quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

GRAÇAS A TI AMADO JESUS

                  Nosso Senhor Jesus Cristo tem muitos modos de nos encontrar, um deles é a sua constante presença na santa Eucaristia, o caminho para esse encontro é a santa missa "Nunca língua humana pode enumerar os favores que se correlacionam ao Sacrifício da Missa. O pecador se reconcilia com Deus; o homem justo se faz ainda mais reto; os pecados são perdoados; os vícios eliminados; a virtude e o mérito crescem, e os estratagemas do demônio são frustrados." (São Lorenzo Justino) nesse ato santo, o mundo é alimentado, vivificado no sagrado pão, restabelecido no vinho santo, que uma vez consagrado, fato sobrenatural se torna receptáculo de nosso Senhor “Por meio da consagração opera-se a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo. Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, Cristo mesmo, vivo e glorioso está presente de maneira verdadeira, real e substancial, seu Corpo e seu Sangue, com sua alma e sua divindade” (CIC Parágrafo 1413) na força do poder de Deus a real presença do seu filho, nosso amado salvador reside nas especies material do pão e do vinho, tudo é perpassando pelo ser de Jesus. "Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha" (I Cor. 11:25-26). 
          Milagre grandiosismo se dá dentro da santa missa, o mais perfeito ato de adoração a trindade santa, tão agradável é para o Senhor a santa missa, que o seu próprio filho Jesus Cristo único e eterno sacerdote a celebra generosamente, se doa ao mesmo tempo no agir piedoso da igreja, na simplicidade sacerdotal, na veneração do povo que também celebra a gratuidade de Deus. "Eu sou o pão da vida. O que vem a mim, não sentirá fome, o que crê em mim nunca terá sede" (Jo 6,35) para nutrir, conservar todos unidos, a onipotência, onipresença, onisciência de Deus se faz aliança no sacrifício de amor que redime o ser humano e o mundo mergulhado no pecado, "Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação." (I Coríntios 11:27-29)
          Diante desse grande gesto de profunda misericórdia do criador cabe a criatura de forma contrita examinar na pobreza espiritual o desejo, a necessidade de buscar na mesa sagrada o corpo e sangue de Jesus, vida eterna, que redime a culpa, nutre a vida espiritual. “Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos para se conservarem perfeitos, e os imperfeitos para chegarem à perfeição” (São Francisco de Sales).
           Cristo é para sempre elevado, ofertado a Deus como ação de graças, doado por Deus em favor do seu povo, assim também, ele mesmo nos eleva, nos oferta a Deus, isto é comunhão, é a invasão da santidade destruindo o pecado, restabelecendo o pecador, é antes de tudo um ato de fé, entre a terra e o céu, é mergulhar e desfrutar de graças tão profundas e autenticas, que cura liberta, renova, é banquete de amor, com amor, no amor, por Cristo com Cristo e em Cristo.
               "Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22, 19-20) a solenidade desse momento é permeado de verdade, o próprio verbo proclama a formula santificadora "isto é o meu corpo, isto é o meu sangue derramado por vós" na liberdade do serviço, do amor Cristo se da generosamente, de uma vez por todas os sacrifícios antigos perdem o seu valor, é agora o cordeiro de Deus, "Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo" (João, 1:29), manso, humilde e obediente, da vida ao mundo no alto da cruz, e no altar eucarístico “A devoção à eucaristia é a mais nobre de todas as devoções, porque tem o próprio Deus por objeto; é a mais salutar porque nos dá o próprio autor da graça; é a mais suave, pois suave é o Senhor” (S. Pio X), 
                 Graças a ti amado Jesus, sempre e em todo momento se de graças e louvores ao santíssimo e diviníssimo sacramento.


