sábado, 29 de novembro de 2014

ACOLHER O QUE SE ESPERA

           O ato de celebrar nada mais é do que expressar alegria, essa atitude é muito frequente também como vivencia de fé. Dentro do cristianismo católico a celebração faz parte da vida da igreja e da fé de um povo que louva, celebra e agradece a Deus que se dignou olhar para o seu povo e socorre-lo, derramando a sua graça salvando-nos no seu amado filho Jesus nosso redentor. “Quando a Graça de Deus se encontra com um espírito Puro e Batalhador, os Milagres acontecem” (Pe.Léo). Entre as mais belas celebrações católicas, destaca-se o milagre do advento, por infinitos motivos, entre eles o inicio do ano litúrgico, preparação para o santo natal, a graça de Deus encontrando-se com o espírito puro da Virgem Maria, o restabelecimento das forças para uma nova etapa da vida, que surge do novo. 
                  É uma celebração de natureza alegre e envolvente que nos faz mergulhar no mistério da misericórdia de um Deus que é amor e entrou na nossa historia, unindo-se definitivamente com o gênero humano, encorajando-o para as realidades mais sublimes o próprio céu  “É preciso ter uma Meta, e a nossa meta é muito grande. Quem se acostuma com coisa pequena não pode ir para o Céu. Quem se contenta com pouco vai para o Inferno, que é muito Fácil, e vai cavando sua cova, já. O Céu é para quem sonha grande, pensa grande, Ama grande e tem coragem de viver pequeno.” (Pe. Léo)
                 O advento nos convida a trilharmos os caminhos da esperança com oração, penitencia, vigilância, conversão, testemunho e confiança de nos refazermos em Deus e sermos grandes, "Senhor tu és nosso pai, nós somos barro; tu és nosso oleiro, e nos todos obras de tuas mãos" (Iz-63) para assim ganharmos o céu, que é desvelado para todos no santo mistério da natividade, que é a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, ação de Deus para o bem de todos, meio de santificação do gênero humano. A palavra advento é traduzida como vinda, termo que os povos romanos de forma profana utilizavam para a chegada do rei na cidade, bem mais tarde essa palavra passa a ter um novo significado sendo utilizado no mundo da fé, fazendo referencia a chegada do verdadeiro rei que é Jesus. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,18).
           No entender de São Bernardo, há tres adventos: o primeiro advento, primeira vinda do rei Jesus se deu na carne, para fortalecer o ser humano. No segundo advento ele veio em Espirito revestido de poder, vitorioso, ressuscitado, concedendo a paz. No terceiro advento ele vem na gloria, resplandecente e majestoso, a todos julgará. Façamos deste momento de espera uma rica experiência de renovação espiritual tendo como exemplo a Virgem Maria e seu humilde esposo São Jose, que esperaram em Deus e receberam Jesus nosso Salvador.


                                                                 Feliz advento à todos!!!

