quinta-feira, 30 de maio de 2013

DAVI O FALHO.

                       O nome Davi é hebraico,  significa: Querido, Amado, foi um guerreiro, diplomata, músico, rei, poeta, nasceu no ano 1040 A.C. e morre 970 A.C. aos 70 anos? Os relatos que trazem informações sobre a sua vida, constam na bíblia  no antigo testamento, nos livros de: Samuel, 1Reis, 1 Cronicas, a partir dessas fontes sabemos que ele foi filho caçula de Jessé da tribo de Judá, nasceu em Belém, é o oitavo filho, corajoso pois livrou o rebanho de seu pai Jessé de ser atacado por um urso, depois de impedir de ser comidos por um leão,"o senhor mim livrou das garras do leão e das do urso" (1 Sm. 17;37) Mas ficou famoso quando defendeu os Israelitas dos Filisteus, tornou-se rei sucedendo Saul o primeiro rei de Israel, conquistou Jerusalém, unificou o reino de Israel.
                    O nome Davi aparece 1.139 vezes na bíblia, consta que era de uma bela aparência,  tocava harpa na corte do rei Saul, este era atormentado por um espírito mal e se acalmava quando Davi tocava harpa. Venceu o gigante Golias com uma pedrada, mesmo tendo o corpo franzino, por causa deste feito casa-se com a filha do rei Saul,  é isento dos imposto. Davi luta com o leão, o urso derrota golias o gigante mas não consegue enfrentar a si mesmo, frequentemente o pecado lhe derruba.
                 Com a morte do sogro Saul, governa Judá, torna-se depois rei de toda a  Israel, leva a famosa Arca da Aliança para Jerusalém,  tornando-a capital,  o centro religioso do mundo antigo, o mesmo é ungido pelo profeta Samuel.
                    O Novo Testamento, diz que Jesus é descendente de Davi, ao afirmar que ele é filho de José da tribo de Davi. Davi, um homem extremamente humano, escolhido por Deus, mas cheio de pecado, muitas foram suas quedas, porém registramos em sua vida belas passagens de profundo arrependimento, uma constante busca do perdão de Deus, homem de profunda alegria chegando a dançar diante da arca" Ao entrar a arca do senhor na cidade da Davi Micol filha de Saul, olhando pela a janela ve o rei Davi saltando e dançando diante do Senhor", (2Sm 6, 16) este homem capaz de construir sólidas amizades como a que teve por Jonatas filho de Saul, "Angustiado por ti, meu irmão Jonatas: quão amabilíssimo me eras! mais maravilhoso me era o teu amor, do que o amor das mulheres". (2Sm 1, 26), teve várias mulheres, mas uma lhe fez cair em grave pecado,  Betsaba, mulher de um de seus homens de confiança Urias, Davi se viu encantado por esta, quando a vê tomando banho, com a mesma comete adultério, sendo ela casada,   ficando grávida de Davi. Surge na mente fraca do mesmo um plano para tirar Urias do seu caminho, ele pede que, faça frente a uma batalha e nesta  Urias morre, deixando  viúva Betsaba.
                    Davi fica livre para casar-se com ela, o filho fruto deste adultério já nasce doente,  morre sete dias depois, causando grande dor e profundo arrependimento a Davi, como se não bastasse esse pecado de adultério, Davi foi também um pai ausente com relação a educação de seus filhos, por exemplo: não repreendeu a Amenon seu filho primogênito que abusou de sua meia irmã Tamar "Angustiou-se Amenon por sua irmã Tamar a ponto de adoecer" (2Sm 3,2). Absalão outro filho de Davi mata Amenon pelo acontecido com sua irmã,  mais tarde toma o reinado de seu pai.
                    O conflito entre pai e filho só termina quando Joabe mata Absalão,  Davi tem o trono de volta,  teve vários filhos,  várias mulheres. Os filhos de Davi nascidos em Hebrom: Amenon, Quileabe, Absalão, Adonias, Sefatias, Itreão; os filhos de Davi nascidos em Jerusalém: Samua, Sobater, Natan, Salomão, Ibar, Elizua, Nefequer, Javiá, Elisama, Eliada, Elifelete.
                    O seu período de reinado foi extenso, quarenta anos em Israel, sete anos em Hebrom, trinta e três anos em Jerusalém. Durante a sua vida foi tentado a romper com Deus, achando-se alto-suficiente; morre em velhice, desfrutou de uma vida longa com riquezas,  honras, Salomão foi o filho que lhe sucedeu.
                    É percebido nos salmos, que são um conjunto de poesias religiosas atribuídas à Davi, para Deus, o tamanho de sua fé. As quedas, fracassos, mostram  sobretudo a sua confiança em Deus pois é sempre erquido. A história de Davi é a história do homem que atravessa as situações de pecado, mas, possui um arrependimento sincero, de coração, necessitando de Deus o busca com todo ardor,  arrependimento, esta imagem está presente no salmo 23 quando ele atribui à Deus o título de Bom Pastor, pois o mesmo recebeu os cuidados e a bondade de Deus.
Pe. Antonio Gouveia

