quinta-feira, 7 de novembro de 2013

LUTAR SEMPRE CONTRA A ESCRAVIDÃO

                    A escravidão não se deu por causa da cor negra de um povo, mas por causa da ambição e da violência, fenômeno humano, registrado em vários lugares, é uma página triste da humanidade, muitos se levantaram contra esse modo de produção escravagista. Porém a igreja, sempre lutou contra a escravidão em seus vários aspectos, muitos são os documentos que condenam essa prática. O papa João VIII, já em setembro de 873, condenou a escravidão, "Há uma coisa da qual desejo admoestar-vos em tom paterno; se não vos emendardes, cometerão grandes pecados, em vez do lucro que esperais, vereis multiplicar as vossas desgraças. Com efeito por instituição dos gregos muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas terras e comprados por vossos cidadãos que os mantém em servidão. Ora como consta ser piedoso e santo como convém ao cristão, que uma vez comprados esses escravos sejam posto em liberdade, por amor à Cristo"(Denzingr-Sch'anmetzer, enquirídio dos símbolos e divisões, nº. 668)
        Também o papa Pio II, condenou o comércio dos escravos em 07/10/1462, como um grande crime. Em 1561 Tomás de Mercado, teólogo da cidade de Servilha, declara o tráfego de escravo como algo desumano e infame. O Padre Afonso Sandoval, agiu em favor dos negros, denunciou atrocidades nas Antilhas, lutou para imprimir uma cultura anti-escravagista. Em 1639 o papa Urbano VII, publicou documentos em favor dos  escravos. Em 1707 no Brasil as primeiras constituições do arcebispado na Bahia tem um item em favor dos escravos e pede que seus senhores lhes deixassem adquirir os bens espirituais. "Conforme o direito divino e humano os escravos e escravas podem casar com pessoas cativas ou livres e seus senhores não lhes podem impedir e nem uso dele (casamento) em tempo e lugar conveniente nem por esse respeito podem tratar pior ou vende-los para outros lugares remotos" (Dom Sebastião Monteiro, vide constituições, título 71).
        O papa Pio VI, escreve a Napoleão Bonaparte imperador da França "Proibimos a todo eclesiástico ou leigo usar ou apoiar como legítimo, sobre qualquer pretexto, este comércio de negros ou pregar ou ensinar público ou particular", (L. Conti, a igreja católica e o tráfico negreiro, Lisboa 1979 página 337).
        Pio VII, se dirigiu ao congresso internacional de Viena em  1814-1815, para que a escravidão fosse condenada e abolida. Em 1700 o padre Jorge Benci, Jesuíta, publica um livro "A economia cristã dos senhores no governo dos escravos", onde condena a escravidão e critica duramente os abusos. Em 1741 o papa Bento XIV através da bula papal "Immensa Pastorum", chama por melhores condições de vida para os escravos e índios, chama de desumano os atos de prepotência contra os escravos. O padre Jesuíta André João Antoniel critica severamente os senhores de escravos na sua obra "Cultura e opulência no Brasil em 1711.
    O papa Gregório XVI em 13 / 12 / 1839 escreve "Admoestamos os fiéis que se abstenham do desumano tráfico de negros ou de qualquer outro homem que seja, o clero desse período procurava por todos os meios impedir a prática da escravidão, pois a mentalidade de que o escravo também possui uma alma e cumpre a igreja protege-la, "Ser escravo no Brasil", (Editora brasiliense S/A, SP 1982 página 118).
       Desde sempre a igreja lutou pela dignidade humana e contra todo tipo de opressão, no tocante a escravidão, muito mais deveria ter sido feito, devido condicionamentos históricos, tomou decisões próprias ao seu tempo, mas uma atitude é verdadeira, não se calou contra a escravidão e muito orientou para que a libertação acontecesse. Ordens de padres foram criadas com a intenção de evitar essa prática presente na historicidade humana pois em 1198 São João da Mata funda a Ordem dos Trinitários e os mesmos libertavam os prisioneiros, escravos, comprava-os para isso, o mesmo se deu em 1275 com os padres mercedários que já visavam a libertação dos escravos.

Pe. Antonio Gouveia

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