JUDITE A DESTRUIDORA DO MAL

         Muitas mulheres fortes, destemidas, corajosas, entraram para as paginas da bíblia, deixando um legado de fé e determinação, uma entre tantas, é Judite. Nome que significa judia. Filha de Yochanan um sacerdote que atuou na época dos macabeus, quando o povo judeu estava sob a opressão grego-síria, morava na cidade de Betúnia era esposa de Manassés, o mesmo morreu de insolação durante uma colheita. A viuvá vive o luto durante trés anos e quatro meses, herdando por direito a fortuna e riqueza do marido, era descrita como uma bela mulher, "Era belíssima de aspecto e estimada por todos, por que tinha muito temor a Deus" (Jd-8,5) inteligente, devota, querida e respeitada por todos da região.
               Os feitos dessa grande heroína é contado no antigo testamento, no livro que traz, o seu nome. Em suas atitudes, pode-se perceber uma releitura de alguns acontecimentos vividos pelo povo de Deus. Judite é comparada a nação israelita, sua viuvez simboliza o povo de Israel seu sofrimento e abandono. De autor desconhecido o mesmo deixa claro, que a salvação acontece dentro de um processo histórico de luta entre oprimidos e opressores. Descreve o povo de Deus e sua luta para preservar os seus valores sobretudo a fé que receberam de seus antepassados. Porém este livro não é aceito pelos protestantes, pois o consideram apócrifo, ou seja, não inspirado.
          Tudo se inicia quando o rei Nabucodonosor quer conquistar vários reinos para si, através do terror, guerras, invasões, pois o mesmo se identificava como deus e queria tudo dominar, ser adorado, sua intenção era eliminar o judaísmo e sua fé. O seu homem de confiança executava sem piedade suas ordem, era um certo general chamado Holofernes, nele podemos ver:
1 - a serpente que seduziu Eva.
2 - Caim que matou Abel.
3 - O gigante abatido por Davi.
4 - É a personificação da maldade e da morte..

              Como tática de invasão, a nação judia foi perseguida, sitiada, privada de água, até se entregarem. O povo vai ao encontro de Ozias chefe da cidade, pedindo que se renda, porém Ozias aconselha cinco dias de oração "Então na sua angústia clamaram ao Senhor, ele os livrou da tribulação faz cessar a tormenta e as ondas se acalmaram" (Sl-107,30) e penitência, "Foi devidamente destinado a levar o povo à penitência, e robusteceram a piedade numa época de pecado" (Ecle-49,3) se depois disso Deus não mandasse ajuda se entregariam. 

              É nesse contexto de conflito, opressão, terror, morte, que urge Judite, determinada como enviada de Deus para vencer o mal, algo que sempre foi e deve ser combatido. Judite desfazendo-se de suas veste de luto vai até a tenda do general Holofernes, que diante de tanta beleza faz uma festa, fica embriagado, é quando Judite mata-o decepando-lhe a cabeça, como sinal de contradição Judite entra para história de forma corajosa e decidida matando o mal, o inimigo do ser humano, que naquele momento causava divisão "Farei reinar inimizade entre ti e a mulher" (Gn-3,5). é a prefiguração de Maria que sera a eleita de Deus, gerando Jesus o vencedor do mal, o relato deste fato deve ser lido como analogia, um conto para despertamos para a luta contra o mal, vivencia da fé, confiança em Deus, porem nunca matar.

Pe. Antonio Gouveia

A MARCANTE JEZABEL

                  Entre as várias mulheres que se fazem presente nos relatos bíblicos, uma chama atenção pelo seu comportamento de maldade, frieza e vaidade, sobre essa personagem tão marcante escreveu, Flávio Josefo "Jamais mulher alguma foi mais ousada mais insolente, de horrível impiedade chegou mesmo a não se envergonhar de edificar um templo a Baal" (Ant. Judaicas-VII-356) usava sua paixão sexual de forma visceral para dominar, manipular, controlar a vida do rei e do reino. 
         É Jezabel, nome de vários significados, no hebraico, é lugar sem habitação. No grego, lugar ermo, ilha. Ambos indicam solidão, vazio, abandono, falta de santa sabedoria "A sabedoria não entrará na alma perversa nem habitará ao corpo sujeito ao pecado" (Sb-1,4) no entanto teve poder, riqueza, beleza, inteligência, porém usava todos os atributos para esconder sua fragilidade, enganando a si própria, agia de forma arrogante, pintava o rosto, vestia-se bem, "Jezabel pintou os olhos, arrumou o cabelo e ficou olhando da janela do palácio" (2 Reis-9,30)
        Sua história está no primeiro livro de reis. Nos dias atuais seu nome serve para identificar comportamentos de vilania, traições, os que fazem uso da sexualidade para controlar, dominar, chantagear, arrogância, abuso de poder, idolatria de si mesmo, deboche... comportamento esses que se alojam também no homem, é o próprio espírito da mal atuando na oportunidade. É necessário vigiarmos para não sermos como Jezabel, joguete nas mãos de satanás, fiquemos com São Pedro, "Sedes sóbrios e vigilantes, vosso adversário o demônio anda ao redor de vós, como um leão que ruge buscando a quem devorar"(I-Pedro-58).