sábado, 25 de maio de 2013

QUANDO SE TROCA O TUDO PELO NADA

                         Os relatos registrados na bíblia descrevem fatos, acontecimentos, dos seres humanos que buscam à Deus, meio ao cair e levantar-se, derrotas e conquistas, é neste ambiente que Deus intervem com sua força de criador, como nos ensina São Paulo em (1Cor 15,46), "Mas não é primeiro o espírito e sim o animal  depois o espiritual".
                Ao socorrer-nos em nossa fraqueza, somos reanimados no espírito, Deus vem ao encontro de nossa fragilidade, vem para caminhar conosco nas encruzilhadas da vida. Os fatos registrados nas Sagradas Escrituras,  vivenciados por personagens que experimentam a ação de Deus no dia-a-dia, devem ser compreendidos, vistos com o olhar da fé, só dessa forma podemos sentir, entender o agir de Deus nos comunicando o seu amor, pois é somente para a pessoa que Deus fala, o seu modo de operar vai ser entre as pessoas, envolvendo as pessoas, eu, tu, ele, nós, a comunidade humana.    
                    Entre  tantos acontecimentos descritos na bíblia, temos o relato de uma família que aparece no livro de genesis, o livro das origens do mundo, da humanidade. A citada família é composta por Isaac e  Rebeca sua esposa, seus dois filhos Esaú e Jacó. Não podendo ter filhos, Isaac e Rebeca fazem um pedido orante à Deus para os  terem; Deus os ouviu,  ela gerou gemeos, porém já no ventre de Rebeca os dois brigavam entre si, isto para dizer à nós que na origem a humanidade já está em conflito.
                 O primeiro a nascer foi Esaú cujo nome significa peludo, era tido como ruivo (avermelhado mais para o moreno) por isso tinha o apelido de Edom que quer dizer vermelho da cor da terra. Este era o preferido de seu pai Isac. O segundo filho a nascer foi Jacó, que segurou o calcanhar do primeiro  como que querendo evitar seu nascimento.
                 O nome Jaco significa suplantador, usurpador. Ambos eram diferentes no físico e no caráter; Esaú tornou-se caçador, era grosseiro, dado à festas e orgias, materialista, buscava o prazer pelo prazer, mas era o preferido de seu pai, pois trazia carne de caça para sustentar a casa. Jacó era bondoso, refinado, manso,  caseiro, o preferido de sua mãe Rebeca, por ser o segundo a nascer não tinha a benção primogenita do pai, que por direito esta benção pertencia a Esaú, ele ocuparia o lugar do pai, esta realidade entristecia a Jacó, o mesmo sentia-se humilhado.
                 A partir desses fatos a vida desta família fica dividida, filhos divididos, o pai Isac prefere Esaú, a mãe Rebeca prefere Jacó. Não é o primeiro conflito familiar, pois os filhos do casal Adão e Eva conhecidos como Caim e Abel brigavam entre si , neste caso houve o fratricídio, o primeiro da terra. Será que a história se repete em Esaú e Jacó?. Se na primeira família o invejoso  era Caim, na família de Isac e Rebeca, o invejoso é Jacó, por causa da progenitura que repousava em Esaú o preferido do pai,desprezava  a jacó.
                 A desavença entre os dois, deve ser compreendida como a desavença da humanidade, sobretudo entre duas nações, dois povos distintos que se originam de cada um dos irmãos. Os Edomitas cuja origem é Esaú e os Israelitas cuja origem é Jacó, não são dois irmãos em conflito, mas a humanidade marcada por guerras, prepotências, invejas. O desfecho desta desunião se dá quando Esaú, tomado pela fome sente-se dominado por um prato de lentilha preparado pelo caseiro Jacó, que troca o seu prato de comida pelos direitos que residia na primogenitura de Esaú. O que fica de lição para nós? O forte peludo, robusto Esaú se torna frágil,  pequeno diante da fome, não tem disciplina para enfrentar esta situação, cego não observa a grandeza da benção, o amor do pai, abre mão de valores espirituais, divinos, para sanar a fome.
                 O delicado Jacó, é o contrário, apresenta-se forte nesse momento, reconhece a grandeza,  o valor da benção e cede o seu alimento para ter algo maior do que um  prato de lentilha, é com esta moeda que Jacó conquista a benção. No futuro vamos ter um comportamento de fraqueza presente em Judas, que vende a confiança,  o amor que tinha por Cristo, olhando bem para Esaú,  Caim e para Judas, devemos tomar cuidado para não abrirmos mão das coisas de Deus, trocá-las por banalidades a ponto de perder a nossa filiação divina, não há nada neste mundo comparável ao que Deus reserva para nós. São Paulo na carta aos Hebreus, enriquece o seu discurso catequético usando o acontecido com Esaú, "Que não haja entre vós  ninguém sensual, mem profanador como  Esaú que, por um prato de comida, vendeu  seu direito de primogenitura" (Hb 12,16).
                  Jacó ajudado pela mãe Rebeca, conquista a benção que Deus concedeu a Esaú, benção que  o mesmo não quis, enquanto Esaú caçava, Rebeca orienta que Jacó faça um cozido, leve ao pai moribundo  que cubra sua mão com pelo de cabra, a estenda em direção do pai, para que ele o toque e veja que é peludo como Isac, e assim lhe abençoe. 
                 Enganado o pai moribundo abençoa Jacó, pensando que é Esaú, depois da benção concedida, não pode ser retirada; ao saber disto Esaú se revolta, promete matar Jacó, este foge, trabalha sete anos para casar com Raquel filha de Labão, que o acolhe na fuga, mas foi enganado pelo mesmo (quem engana é enganado), recebe Léa a filha mais velha que segundo a tradição devia casar-se primeiro. Trabalha mais sete anos para depois casar-se com sua preferida Raquel. Ainda tem de lutar com o anjo que é Deus, esta luta representa a prepotência, a arrogância humana que quer medir força com Deus, querendo muitas vezes caminhar à distância do mesmo, é o combate espiritual do homem com o divino.
                  Jacó foi ferido na coxa, ficou manco, com este fato, compreendemos que Deus determina o caminhar humano, depois disso foi abençoado por Deus,  recebe um novo nome ISRAEL e gera doze filhos: Ruben, Semeão, Levi, Judá, Zebulon, Issacar, Dan, Gade, Asser, Jose, Efraim e Nafatali, origina as doze tribos e Israel; Esaú casa-se com tres esposas: Ada, Oolibama, Bassemate e gera cinco filhos: Elefazer, Jeus, Jalão, Coré, Revel. Os dois irmãos depois de muitos conflitos se encontram se perdoam, fazem as pazes.
                  Assim é a história dos povos, das nações, de todas a humanidade, cair, levantar, brigar, perdoar, mas sobretudo observar as oportunidades e não desperdiçá-las como fez o caseiro e sensível Jacó, preferido por Deus.    Esaú despezou de forma torpe, vulgar, os valores  divinos de sua progenitura. Busquemos á Deus com fervor, com  fé  para que os nossos instintos selvagens sejam abrandados,  que Deus nos dê sabedoria, conhecimento para abraçarmos as realidades celestes, divinas. Diante desta história com quem parecemos mais???