Pe. Antonio Gouveia

domingo, 21 de dezembro de 2014

VERDADE E FÉ

            Há um forte conflito entre a fé e a duvida, uma batalha interior na vida do homem, isso consiste em um verdadeiro tormento na busca da fé, que também é compreendida como verdade, fé e verdade são princípios que dão sentido a vida. Só o ser humano busca esse sentido, só ele experimenta esse conflito. Na tentativa de que as duvidas sejam vencidas, e a verdade encontrada, compreendida, o ser humano faz uma longa experiência que consiste na desconstrução e ao mesmo tempo construção de novos padrões.
       Para que a fé seja vivenciada, o homem utiliza o pensamento, a razão, "A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade" (Papa João Paulo II - Encíclica 'Fides et Ratio) daí a contribuição da ciência. Fé e ciência não brigam, se ajudam. De forma racional a duvida é vista simplesmente como um método, "A dúvida é o princípio da sabedoria" (Aristóteles) que causa questionamentos, isso é positivo, pois ao mesmo tempo ela se torna também um caminho na descoberta da verdade, porta da fé, meio para se compreender a vida, seus altos e baixos.
           A verdade aproxima e favorece o homem na prática da fé, porém cabe a cada um conceitua-la, de acordo com suas descobertas e vivencias. No sentido religioso, a fé é um recurso que nos ajuda na busca e experiência com o sagrado "Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderão dizer a esta amoreira: 'Arranque-se e plante-se no mar', e ela obedecerá". (Lc-17,6) é também uma virtude, um dom sobrenatural, que supera duvidas, e conduz a verdade, é um caminho para liberdade, levando-nos a fazermos escolhas sensatas, verdadeiras e éticas É bom separarmos o que é religião e fé: Religião, é um conjunto de normas que apontam para a descoberta da fé. Fé, é uma experiencia pessoal com o sagrado, intima e livre, é um caminho para tolerância, inclusão, dignidade e serviço. 
        A fé é uma realidade humana que não pode ser compreendida como uma fuga, a mesma deve ser vivida como um instrumento, uma ferramenta que confronta com a realidade da vida, consigo mesmo e com as coisas que acercam. Não é também uma reação emocional entre o espírito e a matéria, o sagrado e o profano, mas uma busca sincera para uma compreensão verdadeira da relação do homem, sua história e Deus.
            Existem vários termos relacionados a fé: Fé sincera, má fé, fé publica, boa fé...em sua abrangência cabe ao homem significa-la "A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem" (Hb- 11:1). A fé é o fundamento primeiro da existência das coisas, que ainda não aconteceram, nesse sentido é também esperança rumo ao futuro, que poderá ser infinitamente melhor "Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo." (M. Gandhi)
             Somos todos convidados a vencer a duvida e descobrirmos a fé, sobretudo vive-la sem pietismos, devocionismos... sim o caminho da verdade. Com alegria construir um mundo que seja de esperança, igualdade, cada um assuma o processo histórico, com responsabilidades de forma harmoniosa, toda espécie de preconceito sejam superadas com a vivencia da fé.

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 13 de dezembro de 2014

SANTIDADE DEVE SER A META DE TODOS

               A santidade é desejo de Deus para todos, é um projeto harmonioso de vida que propicia o amor, a caridade e simplicidade entre as pessoas é a edificação da comunidade "Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza." (Rm 12,16) este mandamento que convoca todos a viverem de forma santa deve ser proclamado em todas as épocas e a todas as pessoas, "Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo" (Lv-19.2) sendo proclamado na antiga aliança, se faz presente também na nova aliança e tem sua plena realização no Cristo o único que viveu e andou em perfeita santidade tornando-se modelo para o mundo, não tenhamos medo de imita-lo.
            A palavra QADASH usada na antiga escritura identifica alguém ou algo que foi separado das demais coisas, das realidades do mundo profano para exclusivamente servir a Deus, ao seu culto e o povo. Santidade é comunhão entre as pessoas e as realidades divinas que com o socorro da graça se concretizam através das atitudes humanas para o bem de tudo e de todos, é um esforço continuo, um ato de vigilância "Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor".(Hb-12,14) muitos na antiga aliança viveram de forma valorosa, com esforço testemunhando a fé com mansidão, sofreram perseguições em mome de Deus, viveram a paz, e em pobreza se fortaleciam na confiança em Deus, praticaram a caridade e a oração, abraçaram a fé mesmo em situação de martírio, "Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará." (Sb; 3,1)    
               É observado no antigo testamento a realização desse desejo de Deus na vida de muitos homens e mulheres "esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor". (Hb-12,14), por exemplo Moisés e Elias que aparecem ao lado de Jesus no monte Tabor é um retubante exemplo de Deus que acolheu a santidade desses dois homens de fé que apesar de suas fraquezas atingiram grau de santidade. Ser santo é uma construção cotidiana do ser humano novo que renasce a cada dia na vivencia e pratica da ética, verdade, honestidade, caridade e humildade comprometido com a edificação de um mundo novo de justiça e paz. "São essenciais, na vida cristã, a oração, a humildade, a caridade para com todos: este é o caminho para a santidade". (Papa Francisco)
    É bom sabermos que a verdadeira santidade passa longe do fingimento religioso, o tal farisaísmo tão duramente criticado por nosso Senhor Jesus Cristo. Santidade não combina com pietismos, devocionismos, ritualismos, quem desejar ser santo deve  tomar consciência das fraqueza a cada dia enfrenta-las "Porque quando estou fraco então sou forte.” (2 Co 12:9-10) Ser Santo é fazer parte do corpo mistico de Cristo que a todos une numa perfeita comunhão para a construção do reino de Deus, no reino dos homens. A santidade deve a ser a meta buscada por todos.