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 22 de novembro de 2014

EDIFICAR O REINO É SEGUIR O REI

           A celebração  do vigésimo quarto domingo do tempo comum, destaca para os filhos, filhas da igreja una, santa, católica e apostólica, a realeza presente em Jesus o filho de Deus, que teve como insignias reais as marcas dos pregos em suas mãos e pés, como selo de seu reinado de amor o coração transpassado, como trono o alto  da cruz, como coroa um desconfortável emaranhado de espinhos, como manto real o seu próprio sangue que minando de seu corpo vivificou o mundo da fé em seus seguidores. Assim enfrentou o reinado das trevas, por tudo isso e muito mais devemos, louva-lo, glorifica-lo, ele é o soberano restaurador de todas as coisas "Deus eterno e todo poderoso, que despusestes restaurar todas as coisas no vosso amado filho rei do universo, fazei que todas as criaturas libertas da escravidão e servindo a vossa majestade vos glorifique eternamente" (Ms-384) cujo poder não foi exercido através da força, arrogância, prepotência mas da docilidade e misericórdia.
             Seu reinado é de compaixão, sua grandeza é para o perdão, sua profundidade nos conduz as alturas celestiais, sua sobrenaturalidade destrói o mal, seu reino é eterno. Santamente a igreja convida todos a formar, habitar esse reino de amor, paz que começa na alma de cada homem e mulher que de boa vontade assumem na liberdade sua lei. O reinado divino, surgiu em Deus no ato sublime de criar, se tornou visível em Jesus, edifica-se com missão, evangelização da igreja à todos, "Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro" (Encíclica Annum Sacrum, 1899, do papa Leão XIII).
              A festa de Cristo rei do universo surgiu no pontificado do papa Pio XII em 1925, tem como finalidade recordar que somente no Senhor Jesus está o futuro de todos, o mesmo é superior a todas as realidades visíveis e invisíveis "Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos"
(At-4,12)
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              Na primeira leitura retirada da profecia de Ezequiel se destaca a imagem do pastor como aquele que tem poder, autoridade sobre o rebanho, curando, fortalecendo, resgatando-os da escuridão, tudo isso conforme o direito tanto das ovelhas, como do pastor que ao pastorear, legislar zela, “Deus é a lei e o legislador do Universo.” (Albert Einstein) cumpre com sua responsabilidade. A imagem perfeita da simplicidade, fidelidade e poder presente no simples pastor, nos ajuda a compreender o poder eterno, espiritual de Jesus. "Para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai." (Fl-2,10)
                   Tanto amor, cuidado de um zeloso pastor para com suas ovelhas, será vivenciado no agir do rei Jesus o eterno, soberano pastor, protetor, salvador de seu rebanho, o povo de Deus. Cercado de anjos, sentado em seu trono glorioso Jesus reunirá todos onde de acordo com as boas obras vivos sinais de fé e vivencia de um reinado de amor, nos julgará. Nós pede nosso divino, eterno, soberano, que cuidemos dos doentes, vistamos os nus que são os injustiçados, famintos, sedentos, deserdados, prisioneiros, no dizer do eterno soberano, justo, juiz Absoluto: quem for capaz de realizar essas obras será convidado a tomar posse da herança "Vinde benditos de meu pai! recebei como herança o reino que meu pai vos preparou desde a criação do mundo!" (Mt-25-34) com o mesmo rigor com que acolhe os que praticam e vivem a fé, sentenciará aos que são incapazes de edificar o reino de amor, de cuidar do próximo "Afastai-vos de mim, malditos! ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos." (Mt-25-46).
             A festa do Cristo Rei do Universo, encerra o ano litúrgico nos revelando o Cristo vitorioso, sua justiça como principio de igualdade, "A primeira igualdade, é a justiça" (Victor Hugo) à todos. A fé, num mundo onde as pessoas lute conquistem seus direitos "homem que não luta pelos seus direitos não merece viver" (Rui Barbosa) e os adquiram, sejam respeitados. A esperança vivenciada como meta "Esperança sempre" (Dom Paulo). A caridade como regra de vida "A caridade é a virtude predileta de Deus." (Coelho Neto).


Pe. Antonio Gouveia

sábado, 15 de novembro de 2014

CUIDAR BEM DOS TALENTOS.