Pe. Antonio Gouveia

quinta-feira, 23 de maio de 2013

NOSSOS IRMÃOS PRIMOGÊNITOS

                 O homem conheceu Eva a mulher,  ela concebeu e deu  luz à Caim dizendo:"Ganhei um homem com a ajuda do Senhor". (Gn 4, 1). Este fato aconteceu logo depois em que Adão e Eva foram expulsos do paraíso, "E o Senhor Deus mandou para fora do jardim do Edem a fim de cultivar o solo de que fôra tirado tendo expulso o homem, colocou diante do jardim do Edem os Qerubins com cintilar da espada fulgurante para guardar o caminho da árvore da vida" (Gn 3, 23), depois geraram filhos.              

          Os nomes dos filhos de Adão e Eva foram: Caim, cujo nome em hebraico está relacionado a ferro, lança; em seguida teve Abel nome que é iqual a  vento, sopro, hálito; depois foi lhe concedido Set, que quer dizer o indicado . Caim é a impiedade duro como o ferro, o primeiro a nascer, gerado na culpa, no pecado da desobediência cometido por seus pais no paraíso. "Eis que em iniquidade eu fui formado e em pecado mem comcebeu  a minha mãe", (Sl 51,50). No mesmo temos a representação da matéria, pó, terra, vaidade, inveja, ciúme e morte; tinha como ocupação lavrar a terra, de onde lhe vem a maldição pelo fato de ter matado seu irmão, "Agora serás amaldiçoado pela própria terra que engoliu o sangue de teu irmão derramado por ti, serás um fugitivo errante sobre a terra". (Gn 4, 11). Abel o segundo filho é o homem espiritual livre como o vento, o homem da fé, revestido de uma mística direcionada à Deus, esse comportamento de Abel será herdado por Set seu irmão.
                  O primeiro fratricídio (irmão que mata irmão) acontece entre esses dois filhos de Deus, predecessores nossos , o motivo é a inveja que habita no que é terreno portanto em Caim.  Este sentimento cega a pessoa  inpedindo de não ver no outro a humanidade que reside em si mesmo, ainda que corrompida.
                  Ovídio, poeta latino 43-17 A.C. escreve: "A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol, nenhum vento o atravessa; ali reina a tristeza, é fria, jamais se ascende o fogo, há sempre trevas espessas".
                  Caim e Abel, devem serem vistos como fonte de conhecimento para o ser humano, união das   duas naturezas que formam o todo , corpo e alma; Abel o puro que representa o espírito, a obediência , a devoção; Caim a rebeldia, a fúria, a matéria, os dois formam o mistério humano entrelaçados, inseparáveis, a força igualitária da matéria, e do espírito presente em todo homem; Caim é a consequência da desobediência, Abel a busca do religar-se a Deus. 
                  Podemos nos ver refletidos nesses dois irmãos que abrigam entre si, o fraco representado na morte de Abel, o vencido, o pequeno que é engrandecido por Deus "e digo-vos, amigos meus; não temais a quem mata o corpo e depois não tem mais o que fazer", (Lc 12-4), que aceita a sua oferta, o sacrifício de um animal feito com com derramamento de sangue, símbolo da própria vida, perfeita doação à Deus, pois tudo à Ele pertence, o sacrifício de Abel aceito por Deus pai, já indica outro sacrifício que acontecerá no futuro quando o Cordeiro de Deus Jesus Cristo derramará  seu sangue gerando redenção no sacrifío da cruz. Ao contrário da oferta "sacrifício de Caim" , que tira da terra os frutos com esforço, trabalho , suor,  os oferece à Deus, é um sacrifício meramente carnal, portanto revestido do egoísmo, da prepotência, sem vida por isso Deus não aceita, não basta apenas o nosso esforço para conseguirmos a salvação é necessário a graça que vem de Deus, o sacrifício de Caim não é completo, por ser alto-suficiente, aqui reside a causa da inveja do descontentamento de Caim para com Abel que termina em asasinato, "Caim disse a Abel, o irmão: Vamos para o campo! Mas quando estavam no campo, Caim agrediu o irmão Abel e o matou". (Gn 4,8).
                  O campo é um lugar distante, escondido, o degredo, a própria terra, distante da justiça de Deus, entregue à fúria terrena, é essa a luta humana marcada por invejas, rancores, inferioridades, competições, pois diante destas atitudes aparece a grandeza simbolizado em Abel motivo e raiz da inveja, na mesma está a origem de toda ruína humana.
                  O drama vivido pela família primogênita demonstra a insegurança humana sobretudo quando tem ao seu dispor, para o seu próprio bem todo poder, todo benefício, vemos isso claramente quando Adão e Eva parecem cansados de desfrutarem do paraíso, desobedecem à Deus, saboreando o fruto da árvore do bem e do mal, rompem com a proteção do paraíso,  com seus deleites, mas em compensação instigados pela curiosidade apresentada no "não pode" de Deus, passam a inaugurar na existência humana o método da experiência; se perderam o paraíso, ganharam a condição humana com todos os seus desafios. A partir desse fato a humanidade representada em Adão e Eva constroi a história, trilham seu próprio caminho, entre quedas, tropeços, lagrimas, cansaços, mostrou para todos que a vida é uma experiência de descobertas,dificuldades e também de superação.
                  Deus aceita, cobre os seus filhos com liberdade, ainda que em sofrimentos, perdas, humilhações, os assiste, os socorre, os ama profundamente, assim começa a história humana, com desobediências, fratricídios, invejas, tudo bem localizado no agir humano, sujeito da história. No ser de cada pessoa, há um misto: de coragem,  medo, fraqueza,  fortaleza, santidade, pecado, cair e levantar-se, arrependimento,culpa um Caim,  um Abel, mas somente em um há salvação, remissão dos pecados e vida eterna, tudo isso repousa em Jesus o filho de Deus que abraçou na cruz, a condenação; todo existencialismo humano presente em Caim e Abel.