Antonio Gouveia

sábado, 29 de novembro de 2014

ACOLHER O QUE SE ESPERA

           O ato de celebrar nada mais é do que expressar alegria, essa atitude é muito frequente também como vivencia de fé. Dentro do cristianismo católico a celebração faz parte da vida da igreja e da fé de um povo que louva, celebra e agradece a Deus que se dignou olhar para o seu povo e socorre-lo, derramando a sua graça salvando-nos no seu amado filho Jesus nosso redentor. “Quando a Graça de Deus se encontra com um espírito Puro e Batalhador, os Milagres acontecem” (Pe.Léo). Entre as mais belas celebrações católicas, destaca-se o milagre do advento, por infinitos motivos, entre eles o inicio do ano litúrgico, preparação para o santo natal, a graça de Deus encontrando-se com o espírito puro da Virgem Maria, o restabelecimento das forças para uma nova etapa da vida, que surge do novo. 
                  É uma celebração de natureza alegre e envolvente que nos faz mergulhar no mistério da misericórdia de um Deus que é amor e entrou na nossa historia, unindo-se definitivamente com o gênero humano, encorajando-o para as realidades mais sublimes o próprio céu  “É preciso ter uma Meta, e a nossa meta é muito grande. Quem se acostuma com coisa pequena não pode ir para o Céu. Quem se contenta com pouco vai para o Inferno, que é muito Fácil, e vai cavando sua cova, já. O Céu é para quem sonha grande, pensa grande, Ama grande e tem coragem de viver pequeno.” (Pe. Léo)
                 O advento nos convida a trilharmos os caminhos da esperança com oração, penitencia, vigilância, conversão, testemunho e confiança de nos refazermos em Deus e sermos grandes, "Senhor tu és nosso pai, nós somos barro; tu és nosso oleiro, e nos todos obras de tuas mãos" (Iz-63) para assim ganharmos o céu, que é desvelado para todos no santo mistério da natividade, que é a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, ação de Deus para o bem de todos, meio de santificação do gênero humano. A palavra advento é traduzida como vinda, termo que os povos romanos de forma profana utilizavam para a chegada do rei na cidade, bem mais tarde essa palavra passa a ter um novo significado sendo utilizado no mundo da fé, fazendo referencia a chegada do verdadeiro rei que é Jesus. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,18).
           No entender de São Bernardo, há tres adventos: o primeiro advento, primeira vinda do rei Jesus se deu na carne, para fortalecer o ser humano. No segundo advento ele veio em Espirito revestido de poder, vitorioso, ressuscitado, concedendo a paz. No terceiro advento ele vem na gloria, resplandecente e majestoso, a todos julgará. Façamos deste momento de espera uma rica experiência de renovação espiritual tendo como exemplo a Virgem Maria e seu humilde esposo São Jose, que esperaram em Deus e receberam Jesus nosso Salvador.


                                                                 Feliz advento à todos!!!

