O relato do nascimento de Jesus, é apresentado apenas por dois evangelistas: Mateus e Lucas, ambos descrevem a concepção de Jesus como uma ação sobrenatural, concebido pela Virgem Maria, portanto, fora do natural, ação de um milagre, obra do Espírito Santo. Mateus diz: "O que nela foi gerado é por virtude do Espírito Santo" (Mt-1,20), em (Lc-1, 30-35), a virgem Maria tem um diálogo com o anjo, ambos descrevem a seu modo a fulminante intervenção de Deus na História, que contagiou a tudo e a todos com esperança. Deus enviou seu filho amado para conviver no meio de toda natureza, vivificando-a, restaurando-a, "E o verbo se fêz carne e habitou entre nós" (Jo-1,14).
Após esta santa habitação encarnada, todos os homens, mulheres, desfrutam no Cristo a grandeza de Deus, agora Deus com todo seu esplendor e glória, eleva o humano fazendo-o experimentar o sobrenatural. As palavras, os milagres, que Jesus realizou em prol da humanidade decaída, nos leva a experimentar o seu poder, "E se fêz para nós sabedoria e justiça, santificação e redenção", (1Cor-1, 30),
É a graça santificante no nosso meio, à nossa disposição, um convite para rompermos a nossa fraqueza, como nos diz São Pedro "Participantes da natureza divina" (2Pd-1, 4), grandes, incontáveis são os privilégios que imerecidamente recebemos do Cristo, "Ele veio restaurar todas as coisas" (Ef-1, 10), consolar nosso coração que sofrido e abalado de tantas aflições, recebe no Cristo a lufada do hálito da vida, veio nos vestir, pois em Adão e Eva após a queda ficamos despidos, desprotegidos, abandonados às tempestades bravias do mar da vida, ele nos reveste novamente com a graça divina, cuida de nossas enfermidades, limpando toda putrefação que a carcaça humana violentada pelo pecado, apodrecendo sem cura e esperança. O Cristo, é o bálsamo sagrado e divino, perfumado de efeito restaurador que cura a mim, a você e a todos, é o brilho reluzente que dissipa a cegueira do olhar pecaminoso, é o suave e ao mesmo tempo estridente som celestial, que perpassa os tímpanos humano, curando toda surdez e abrindo uma vastidão auditiva para ouvirmos a boa nova.
O pobre menino da manjedoura, veio conviver conosco para nos redimir e salvar, é o único meio, lampejo de esperança, busca suave de reavivamento para nos fazer compreender este mistério. O convertido Paulo que antes fora o selvagem, seco, estéril Saulo, nos recorda depois de ter se alimentado do fruto da vida, o próprio Jesus, "O único mediador entre Deus e os homens" (1Tm-11, 5), é mediador este que por desígnio divino desceu do céu, instalando-se na Virgem Maria, ao acolhe-lo a virgem mãe participa diretamente dos méritos que nos trouxe o filho, extasiada de grande alegria e com uma profunda determinação, a mãe se entrega ao filho uma vez que nela já habita a plenitude do filho, união indestrutiva entre o céu e a terra, perpassado pelo divino e humano, a virgem exclama "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc-1, 38).
O fruto é santo, pois foi gerado numa árvore santa, sólida e firme, daí provém a constatação, "Bendito o fruto do teu ventre" (Lc-1, 12). O fruto é o pão da vida que ao nascer repousa na manjedoura, que nada mais é do que uma gamela, uma vasilha onde se deposita alimentos para os animais, na manjedoura está o Cristo, alimento que nutre a fome do bem, do amor, da santidade presente no ser humano, é mesmo simbólico o Cristo na manjedoura, uma própria âmbola contendo a partícula sagrada, - corpo de Cristo - as palhas secas e sem vida, é o próprio mundo que nesta condição recebe vida plena. Os animais, bois, carneiros, ovelhas, nos faz compreender o estágio primário do humano, o homem animal que rodeando o presépio se aproxima do mistério santificante, os pastores são os vigilantes, os profetas, que na escuridão dos tempos fazia nascer esperança com a promessa da vinda do Emanuel Deus conosco. A estrela reluzente, é a própria forja de um Deus que rompe as alturas como raio luminoso reluzindo nas trevas.
O nascimento de Jesus, é a justiça e a retidão, a bondade e a confiança inabalável em Deus, o lançar-se e o acreditar nos desígnios divino, é isto que representa São José, vamos contemplar o presépio, descobrindo nele a harmonia silenciosa que suave como a aurora, perpassa os tempos e toda a existência do mundo.
UM SANTO E
FELIZ NATAL
À TODOS!!!
Pe. Antonio Gouveia