               Filha de um rei Fenício, foi esposa de Acabe, um dos reis de Israel, que sucedeu Jeroboão em 870-853- A.C, porém o seu governo foi um fracaso por conta de sua esposa que o dominava e controlava. "Ninguen houve pois como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor, porque Jezabel sua mulher o instigava" (1- Reis-21,15). O casamento de Acabe e Jezabel se deu para fazer aliança políticas entre Fenícia e Israel, o que não foi aceito pelas lei de Israel, lei mosaica, tiveram trés filhos: 
1) Ocozias que sucedeu seu pai Acabe, depois da morte do mesmo. 
2) Jorão que sucede o irmão, mas foi Jezabel que governou através dele. 
3) Atalaia, uma mulher que reinou por seis anos, só que para isso teve que matar todos os herdeiros, imitando sua mãe em maldade.

        De comportamento pagão, é identificada como uma feiticeira "As prostituições de Jezabel e suas feitiçarias são tantas" (4-Rs-9,22) Jezabel não deixou de adorar e prestar culto ao seu deus Baal, ao mesmo tempo combatia a crença ao Deus dos judeus. A mando de Deus, o santo profeta Elias foi o seu grande opositor, isso a deixou furiosa. Muitos foram os pecados dessa mulher:
a) prostituir-se adorando deus pagão Baal.
b) Ambição.
c) Assassinato por causa de um terreno perto de seu palácio, mandou matar o seu proprietário, Nabot.
d) Matou os profetas de Deus.
e) Odiou, perseguiu o santo profeta Elias, pois a mesma se dizia profetiza. 

             O mal não dura para sempre, o fim dessa mulher se deu de forma trágica. Quando Jeú, assassino de seu filho Jorão, liderou uma revolta contra os desmando da realeza, a mesma para seduzir Jeú, aparece na janela de seu palácio com o rosto pintado, Jeú conhecendo seus métodos de sedução, pede que seus eunucos a atirem janela abaixo do palácio, estatelando-se no chão, seu sangue mancha os cavalos, as paredes de seu palácio. 
          Os cães devoraram partes de seu corpo, restando apenas o crânio, mãos e pés. Morte que foi profetizada por Eliseu o profeta "Também acerca de Jezabel disse o Senhor: os cães comerão a Jezabel" (1Reis-21:23) devido o seu mau comportamento é citada no livro de apocalipse como sinônimo de maldade, "Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetiza; ela ensina e seduz maus servos a se prostituirem e a comerem das coisas sacrificadas aos ídolos" (Ap-2,20). 
             O mal exemplo dessa mulher, que canalizou sua força inteligencia, beleza e poder para astuciar o mal, serve de alerta, a fim de possamos com humildade, retidão e santidade temer o Senhor nosso criador como fizeram muitas santas mulheres que iluminam as paginas da bíblia por causa de suas virtudes entre tantas, a virgem Maria, rainha do amor, escolhida por Deus para ser mãe de nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Antonio Gouveia

O SANTO PROFETA

        Elias, o Tesbita, lutou contra as idolatrias e os maus governos de Israel, com a finalidade de preservar a verdadeira fé em Deus. É um grande profeta do antigo testamento, é o pai do profetismo o sinal de Deus na terra. Os relatos sobre esse santo, profeta e místico que viveu na solidão do monte Carmelo, se encontram nos livros de reis I e II. Elias significa YAHWEH É MEU DEUS. Foi um homem que se destacou por sua fé, coragem e determinação em lutar contra o poder do mal, em sua época.
          Exerceu o seu profetismo no reino do norte no tempo do rei Acabe e de Ocozias seu filho durante o século IX A.C. Elias é enviado, " Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor" (Ml-4,5) por Deus ao rei Acabe, durante um longo período de fome, miséria, descrença. Pois por imposição de sua mulher Jezabel, uma pagã, o seu esposo o rei Acabe permite o culto ao deus Baal também chamado de Moloque deus semita, a quem tinha mandado construir um templo na Samaria. Jezabel mulher de índole má tem suas mãos suja de sangue e sua fé deturpada. Mandou matar a Nabot, por causa de uma propriedade, a mesma não aceita Elias o profeta, enfurecida manda matar todos os profetas de Deus, relato em 1Rs- 18,14;19;30 como castigo ao mau comportamento de Jezabel o profeta Elias anuncia uma seca de três anos e seis meses. 

