O templo de Jerusalém citado nos quatros evangelhos, era um lugar onde o povo de Israel oferecia sacrifícios e ofertas. O primeiro templo foi pensado por Davi, o mesmo desejava contruí-lo como um lugar para guardar a Arca da Aliança, pois este objeto sagrado por muito tempo ficou em uma tenda provisória, desde Moisés até os dias de Davi, o desejo de Davi não foi aceito por Deus, motivo é que Davi derramara muito sangue em muitas guerras.
A história conta que o seu filho Salomão cujo nome significa paz, começou a construção do primeiro templo, em uma propriedade que Davi comprou de Omã, um Jebuseu, com a própria fortuna e ajuda de príncipes, o templo começa a ser construído, ficando pronto depois de sete anos, o material principal foi pedra e madeira, as paredes internas era de cedros e nelas talhadas figuras de anjos, palmeiras e flores, o teto era inteiramente revestido de ouro. O primeiro templo foi construído no lugar onde Abraão quase sacrificava seu filho Isaac; este templo foi saqueado várias vezes e destruído por Nabucodonosor II, que levou todos os tesouros para a Babilônia, destruindo todo o templo.
Um segundo templo foi construído depois do cativeiro da Babilônia, esta segunda construção começou com um altar feito no local do antigo templo em 535 A.C. ,durante o reinado de Ciro, essa construção foi interrompida e depois retomada por Dario I, em 521 A.C., nesta segunda construção tinha um área destinada para os adoradores chamados de prosélitos, eram pessoas que não seguia as leis do judaísmo.
Com o passar do tempo, este segundo templo ficou abandonado, sendo restaurado por Herodes, não por ser um religioso mas para agradar o povo, sendo destruído por cerca dos anos 70 D.C. pela revolta romana, tudo indica que foi este o templo que Jesus conheceu e certamente entrou nele pois era norma que todo Judeu o visitasse uma vez na vida. Hoje o que resta do templo é um muro chamado de "O muro das lamentações", local de peregrinação religiosa do povo Judeu.
Em Mateus 27, 50-51 há uma narrativa de que no momento da morte de Jesus, rasgou-se o véu do templo "E eis que o véu do templo se rasgou de alto a baixo em duas partes a terra tremeu e fenderam-se as rochas abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos ressuscitaram".
A mensagem que Mateus nos deixa neste relato é a de que o único e verdadeiro sacrifício realizado por Jesus, é a sua vida entregue por todos, já não é mais necessário o sacrifício de animais no templo, a entrega de Jesus por todos aboliu esta prática. O grande e grosso véu de linho puro que cobria o altar separando-o do povo, ao ser rasgado de alto a baixo fala à todos de que em Jesus todos tem acesso à Deus-Pai, não há mais empecilho entre o homem e a sua busca por Deus, a cortina foi rasgada e Jesus é o caminho, verdade e vida que conduz todos ao Pai.
A construção desejada por Davi, só iniciada por Salomão, destruída por Nabucodonosor, reconstruído depois do cativeiro da Babilônia, a restauração feita por Herodes, a destruição do templo nos anos 70 D.C., se torna uma página importante da história de um povo com uma fé inabalável, uma busca contínua à Deus. Mas também os abusos religiosos, os desmandos políticos que saíram do templo, a opressão em nome da fé, o mal uso das ofertas que o mesmo recebia, a dominação religiosa exploradora, fez com que Jesus criticasse o templo e a sua organização: "Destruirei este templo e em três dias construirei outro", falava do templo da alma humana, morada do Espírito Santo, que todos compreenderam depois de sua ressurreição.
O Cristo filho de Deus, como todo bom Judeu amava e defendia o templo também, pois ficou profundamente abalado quando viu que o templo tinha se tornado casa de comércio, onde cambistas jogavam e vendiam. Encontrou no templo vendedores de bois e de ovelhas e pombas e os cambistas sentados fazendo um açoite de corda expulsou os bois, derramou o dinheiro dos cambistas e virou-lhes as mesas, aos que vendiam as pombas disse "Tirai daqui tudo isso e não façais da casa de meu pai um negócio" (Jo-2, 14).
Jesus nos ensina a importância do templo e o zelo que devemos ter para com o mesmo, pois é um espaço sagrado dedicado ao serviço do culto, ao louvor e a adoração, lugar de fé. Nos fala também daquele templo espiritual que habita dentro de cada ser humano, templo do Espírito Santo. Construamos cada vez mais em nós o templo de Deus, também zelando pelo nosso templo material, santuários, basílicas, paróquias e capelas, como expressão visível de um povo que ama e busca a Deus.
Pe. Antonio Gouveia
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