Pe. Antonio Gouveia                 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

SACRAMENTOS

                 
                     Os sacramentos, são sete momentos santos que marcam a vida dos filhos e filhas de Deus, sete sinais que o amor de  Deus em sua infinitude bonissíma confiou à Igreja Católica Apostólica, afim de que a mesma os destinassem aos seus filhos. Porque sete?, este número  cheio de significados é usado para nos mostrar o agir de Deus desde a criação do mundo. Pois sabemos que em sete dias Deus se manifestou com sua benção criativa trazendo o mundo á existencia, Jesus Cristo vai nos pedir para perdoarmos setenta vezes sete, sabemos que o Espírito Santo nos enriquece com os seus sete dons,  se existe sete pecados capitais sete são as virtudes, assim como sete são as notas musicais que alegra , traz beleza acalmando a alma, por este e outros motivos o número sete está associado a bondade, a misericórdia de Deus que vem até nós de vários modos, também através dos sete sacramentos, os mesmos estão relacionados com a nossa vida. Estes sinais fazem bem,  aos que os  recebem edificando-os de forma sobrenatural, por força e mistério divino, ilumina , fortifica o íntimo da vida cristã, familiarizando-os com a igreja.
                     Nascidos do próprio poder de Deus, é a própria misericórdia de Deus, pois os mesmos contém a graça de Deus, fazem com que, os que são marcados recebam, participem ativamente do poder vivificante de Deus. Os sacramentos trazem em si três elementos: a matéria, forma e graça. Os três primeiros sacramentos nos une a Cristo diretamente, gerando naqueles que os recebem o início da vida cristã: batismo, eucaristia, confirmação. Dois destes sinais caritativos de Deus nos dá o dom da cura: penitência, unção dos enfermos. Os outros dois nos insere na vivência do serviço e da comunhão com Deus, também com a comunidade: ordem, matrimônio.
                     Com o sacramento do batismo, acontece o nosso nascimento na graça de Deus (Jo 3, 5),  nos tornamos membros do Cristo. A matéria deste sacramento é a água que lava, purifica aqueles que se deixam mergulhar no nascimento espiritual. A forma deste sacramento são as palavras trinitária proferidas no momento do batismo por quem realiza o ato: o padre, o diácono ou ministro "Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". A graça conferida por este sacramento é a nossa filiação divina,  o mesmo apaga o pecado original.
                     Eucaristia, a matéria deste sacramento é o pão e o vinho que uma vez consagrado pelo padre, recebem a presença vivificante do Cristo em corpo e sangue. A forma é: Este é o meu corpo para o pão e este é o meu sangue para o vinho,A graça deste sacramento é a própria presença do Cristo que nos alimenta (Lc 22, 19)..
                     Confirmação, a materia desse  sacramento é o óleo sagrado. A forma é proferida pelo Bispo "Eu te marco com o sinal da cruz e te confirmo na fé". A graça deste sacramento é o nosso crescimento espiritual, a responsabilidade de sermos construtores do reino de Deus (Atos 8, 12-17)
                     Penitência (confissão) nos restabelece, cura-nos, das conseqüências maléficas do pecado. A matéria deste sacramento são os pecados confessados verbalmente pelo pecador, além de um sincero arrependimento, a forte intenção de não mais pecar. A forma deste sacramento é pronunciada pelo padre; "Eu te absolvo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". A graça deste momento é o próprio perdão dos pecados confessados (Atos 19, 18).
                     Unção dos enfermos, este sacramento nos reabilita corporal e espiritual em Jesus Cristo. A matéria deste sacramento é o óleo. A forma é proferida pelo padre "Por esta unção o Senhor Deus misericordioso, perdoe os teus pecados e te cure" , o óleo santo é aplicado em forma de unção, nas mãos, no peito, nos lábios, nos pés. A graça deste sacramento é animar a pessoa que está em estado grave por doença ou velhice, a uma coragem cristã,  e nos seus dias seja coroada de forma piedosa com este momento que prepara a alma para o céu. (Tg 5, 14-15).
                     A ordem,  o sacramento que confere àquele que o recebe, um profundo laço de união com Cristo sacerdote no serviço da igreja. Este sacramento confere os três graus da ordem do serviço evangélico eclesial: Diaconato, Sacerdócio, Episcopado. A matéria deste sacramento é a imposição de mãos feita pelo bispo ordenante. A forma é a oração consacratória. A graça é a íntima união do ordenado com os mistérios de Cristo: celebrar a Santa Missa, Animar as comunidades eclesiais, Educar e formar o povo de Deus, Ministrar os sacramento que são próprios ao Padre.
                     Matrimônio, o sacramento através do qual Deus convida os seres humanos a contribuírem na obra da criação. O homem e mulher na mística do amor unem-se ao mistério do Pai Criador. A matéria deste sacramento é a livre decisão dos noivos. A forma deste sacramento é o juramento dos noivos de contraírem união pelo vínculo do amor em Cristo Jesus através da igreja que os assiste. A graça deste belo sacramento é o dom de gerar vida, formar comunidades.
                      Em todos os sacramentos percebemos o convite, a nos unirmos à Cristo que nos faz filhos adotivos de Deus, os mesmos nos conferem  graça  propõem à todos os que se deixam marcar por tão belos sinais, uma vivência de santidade aqui na terra, testemunham  de forma autentica uma inabalável confiança em Deus, que com  sua força insondável nos cativa em seu amor misericordioso, afim de que se realize em nós por ação do próprio Deus, a salvação prometida.