        Por vontade de Deus, o mesmo era alimentado pelos corvos em Carit na Trasnjordania, quando fugia da fúria de Jezabel, depois em Sarepta na Sidônia foi alimentado por uma viúva pobre, da qual Elias realiza o milagre da multiplicação de seu azeite e de sua farinha e ainda ressuscita o meu filho único, relato em 1Rs,17. Deus  a quem o profeta Elias serve e tanto ama, lhe da provas de sua bondade e de seu poder, quando Elias rezava os profetas de Baal protegidos de Jezabel, são degolados na região de Guizom em 1Rs,18, perseguido por Jezabel vai para o sul onde é alimentado por anjos no monte Horeb, cumpre a missão que recebeu de Deus sagrando Hazel como rei de Damasco, Jeú como rei de Israel, faz de Eliseu um profeta que o sucederá no profetismo, já no fim de sua vida, separando por milagre as águas do rio Jordão com seu manto, o atravessa a pé enxuto, ao lado de Eliseu seu sucessor na missão profética.
      Elias foi levado aos céu, foi arrebatado em uma carruagem de fogo, assim termina os seus dias na terra. "E sucedeu que indo andando e falando, eis que um carro de fogo com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu aos céus num redemoinho" (2Rs-11). Sua importância é tamanha que o mesmo é citado no novo testamento, no monte Tabor durante o relato da transfiguração de Jesus o mesmo aparece ao lado de Moisés este fato é relatado em Mt-17,1-8 e Mc-9,2,8 e Lc-9,28-36, já Tiago o aponta como modelo de oração Tg-5,17, a igreja o tem como o fundador da ordem do carmo.
Pe. Antonio Gouveia

MÍSTICA, ASCESE E DISCIPLINA

      A mística, é um modelo de vida e de fé é um mergulho no sagrado, a mesma acontece através da oração e da meditação, é um suporte para enfrentarmos os sofrimentos e provações oferecendo-o como oferta de confiança e fé para a nossa purificação e para o bem do mundo é um modo de nos unirmos a Deus. Pela a mística somos levados a conhecer e experimentar verdades espirituais que nos conduz ao encontro com Deus e conosco mesmo. O caminho da mística é uma forma ascética, que é compreendido como um contínuo esforço para um fim perfeito.
    A palavra ascese, é um termo grego que identificava o atleta e seu esforço para ser o melhor.
a) Na filosofia é o bom filósofo que, se separava dos divertimentos para indagar a verdade.
b) Na moral, é o homem que se esforça, se controla para evitar o mal e fazer o bem.

O termo ascese foi incluído também no sentido e na pratica religiosa:

• Como contemplação, busca de Deus. 
• É esforço abraçado por pessoas que querem unir-se a Deus de forma mais profunda. 
• É um caminho que deve ser percorrido por quem almeja a santidade. 
• É uma ciência da fé, a arte da perfeição para com as realidades espirituais. 
• É uma via que exige muito esforço e exercício contínuo.

      A mística e a ascese fazem parte da vida e da moral cristã, somente os místicos e ascetas se entregam livremente às praticas purificadoras em busca de Deus, pois o fim ultimo do ser humano é a vida sobrenatural. A disciplina é discípula da mística e da ascese e muito ajuda nessa conquista, a busca de Deus. As três, mística, ascese e disciplina nos leva a vê nos momentos difíceis da vida, que são os sofrimentos uma provação oportunidade para dominar as impulsividades da carne, a fim de purificar o espírito "Trato duramente o meu corpo e o mantenho submisso" (1Cor- 9,77) a mística é um caminho que deve ser percorrido com a finalidade de identificar a pessoa com o Cristo, para nele viver, a fim de que ele, o Cristo viva na pessoa. O místico com disciplina amparado na ascese busca a via da mortificação para ofertar o seu sofrimento como oração, "Bem aventurado o homem que suporta provações, porque depois de provado recebera a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam" (Tg-1,12) santamente tira daí valores que ajuda a tomar consciência e importância da cruz, e suas consequências buscando encontrar na mortificação uma experiencia de confiança que deve ser praticada com fé e testemunho de amor a Deus. "Porque vos foi concedido a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de crer nele" (Fl-1.,29).     
    De origem antiquíssima, a mística tem início no sofrimento vivido por nosso Senhor Jesus Cristo, o filho amado de Deus, que mesmo antes da cruz, o ápice de sua entrega total e absoluta a Deus por nós. O mesmo já era mortificado por deboches, descrenças, desprezos dos pecadores, longos, jejuns, traições, abandono, de forma ascética e com santa disciplina tudo enfrentou com amor. Muitas das vezes somos chamados a testemunhar a nossa fé diante das mais variadas provações, os santos mártires percorreram este cominho para edificar a fé e testemunhar o poder de Deus "São estes os que vieram da grande tribulação e lavaram suas vestes no sangue do cordeiro" (Ap-7,15) vejamos nestes momentos uma grande oportunidade de encontro com o Cristo padecente o servo sofredor. o sofrimento é uma realidade na história humana e também na criação obra de Deus "A criação geme em dores de parto" (Rm-8,22). Porem pode e deve ser superado com perfeição em vista de um bem muito maior, sejamos capazes de enfrentar as dificuldades da vida vendo nelas não castigo ou punição, mas sim uma oportunidade para a nossa própia elevação.

Pe. Antonio Gouveia