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 22 de novembro de 2014

EDIFICAR O REINO É SEGUIR O REI

           A celebração  do vigésimo quarto domingo do tempo comum, destaca para os filhos, filhas da igreja una, santa, católica e apostólica, a realeza presente em Jesus o filho de Deus, que teve como insignias reais as marcas dos pregos em suas mãos e pés, como selo de seu reinado de amor o coração transpassado, como trono o alto  da cruz, como coroa um desconfortável emaranhado de espinhos, como manto real o seu próprio sangue que minando de seu corpo vivificou o mundo da fé em seus seguidores. Assim enfrentou o reinado das trevas, por tudo isso e muito mais devemos, louva-lo, glorifica-lo, ele é o soberano restaurador de todas as coisas "Deus eterno e todo poderoso, que despusestes restaurar todas as coisas no vosso amado filho rei do universo, fazei que todas as criaturas libertas da escravidão e servindo a vossa majestade vos glorifique eternamente" (Ms-384) cujo poder não foi exercido através da força, arrogância, prepotência mas da docilidade e misericórdia.
             Seu reinado é de compaixão, sua grandeza é para o perdão, sua profundidade nos conduz as alturas celestiais, sua sobrenaturalidade destrói o mal, seu reino é eterno. Santamente a igreja convida todos a formar, habitar esse reino de amor, paz que começa na alma de cada homem e mulher que de boa vontade assumem na liberdade sua lei. O reinado divino, surgiu em Deus no ato sublime de criar, se tornou visível em Jesus, edifica-se com missão, evangelização da igreja à todos, "Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro" (Encíclica Annum Sacrum, 1899, do papa Leão XIII).
              A festa de Cristo rei do universo surgiu no pontificado do papa Pio XII em 1925, tem como finalidade recordar que somente no Senhor Jesus está o futuro de todos, o mesmo é superior a todas as realidades visíveis e invisíveis "Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos"
(At-4,12)
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              Na primeira leitura retirada da profecia de Ezequiel se destaca a imagem do pastor como aquele que tem poder, autoridade sobre o rebanho, curando, fortalecendo, resgatando-os da escuridão, tudo isso conforme o direito tanto das ovelhas, como do pastor que ao pastorear, legislar zela, “Deus é a lei e o legislador do Universo.” (Albert Einstein) cumpre com sua responsabilidade. A imagem perfeita da simplicidade, fidelidade e poder presente no simples pastor, nos ajuda a compreender o poder eterno, espiritual de Jesus. "Para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai." (Fl-2,10)
                   Tanto amor, cuidado de um zeloso pastor para com suas ovelhas, será vivenciado no agir do rei Jesus o eterno, soberano pastor, protetor, salvador de seu rebanho, o povo de Deus. Cercado de anjos, sentado em seu trono glorioso Jesus reunirá todos onde de acordo com as boas obras vivos sinais de fé e vivencia de um reinado de amor, nos julgará. Nós pede nosso divino, eterno, soberano, que cuidemos dos doentes, vistamos os nus que são os injustiçados, famintos, sedentos, deserdados, prisioneiros, no dizer do eterno soberano, justo, juiz Absoluto: quem for capaz de realizar essas obras será convidado a tomar posse da herança "Vinde benditos de meu pai! recebei como herança o reino que meu pai vos preparou desde a criação do mundo!" (Mt-25-34) com o mesmo rigor com que acolhe os que praticam e vivem a fé, sentenciará aos que são incapazes de edificar o reino de amor, de cuidar do próximo "Afastai-vos de mim, malditos! ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos." (Mt-25-46).
             A festa do Cristo Rei do Universo, encerra o ano litúrgico nos revelando o Cristo vitorioso, sua justiça como principio de igualdade, "A primeira igualdade, é a justiça" (Victor Hugo) à todos. A fé, num mundo onde as pessoas lute conquistem seus direitos "homem que não luta pelos seus direitos não merece viver" (Rui Barbosa) e os adquiram, sejam respeitados. A esperança vivenciada como meta "Esperança sempre" (Dom Paulo). A caridade como regra de vida "A caridade é a virtude predileta de Deus." (Coelho Neto).


Pe. Antonio Gouveia

sábado, 15 de novembro de 2014

CUIDAR BEM DOS TALENTOS.