Padre Antonio Gouveia

sábado, 18 de maio de 2013

PENTECOSTES

                   
                           As leituras da Solenidade de Pentecostes, nos apresenta o Espírito Santo continuando a obra de Jesus confiada aos apóstolos,em Atos (2,1-11),Lucas relata de forma muito viva e sobrenatural a manifestação do Espírito Santo que se apresenta de forma magnífica. Este acontecimento é a coroação, é a resposta de Deus na vida dos discípulos de Jesus. O Espírito de Deus  se manifesta em um dia exato quando os discípulos estavam reunidos, em oração.
                   O lugar, em que estavam não é apenas uma compreensão geográfica, Jerusalém, mas sim o Cristo  aquele que sofreu, morreu, ressuscitou e foi elevado aos céus, este sim, é o lugar, o espaço de vivência e convivência. Podemos compreender a disposição dos discípulos em continuar o que Jesus realizou, sobretudo as orientações deixadas por ele nos últimos cinquenta dias.
                   O céu responde e aceita a determinação dos discípulos, pois do mesmo veio um grande barulho é como se o céu apresentasse o seu contentamento, dando o aval  para os discípulos continuarem alegres a obra de Jesus. Agora com o defensor, o céu se manifesta, o vento sopra impetuosamente dando vida, encorajando-os, enchendo a casa onde os discípulos se encontravam, a casa é a imagem da igreja, inflada pelo sopro divino, confirmada no céu, iluminada com as línguas de fogo, que é a palavra proclamada vivida, e queima os ouvidos dos ouvintes, faz arder o coração, quebra as barreiras, dissipa as trevas, torna-os crentes
                   Línguas benditas, aquelas que ardendo no Espírito proclama o poder estupendo de Deus, são ouvidas por toda a multidão. O céu, o vento, o fogo, se apossam dos discípulos, é assim que devemos nos deixar levar pelo vento que sopra onde quer , ter prazer em sermos consumidos  no fogo divino, nele arder.
                   O que mais pode acontecer aos discípulos?, serão cheios, transbordarão no Espírito Santo, por isso já não falavam por si, nem o que querem,  sim o que o amor de Deus determina,  este amor divino que é o próprio Espírito Santo, os soprava palavras de fogo que envolviam a multidão presente em Jerusalém, ao ouvirem diz o texto: ficavam confusos, pois repensavam suas vidas, eram convidados a mudarem de atitudes, se converterem, esse apelo surgiu em suas próprias compreensões quando ouviram o soar da palavra de Deus, compreendida em sua própria língua, ou seja, na sua realidade humana e existencial, em suas dúvidas na busca da certeza, das trevas para a luz, da letargia para a missão, esse foi o grande milagre de Pentecostes, confrontar a pessoa consigo mesmo a partir do Espírito que nos faz recordar todo o amor de Deus.
                   Admirados, pois se deixaram seduzir, amar pelo Espírito, toda multidão compreendeu o que era proclamado pela boca dos discípulos, que com línguas de fogo, transbordavam em palavras de luz, pois só o Espírito Santo sabe falar ao íntimo de cada pessoa à partir da realidade e necessidade  de cada um, a palavra que no princípio tudo criou, organizou o caos é anunciada para todo sempre, como um facho de luz.
                   O salmo nos ajuda a entrar neste mistério é o 103 clama e pede cantando: "Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda face renovai", este refrão traduz a graça daquele momento em que os discípulos celebravam o Pentecostes. Este acontecimento renova a vida das pessoas e todos podem contemplar, experimentar os dons que são muitos chegam até nós porque Jesus é o Senhor, mas só um é o bem feitor, o doador, aquele que distribui os ministérios, que operaciona várias atividades em um Deus único, que tudo realiza, a todos se manifesta tendo em vista o bem comum, somos batizados num único Espírito para formar o corpo, igreja, saciar a nossa sede de fé, o conhecimento em Deus que derrama sobre nós  seu Espírito a fim de que possamos receber, praticar, viver a paz, como nos disse Jesus: "A paz esteja convosco", é nesta paz que ele nos envia nos dando o seu sopro, revestindo-nos com o Espírito Santo "recebei o Espírito Santo", assim temos forças para perdoar e sermos perdoados.
                  Os Judeus já celebravam a festa dos cinquenta dias para relembrarem o momento que Moisés recebeu no Monte Sinai as Tábuas da Lei, festejavam portanto a Aliança de Deus com o seu povo. Essa grande festa tinha três nomes:
  • Festa da semente (Deus provedor que nos dá o alimento).
  • Festa da colheita (Deus que faz brotar da terra o fruto cotidiano).
  • Festa das primícias (Deus que deve ser o primeiro e o único amado por nós).
em todas essas festas o poder de Deus é o fato celebrado, somente a partir do ano 333 durante o chamado período grego antes de Cristo, essa festa ganhou o nome de Pentecostes, que quer dizer cinquenta dias depois, porém permaneceu o sentido primitivo que é o de render graças à Deus pela terra, pela sua lei o decálogo.
                Os apóstolos revestidos do Espírito Santo nos cinquenta dias depois da páscoa de Jesus também rendem graças à Deus pois cabe a eles pela palavra de Deus conduzir a humanidade no amor de Cristo, fazer com que a lei de Deus seja vivida com amor por todos.