         O evangelho do trigésimo terceiro domingo T.C ano A, fala da confiança e do amor que Deus tem para com todos. Descreve que o seu projeto é a salvação oferecida gratuitamente, com compromisso responsabilidade participemos evangelizando, pois somos batizados, batizadas devemos assumir a construção de um reino de salvos "Sim Senhor, nossas mãos vão plantar o teu reino!" (canto popular). A narrativa dos talentos chama a nossa atenção, o que fazemos com o que Deus deposita em nossas mãos? que fazemos com o nosso batismo? Recebemos talentos de Deus, forças para caminhar sem desistir, façamos deles sinais de vida, "É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca." (Don Helder Câmara) Jesus convoca, deposita em seu povo a possibilidade de surgir uma nova humanidade alicerçada, construída no compromisso e responsabilidade que cabe a cada um como consequência do batismo na trindade santa. A humanidade é simbolizada na mulher descrita na primeira leitura "Ela vale mais do que as joias. Seu marido confia nela plenamente" (Prv-31) cada homem, cada mulher são convidados a comprometer-se com a vida da igreja, comunidade povo de Deus, trabalhar na edificação do mundo à partir daquilo que recebemos do próprio Jesus, os talentos, dons divinos. Sejamos igreja, serviço, testemunhando a fé, fraternidade comunhão, no santo serviço, usando os talentos. 
      Na parábola contada por Jesus, três empregados foram agraciados por seu senhor e receberam talentos "Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros, e deu dons aos homens". (Ef-4,8) que na época correspondia a uma grande quantia de dinheiro. Cada um dos três recebeu a quantia de acordo com sua capacidade, cinco, dois e um, pois capacidades é exatamente os talentos que Deus em sua misericórdia concede aos seus filhos e filhas. 
        Deus ao nos gerar nos potencializou, e vai nos capacitando ao nos criar; como criação compreende-se o longo processo de aprendizagem, o lidar com os valores, todos somos capazes de aprender, realizar algo de bom, pois o senhor deposita o seu poder, em seus filhos, filhas cabe porém respondermos essa tremenda confiança da parte de Deus, disso prestaremos contas, essa informação não é para nos assustar, é um lembrete. Os servos bons e fieis, são os que valorizam os talentos recebidos são os convidados e escolhidos "vem participar da minha alegria" isto é a salvação. 
       A oração da coleta dessa missa destaca a alegria como motivação primeira da nossa fé, fonte de confiança e obediência à Deus "Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas" (M.R.-pg, 337). Empenhados e com todo coração, ou seja, com toda vida e trabalho os dois, autênticos servidores descritos no evangelho, cuidaram do pouco que lhes fora confiado, receberão muito mais. 
        Já o terceiro servo que o senhor confiara um talento, foi tomado de indisposição e enterrando-o, nada fez, nada edificou, é a imagem do total descompromisso, atitude presente na vida de muitos. "Os covardes morrem muito antes de sua verdadeira morte." (Júlio Cesar- Im. Romano) Usando o medo, alegando severidade da parte do senhor fez sua justificativa devolvendo apenas e miseravelmente o que recebera. Foi chamado pelo senhor de servo mau e preguiçoso, seu fim foi a escuridão em um lugar de choro e ranger de dentes. Dois dos evangelistas narram este episodio; Lucas e Mateus, ambos tem a finalidade de nos alertar de quanto somos amados por Deus e o quanto ele espera de nós
      Você também recebeu talento do Senhor por favor não os enterre. "Todos nós somos filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios" (I-Ts-5,6)
         A parábola descreve que o senhor retornou tempos depois, imagem da segunda vinda de Cristo que será uma surpresa a todos e a cada um, assim aconteceu no retorno do senhor da parábola que pediu contas dos talentos. O que recebera cinco talentos apresenta mais cinco, assim como o que recebera dois apresenta mais dois,"A fortuna e o amor preferem o corajoso." (Ovídio)

