quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O HOMEM QUE FEZ CHOVER.

               A fé cristã católica, deu sensibilidade e espírito de luta à muitas pessoas mundo afora, inúmeros são os exemplos de homens e mulheres que se deixaram tocar pela palavra libertadora de Jesus Cristo - a Boa Nova - anunciada pela igreja.
            No Brasil, muitos são os nomes que se deixaram envolver pela proposta de Jesus Cristo, proclamada através da igreja. O catolicismo nordestino está repleto de exemplos de fé e coragem, muitos desta região testemunharam o amor de Deus, que como um sereno reconfortador fez brotar a esperança, a vida, em um lugar marcado pela seca, dor, fome, sobretudo pelo visível histórico abandono político que o povo nordestino sofre, desde  a colonia, império, republica, ate os dias de hoje. Mas sem perderem a fé, esse povo forte abraça a cada dia com uma nova esperança, a vida.
            Muitos são os exemplos de coragem, santidade, dos que abraçaram a fé fazendo a diferença para o bem, estes são poucos conhecidos.
            O nordeste gerou um santo entre tantos, um homem de Deus, defensor dos pobres, amante da vida, este homem foi um santo padre, que levou a esperança, fé aos esquecidos do sertão nordestino, o seu nome é Jose Antonio Maria de Ibiapina, padre diocesano, a princípio formado em direito, mas desmotivado, triste com o mundo civil, porem repleto de esperança se torna padre, percorre a região do nordeste, não só falando de Deus, mas revelando-o através de seus atos, como por exemplo: 
  • construindo casas de caridade para abrigar os órfãos vítimas da seca.
  • igrejas que não serviam apenas para celebrar os santos mistérios como era chamada as missas no seu tempo,mas também para acolher e formar comunidade.
  • também oferecia formação, educação como: noção de higiene e aprendizado nos ofícios simples da vida.
  • construiu cemitérios, pois por causa das epidemias que dizimavam multidões os corpos apodreciam ao léu, Ter um cemitério para enterrar os corpos, era antes de tudo impedir o aumento das pestes (epidemias). 
  • Construía por onde passava cacimbas, açudes, ensinava e educava os nordestinos, foi este homem um verdadeiro sinal de Deus.  
         O padre Ibiapina, é uma fonte de vida que Deus permitiu jorrar no nordeste cearense, nascido em Sobral a 05 de agosto de 1806, filho de Francisco Miguel e Teresa Maria de Jesus, entra para o seminário as dezessete anos, mas logo depois tem que sair para cuidar da família, pois seu pai morreu fuzilado, seu irmão mas velho morrera prisioneiro na Ilha de Fernando de Noronha. Em 1828, se torna bacharel em direito, leciona direito natural, depois deputado geral do Estado do Ceará, juiz de direito, exerceu advocacia por dez anos, onde sempre defendeu a causa dos pobres e por eles sempre foi amado.
            Em 1850, abandona a carreira pública, vai morar sozinho em uma casa simples em Recife, nessa vida de retiro, se aplica a oração e meditação, estudando filosofia e teologia por conta própria, é quando decide ser padre em julho de 1850 com quarenta e quatro anos. É ordenado sacerdote diocesano pelo Senhor Bispo Dom João da Purificação, doou tudo que possuía aos pobres, aos sessenta anos de idade percorre a pé, e em lombo de cavalo os Estados do Piaui, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, é o grande peregrino missionário, que no calor da seca e na miséria nordestina, levava esperança para os deserdados do regime imperial da época, é considerado por muitos estudiosos da vida da igreja no Brasil, como o primeiro fundador de vida religiosa em solo brasileiro, pois acolhia nas casas que fundava as beatas, "mulheres que trabalhavam para levar em frente o incansável trabalho do padre Ibiapina", acolhia também em casa os chamados beatos, homens disposto e fortes que inspirados no exemplo apostólico do padre Ibiapina, abraçavam a vida comunitária e casta, praticando a oração, trabalho, inspiração que o padre Ibiapina tirou , dos escritos de São Bento.
            Essa experiência se deu muito antes da igreja importar a vida religiosa européia, modelo que viviam trancadas nos conventos, recitando preces em língua européia, ao contrário os beatos e beatas do padre Ibiapina, já viviam uma vida inserida no meio do povo pobre, na dura realidade, sem a proteção do hábito religioso ou o apoio de uma congregação, muito menos de um bispo, surge aqui uma experiência autenticamente nordestina, brasileira de vida religiosa, verdadeiramente evangélica, coisa que a igreja da época não soube reconhecer. Padre Ibiapina, este grande homem desconhecido, o padre santo e humilde. O antropólogo Paulo Freire escreve "O padre Ibiapina foi talvez a maior figura da igreja no Brasil do ponto de vista do catolicismo e do cristianismo social".   
                    O padre Ibiapina faleceu de 19 de janeiro de 1883, na casa de caridade Santa Sé na Paraíba, fundada por ele, pois criara mais de vinte casas de caridade em todo sertão nordestino. Morreu paralítico aos setenta e sete anos, a paralisia decorrente de suas longas andanças. Os grupo de beatos e beatas, com sua morte ficaram aos cuidados de alguns párocos, vindo logo deixar de existir, pois não encontraram o apoio que antes tinham no padre Ibiapina, foi este homem incansável em santidade ardente pregador do evangelho, tremendo zeloso defensor da vida, exemplo para nomes contemporâneos ao seu, como padre Cícero, outro herói forte da fé católica nordestina.  E mistico leigo que é outro grande exemplo de fé nordestina conhecido como Antonio Conselheiro
            Padre Ibiapina, é sem dúvida o primeiro santo autenticamente brasileiro, com certeza reside no altar da  fé povo que o venera como homem santo de  Deus, pois este santo homem fez chover no nordeste  de antes a esperança

Pe. Antonio Gouveia

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