Pe. Antônio Gouveia

domingo, 12 de maio de 2013

ASCENSÃO DO SENHOR

  
                   Na festa da ascensão do Senhor, somos levados a contemplar  o Cristo que realizou a vontade do Pai aqui na terra, deu conta do recado,  ainda que passando por sofrimentos corporal e espiritual, formou missionários, semeou a sua palavra que é também a de Deus, socorreu necessitados, acolheu pecadores, deixou a igreja em plena atividade apostólica, vivenciou toda e possível experiência humana, prometeu o Espírito Santo como aquele que nos consola. Por tudo isso e muito mais subiu aos céus como nos descreve o Salmo 46, "Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque na trombeta".
                   Lucas nos lembra na 1ª leitura (Atos 1, 1-11), "Homens da Galiléia porque ficais aqui parado olhando para o céu?".É um acontecimento que deve ser compreendido de modo atemporal, teológico, somente com um olhar de fé descobriremos o sentido desse acontecido. Como Jesus devemos também fazer nossa parte aqui na terra, construirmos o reino de Deus, com a nossa luta cotidiana agir sem medo e trabalhar até que o Cristo volte do mesmo modo que subiu ao céu.
                   Que o Senhor abra a nossa vida,  faça resplandecer a sua luz em forma de esperança, assim participaremos da herança dos santos. A ascenção que está em Cristo, é a força onipotente de Deus  seu dom sobrenatural que tem o poder de tudo santificar, mostrou sua potência quando ressuscitou Cristo dos mortos, dando-lhe toda autoridade e soberania, superior a tudo neste, e no outro mundo,  constituiu Jesus como cabeça da igreja, cujo corpo lhe pertence, fazemos parte desse corpo através do batismo e da nossa vocação de cidadãos do reino,   ele possui a plenitude universal, ou seja a catolicidade a ele devemos testemunhar e vive-lo em todos os lugares da terra, nas mais variadas circunstâncias.
                   Lucas no seu relato da ascensão (Lc 24, 46-53), reafirma com a tentativa de relembrar aos discípulos que, depois de sofrer o Cristo ressuscitará. Hoje esta palavra é dirigida à todos que se dispõem a serem discípulos de Jesus, portanto à todos os batizados, que se tornem anunciadores da boa nova no nome de Jesus,  sejam capazes de perdoar  também de sofrer não de forma masoquista, nunca fugir do compromisso.  Lucas nos fala que  é a partir de Jerusalém, que a promessa será  anunciada, conversão, perdão dos pecados, a proclamação da boa nova daí terá sua plena continuidade. Nos dias atuais esse fato  se dará à partir da vida dos discípulos, das discípulas, todos os batizados que acolhe  a palavra com a intenção de testemunhar o amor do Pai, humanamente visível através do filho. Lucas pede que permaneçam na cidade de Jerusalém, espaço físico de visibilidade, nós compreendemos que é na fé da igreja que devemos permanecer, no agir pastoral,  na recepção dos sacramentos, na escuta e na vivência da palavra proclamada por Jesus, que chega até nós como sopro divino, que anima a nossa vocação de filhos e filhas do Cristo ressuscitado, só dessa forma somos revestidos com a força do alto prometida por Jesus.
                   A ascensão de Jesus deve ser compreendida como adesão da palavra de Deus por parte dos seus discípulos, o fermento na massa ,como o nosso crescimento espiritual, também como sinal de responsabilidade à partir do Cristo que se entrega  totalmente à Deus, cumprindo plenamente a sua vontade. Sem nunca ter saído do céu, agora o Cristo volta ao céu, uma vez que também esta conosco no sacramento da caridade  a eucaristia, devemos compreender este relato com os olhos da fé, pois é dessa forma que Cristo quer nos relembrar que também devemos cumprir com carinho e amor os mais árduos compromissos de nossa vocação cristã com alegria, pois todas as vezes que superamos em Cristo Jesus os medos, frustrações, humilhações, derrotas, ..., estamos testemunhando a potência de Deus agindo em nós, estreitando-nos a pertença à Deus, fazendo uso da sabedoria que Deus nos deu a conhecer, fazendo parte do corpo místico de Cristo que é a igreja, com certeza estamos nós também em processo de ascensão, por isso não devemos simplesmente olhar para os céus parados, mas tomar consciência da importância de quem somos aqui na terra! discípulos e discípulas do Cristo ressuscitado. Revestido no Espírito Santo, forjemos com esperança protagonizando um mundo de justiça, solidariedade, amor e paz, que o Cristo elevado aos céu leve-nos também às alturas tirando-nos da mesmice diária e introduzindo-nos em um cotidiano movimentado pela força do Espírito Santo.

