que mais tarde será chamado por Jesus de Pedro à ele confiará sua obra prima, a Igreja. "Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus.”(Mt-16,18-20)
           Na barca, afastado das margens, sentado Jesus ensinava a multidão. Essa descrição mostra o agir da Igreja, sua vocação, seu magistério, ela é Mãe, Mestra da humanidade. Jesus sentado simboliza sua soberania, ele Sede de toda Sabedoria, Legislador, Pai da Igreja. A barca perfeita imagem da mesma navegando nos mares da humanidade "Avança para as águas mais profunda, lançai vossas redes para a pesca" ordena Jesus. Pedro Lembrando-se da pesca pífia da noite anterior, mas obediente a Jesus "Em atenção a tua palavra vou lançar as redes". Obedecer é uma capacidade que habita na alma dos humildes. Deu certo! tantos foram os peixes, as redes não deram conta. Eis o fruto da obediência! Pedro reconhece,assustado, sua pequenez, jogando-se aos pés de Jesus clama "Senhor afasta-te de mim, porque sou um pecador" Tiago, João, presenciaram o acontecido abismaram-se com o poder de Jesus. Alegremo-nos, Jesus veio ao mundo para acolher pecadores, dar-lhes esperança, coragem. Mergulhemos no profundo de nosso ser, tiremos daí o sustento para uma vida de santidade. "Não tenhas medo! de hoje em diante tu serás pescador de homens", tomados de suprema alegria, invadidos pela certeza que alimentava suas almas, deixaram, tudo, seguiram Jesus.
             Somos a Igreja peregrina no turbulento mar da humanidade, saibamos ouvir Cristo ele fala conosco, só ele é capaz de acalmar as tempestades do nosso mundo, o sigamos, respondamos "Aqui estou! envia-me" estou atento às tuas palavras.

Pe. Antonio Gouveia