sábado, 8 de novembro de 2014

ZAQUEU O HOMEM QUE VÔOU

           Nosso Senhor Jesus Cristo ao passar fisicamente nesse mundo, marcou a vida de muitos homens e mulheres com seu amor e poder. Também o filho santo de Deus ficou marcado só que através da fraqueza, desamor foi o que recebeu da parte dos pecadores pelo o bem que fez, "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos curados Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos ” (Is 53.5-6), prova disso são as santas chagas que rasgando o seu corpo se tornou para o mundo sinal do desprezo sofrido por Jesus, mesmo diante de tantos descaso Jesus não desistiu de ir ao encontro das pessoas, acolhia homens, mulheres de sua época; pobres doentes, enfermos, pecadores, para dar-lhes vida, "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância" (João 10,10) com muitos se encontrou.
                 Um desses encontros marcou a vida de um homem; fato narrado apenas no evangelho de são Lucas. Zaqueu chefe dos cobradores de impostos, raça odiada, pois com o pagamento, sobrevivia o império e todo o seu corpo politico. Os cobradores revestidos do poder de Cesar explorava os pobres, daí enriqueciam, pois eram meeiros isso significa que quanto mais cobravam mais ganhavam.
            Zaqueu que era rico pois comandava um grupo de cobradores, ouvira falar de Jesus, seus feitos, e nome, que era propagado tanto por seguidores e inimigos. Ele desejava conhece-lo. Ocorreu que Jesus se dirigia para Jerusalém, e passando por Jericó causava alvoroço a ponto de uma grande multidão tomar conta de ruas e becos, todos queriam ver, ouvi-lo, falar, tocar em Jesus, diante do movimento, o rico Zaqueu tomado de curiosidade entrou na multidão, mas como era de baixa estatura. Simbolicamente o seu tamanho físico representa como somos pequenos, antes de conhecermos Jesus, se quisermos crescer, temos que aceitar o filho de Deus como nosso senhor e salvador, termos com ele um encontro definitivo. Disposto a ver Jesus ainda que de longe, saiu correndo na frente da multidão pois estava desgarrado, perdido, aflito, algo de novo precisava acontecer em sua vida corriqueira, sem sentido. Daí a firme decisão de conhecer Jesus. Procurou um lugar para se abrigar e matar de vez essa curiosidade que tanto lhe intrigava; ver Jesus!
               Sua sorte foi uma velha figueira, o mesmo faz desta o seu ponto de observação, subindo na arvore se aninhou em um de seus galhos. Com esse gesto Zaqueu já estava nos dizendo que para vermos o filho de Deus é necessário esforço, vontade disposição, isso fica claramente simbolizado no gesto de subir, escalar a arvore, nos diz também que para vermos Jesus com clareza é preciso que deixemos o corriqueiro, o habitual, o dia-dia e saiamos de nós mesmos, nos elevemos, busquemos no alto, as coisas do alto. O filho amado de Deus nosso Senhor, sendo a perfeita imagem das coisas do alto, o próprio céu na terra, vê Zaqueu que como um frágil passarinho tentando alçar voo, se abrigava nos galhos da figueira. Todo o ser de Zaqueu, sua historia, passado, presente e futuro é envolvido no olhar suave e sereno de Jesus.
             Jesus sabia que ele queria abrigar-se na verdadeira arvore da vida; o próprio Jesus, “eu sou a videira verdadeira, vós os ramos, quem está mim, e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer" (Jo-15.5), abarcado no poderoso olhar de Jesus, agora será possuído por Jesus através do sentido da audição, seus ouvidos são perpassado na voz do divino mestre que lhe fala "Zaqueu desce ligeiro pois hoje eu vou ficar na tua casa" (Lc-18.,5) tomado de alegria, envolto pela e na presença sobrenatural de Jesus, obediente a palavra, que de forma melodiosa lhe falou o próprio verbo encarnado, Jesus. Zaqueu se deixa bombardear na luz, já não é mais o mesmo Zaqueu de antes. O que desce da figueira, ligeiro voando para os pés de Jesus é diferente do ofegante e cansado de antes, é agora um homem novo restaurado, convertido "Senhor eu dou a metade dos meus bens aos pobres" (Lc-19,8). Ardendo em profundo arrependimento revestido caridade, busca o desapego, para crescer na liberdade. O que desejará é agora realidade, tem uma nova vida, é discípulo, seguidor de Jesus o eterno redentor.
            O que começou com uma simples curiosidade provoca conversão, arrependimento. Agora possuído, revestido, redimido na graça, com graça, pela graça de Deus,Zaqueu é purificado na água da vida que jorrava do Cristo fonte de fé, para a vida do sedento Zaqueu. Assim como fez com este, Jesus quer a todos inundar. A casa nada mais é que a realidade humana de Zaqueu, sua vida pregressa, também a abertura de sua alma para acolher aquele que mesmo sem conhecer já lhe causava admiração. É isso que o filho de Deus deseja, habitar em todos, todas, pois somos o seu templo, a sua morada “Se alguém me ama guardará a minha palavra, e meu pai o amará e viveremos para ele e faremos nele morada” (Jo. 14:23).

Pe. Antonio Gouveia