  • Padre Antônio Gouveia

quinta-feira, 9 de maio de 2013

CRISTO CAMINHA CONOSCO

                      Jesus Cristo veio ao mundo para caminhar conosco, nos santificar, resgatar em todos que dele se aproximar o primeiro amor que é Deus, cuja intimidade foi quebrada com a desobediência de nossos predecessores carnais Adão e Eva, com a desobediência de ambos, fomos distanciados  da intimidade de Deus Pai e maculado com o pecado original, passamos a ser identificados como pecadores cujo destino é a morte.
              Deus nos socorre com a sua graça e nos atrai a si através da beleza, serenidade, harmonia, perfeição de seu amado filho Jesus, nada mais nada menos do que o nosso Redentor, a Ele devemos amar, com ele  morar, nos alimentar, confiar  e esperar, pois somente estando com Cristo, podemos mudar a nossa condição.
          Frutificar em boas obras com Jesus a árvore da vida, que nos aceita como enxerto tornando a  vida suportável, alma serena, apaziguando todas as dúvidas interior, somente no Cristo caminho, verdade e vida podemos produzir boas  obras no amor de Deus que se torna visível e tocável através de Cristo, pois foi esta a forte e imprecionante experiência vivida por Tomé, que ao tocar no Cristo, participa de sua divindade, assim também aqueles que no Cristo buscam segurança, desejando  converter-se e por ele  acolhidos.    
             O sopro da esperança que nos impulsiona a lutar com fé e crescer, superando a fraqueza dos sentidos, causa dos enganos, para aqueles que de forma arrogante querem existir longe de Deus, como exemplo:
  • Eva que se encantou pelo fruto aparentemente doce da árvore proibida;
  • A inveja descontrolada de Caim que no auge da falta de sentido "auto controle", não  abrandou o seu ímpeto e mata o santo  e puro Abel,( aqui já é apontado o sacrifício do Cordeiro, o Cristo);
  • A fraqueza de Sansão que cego pela beleza enganadora da Dalila, perde suas forças; 
  • Judas carcomido pela falta de bom senso, gelado na alma, trai o seu mestre, o amor perfeito Cristo, chegando a torpeza de vender o filho do Criador.
             Abramo-nos ao Senhor! deixemo-nos seduzir por Jesus! em Jesus e nunca, pela serpente, já sabemos qual foi o fim de Eva! e de tantos outros que se enredaram pelas fissuras do mal, queiramos com toda impetuosidade e necessidade, saborear o Cristo, pois o mesmo conhecendo a nossa fome se faz pão, doando-se caridosamente com a finalidade de nutrir, revigorar o nosso espírito abatido, fazer comunhão conosco, resplandecer a sua beleza na nossa alma sofrida.
             O Cristo manso e humilde de coração reconhece que mesmo depois da queda, conservamos em nós a imagem e semelhança de Deus, templo do Espírito Santo. Jesus o agricultor do Pai quer regar em nós o dom sobrenatural da fé, nos ensinando a oração, nos encorajando a suportar os sacrifícios, a fim de que  possamos atingir as alturas, superar os extintos carnais e buscar o amor eterno, resta-nos ser   obedientes e cumprir o que Cristo propõe, "observai tudo o que vos prescrevi". (Mt 28, 20).
             Santo Agostinho nos diz: só existe dois amores; O amor de Deus levado ao esquecimento de si mesmo; ou o amor de si levado até o esquecimento de Deus. (cf - cidade de Deus, Santo Agostinho). Fiquemos com a primeira opção, amemos a Deus de tal forma, a ponto de esquecermos de nós mesmos e testemunharmos a íntima e profunda experiência com Deus e  dizermos: já não sou eu que vivo, é o próprio Deus que vive em mim!, assim seremos configurados ao Cristo, homem espiritual , libertando-nos do homem carnal, amarga herança de Adão.

Padre Antônio Gouveia

terça-feira, 7 de maio de 2013

JESUS PALAVRA DE VIDA

          A 1ª leitura do 6º domingo da Páscoa tirada de Atos dos Apóstolos, nos apresenta Paulo e Barnabé importantes missionários, acolhendo àqueles que vinham do paganismo "Nós os apóstolos e anciãos vossos irmãos, saudamos os irmãos vindo do paganismo...", não querendo lhes dar nenhum fardo, mas sim apresentar-lhes as boas novas em nome de Jesus Cristo. Assim a igreja vai sendo edificada na medida em que algumas dificuldades iam sendo superadas.
          O refrão do salmo 63, indica que todos os que acolhe a boa nova pregada pelos apóstolos na 1ª leitura, glorificam o poder de Deus "Que as nações vos glorifique Ó Senhor!". torman-se um povo ,uma nação
          Na 2ª leitura, a visão de João, é uma cidade Santa, aquela construída na Boa Nova, edificada na própria palavra de Deus, guardada com esplendor majestoso de Deus todo poderoso, que é a própria luz surgindo do cordeiro, o mesmo João que contempla a cidade santa existindo na glória de Deus cercado por anjos escreve o evangelho.  Dá um destaque todo especial para a palavra dizendo: "Se alguém me ama, guardará minha palavra", podemos nos remeter para o princípio onde o verbo (palavra) organizava o caos, também na palavra que se desdobrava no Fiat criacional , ainda na palavra enquanto carne que em Jesus Cristo vem habitar no nosso meio.  Guardar a palavra de Deus é deixar que a calmaria se estabeleça em nós, e o caos interior de cada pessoa seja organizado, é deixar que a criação de Deus nos renove a cada dia, levando-nos a um novo caminhar, uma conversão cotidiana ,é deixar que Cristo perpasse a existência humana.
          João também afirma que o Pai fará morada em quem guarda sua palavra, na verdade somos convidados a nos lembrar-mos de que somos templo, morada do Espírito Santo, aquele que João apresenta como defensor enviado no nome de Jesus, Ele virá porque a palavra de Deus foi acolhida  é exatamente esta palavra que Ele nos faz recordar, o Espírito é defensor  nos introduz numa realidade de paz que vem do próprio Jesus, esta é envolvente, restabelecedora, exatamente porque não é a paz do mundo, passageira, sem efeitos permanentes, esta oferecida por Jesus, segundo o evangelista João nos livra das perturbações, das dúvidas, gerando naquele que a acolhe intimidade, experiência com o Pai que nos cria, com filho Jesus, que nos redime, com Espírito defensor que nos ensinará a confiança, ao recordamos as palavras verbalizadas por Jesus e guardada naquele que a ouve.
           Jesus tranquiliza o coração dos seus quando diz "Vou, mas voltarei". O sinal daquele que fica na expectativa do retorno do mestre é o amor,  a alegria vinda do tesouro guardado: A PALAVRA, não simplesmente o som, mas  Cristo encarnado na experiência cotidiana dos que ansiosamente espera a volta daquele que foi para o Pai. Esperamos  Cristo com a conversão cotidiana, formando comunidades vivas e atuantes, edificando nossa existência na palavra de Deus que se encontra conosco no único e eterno sinal perpétuo da misericórdia divina, diante de nossos olhos: A Eucaristia, o pão que é corpo, carne, sangue, vida, divindade do Jesus amoroso, que dando-se a nós na santa comunhão, nos enche de esperança, alegria, paz e fé, apontando para nós o caminho da Jerusalém celeste, a cidade que brilha na glória de Deus  que abriga todas as nações onde eternamente o glorificarão, o poder, a honra e a majestade de Deus o Senhor da nossa história.

Padre Antônio Gouveia.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

MAIO MÊS DE NOSSA SENHORA


               A devoção mariana começa no céu,  chega à terra por vontade de Deus, que manda o anjo Gabriel visitar a Virgem Maria, "Salve cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lc 1,28). Não só a casa de Nazaré se enche de luz que brota deste encontro, mas, também todas as profundezas da terra, as infinitudes do céu, a grandeza do mar, a simplicidade humana, recebe a promessa que brota da voz do anjo ,que é levada pelo vento à todos os lugares, se o anjo Gabriel é o representante do céu, a Virgem Maria representa a terra que, a partir desse momento se enche de graça e  força materna .         
      Santa Izabel repleta de luz identifica logo a Virgem Mãe da Graça,Jesus, do qual nos vem todas as outras graças, "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre". Agora a devoção que vem do céu como um raio iluminando nossa orfandade materna, passa a fazer parte do olhar e da observação humana figurada em Santa Izabel esposa de São Zacarias. É  a boa nova, que nasce com uma boa nova, vindo de uma grande boa nova: O Santo Evangelho. A Virgem eleita por Deus atrai: o anjo, Izabel, os pastores, o homem justo José e faz brotar de si o grande bem: Jesus o Salvador; amor eterno absoluto, puro e Santo, a luz para a escuridão da terra, que é a estrela de Belém "a casa do pão", os reis magos. Ela é a mãe santa de todas as criaturas, a obra riquíssima das mãos de Deus,  protetora de todos nós, a nossa SENHORA, como os católicos a identifica.
               No paganismo  antigo durante o mês de maio, homenageava-se a deusa da vegetação (Flora Mater). Com o cristianismo, a flor virgem  MARIA que de forma abundante se torna a mãe de todos as gerações, que por extensão nos une a Cristo, passa a ser venerada, a primeira referência celebrativa da Virgem Maria no mês de maio, vem de 1.284, com as cantigas de Afonso X,  sábio rei de Castela e Leon, onde convida todos a invocar a Virgem Maria, a fim de que as bençãos espirituais fossem maiores. (Dic Mariologia, Paulus 1995, pg. 887).
              Em 1.915 o papa Pio VII concede indulgência no mês de maio. Em 1.887 o papa Leão XIII, lança a Encíclica "Augustíssima Virgem Maria". Dante na Divina Comédia diz: "Quem quer algo do céu e não recorre a Ela é o mesmo que querer voar sem ter asas".
              A Virgem Maria é mãe de todos os Cristãos, porque todos fazem parte do corpo de Cristo e participam no Cristo da paternidade de Deus, da mesma forma participam da maternidade mariana.

O mês de Maio e:
 . mês das noivas, pois a virgem é a noiva divina;
 . mês das mães, pois a virgem é a mãe divina;
 . mês das flores, pois a virgem á a flor da humanidade;
 . mês Mariano,é o mês da virgem Maria  toda a Igreja veneravelmente, louva
   Deus,por nossa filiação divina na virgem Mãe de Deus
   e nossa Mãe.

"Deus reuniu todas as águas e chamou-as de Mar, reuniu todas as graças e chamou-as Maria" (São Luiz Maria G. Montefort).

DOGMAS MARIANO:

1) Virgindade Perpétua - 107 Santo Inácio já ensinava sobre a virgindade de Maria ; São Tomás de Aquino a confirma. Essa doutrina vem do cristianismo primitivo desde São Justino, origines. Em 07/08/1.555 o papa Paulo III no Concílio de Trento confirma;

2) Maternidade Divina - Verdade promulgada nos três primeiros séculos da igreja; Santo Inácio 107 origines 254. Santo Atanásio 303; São João Crisóstomo 400; Concílio de Éfeso 431, confirmam;

3) Imaculada Conceição - O papa Pio IX, pela bula "Inefabilis Dei": A Virgem foi preservada da culpa do pecado original; em 1953 o papa Pio XII na Encíclica "Fulgis Corpore" aplica o ano Mariano;

4) Assunta ao Céu, em 1950 o papa Pio XII, define o dogma assunção de Maria, aquela que se encontra no céu, medianeira de todas as graças. Se Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, sendo Ele gerado no seio da Virgem Maria, por determinação de Deus, Ela também se torna medianeira, é co-redentora;

5) Antes do ano duzentos, Santo Irineu de Lyon, já ensinava "Causa Salutis", Ela é a causa de nossa salvação, Dela nos nasceu Jesus, causa querida por Deus, Rainha do Céu;

6) São Gregório Nazianzo a chama de Mãe do Rei do Universo;

7) Santa Éfrem da Síria a chama de Rainha do Céu ao partir do relato de Apocalipse (12,1-5) "Apareceu no céu uma grande sinal, uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés  e na cabeça uma coroa de doze estrelas, grávida, gritava nas dores de parto ..."

VIRGEM MARIA, intercedei por nós!

Padre Antônio Gouveia