         O evangelho do trigésimo terceiro domingo T.C ano A, fala da confiança e do amor que Deus tem para com todos. Descreve que o seu projeto é a salvação oferecida gratuitamente, com compromisso responsabilidade participemos evangelizando, pois somos batizados, batizadas devemos assumir a construção de um reino de salvos "Sim Senhor, nossas mãos vão plantar o teu reino!" (canto popular). A narrativa dos talentos chama a nossa atenção, o que fazemos com o que Deus deposita em nossas mãos? que fazemos com o nosso batismo? Recebemos talentos de Deus, forças para caminhar sem desistir, façamos deles sinais de vida, "É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca." (Don Helder Câmara) Jesus convoca, deposita em seu povo a possibilidade de surgir uma nova humanidade alicerçada, construída no compromisso e responsabilidade que cabe a cada um como consequência do batismo na trindade santa. A humanidade é simbolizada na mulher descrita na primeira leitura "Ela vale mais do que as joias. Seu marido confia nela plenamente" (Prv-31) cada homem, cada mulher são convidados a comprometer-se com a vida da igreja, comunidade povo de Deus, trabalhar na edificação do mundo à partir daquilo que recebemos do próprio Jesus, os talentos, dons divinos. Sejamos igreja, serviço, testemunhando a fé, fraternidade comunhão, no santo serviço, usando os talentos. 
      Na parábola contada por Jesus, três empregados foram agraciados por seu senhor e receberam talentos "Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros, e deu dons aos homens". (Ef-4,8) que na época correspondia a uma grande quantia de dinheiro. Cada um dos três recebeu a quantia de acordo com sua capacidade, cinco, dois e um, pois capacidades é exatamente os talentos que Deus em sua misericórdia concede aos seus filhos e filhas. 
        Deus ao nos gerar nos potencializou, e vai nos capacitando ao nos criar; como criação compreende-se o longo processo de aprendizagem, o lidar com os valores, todos somos capazes de aprender, realizar algo de bom, pois o senhor deposita o seu poder, em seus filhos, filhas cabe porém respondermos essa tremenda confiança da parte de Deus, disso prestaremos contas, essa informação não é para nos assustar, é um lembrete. Os servos bons e fieis, são os que valorizam os talentos recebidos são os convidados e escolhidos "vem participar da minha alegria" isto é a salvação. 
       A oração da coleta dessa missa destaca a alegria como motivação primeira da nossa fé, fonte de confiança e obediência à Deus "Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas" (M.R.-pg, 337). Empenhados e com todo coração, ou seja, com toda vida e trabalho os dois, autênticos servidores descritos no evangelho, cuidaram do pouco que lhes fora confiado, receberão muito mais. 
        Já o terceiro servo que o senhor confiara um talento, foi tomado de indisposição e enterrando-o, nada fez, nada edificou, é a imagem do total descompromisso, atitude presente na vida de muitos. "Os covardes morrem muito antes de sua verdadeira morte." (Júlio Cesar- Im. Romano) Usando o medo, alegando severidade da parte do senhor fez sua justificativa devolvendo apenas e miseravelmente o que recebera. Foi chamado pelo senhor de servo mau e preguiçoso, seu fim foi a escuridão em um lugar de choro e ranger de dentes. Dois dos evangelistas narram este episodio; Lucas e Mateus, ambos tem a finalidade de nos alertar de quanto somos amados por Deus e o quanto ele espera de nós
      Você também recebeu talento do Senhor por favor não os enterre. "Todos nós somos filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios" (I-Ts-5,6)
         A parábola descreve que o senhor retornou tempos depois, imagem da segunda vinda de Cristo que será uma surpresa a todos e a cada um, assim aconteceu no retorno do senhor da parábola que pediu contas dos talentos. O que recebera cinco talentos apresenta mais cinco, assim como o que recebera dois apresenta mais dois,"A fortuna e o amor preferem o corajoso." (Ovídio)

sábado, 8 de novembro de 2014

ZAQUEU O HOMEM QUE VÔOU

           Nosso Senhor Jesus Cristo ao passar fisicamente nesse mundo, marcou a vida de muitos homens e mulheres com seu amor e poder. Também o filho santo de Deus ficou marcado só que através da fraqueza, desamor foi o que recebeu da parte dos pecadores pelo o bem que fez, "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos curados Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos ” (Is 53.5-6), prova disso são as santas chagas que rasgando o seu corpo se tornou para o mundo sinal do desprezo sofrido por Jesus, mesmo diante de tantos descaso Jesus não desistiu de ir ao encontro das pessoas, acolhia homens, mulheres de sua época; pobres doentes, enfermos, pecadores, para dar-lhes vida, "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância" (João 10,10) com muitos se encontrou.
                 Um desses encontros marcou a vida de um homem; fato narrado apenas no evangelho de são Lucas. Zaqueu chefe dos cobradores de impostos, raça odiada, pois com o pagamento, sobrevivia o império e todo o seu corpo politico. Os cobradores revestidos do poder de Cesar explorava os pobres, daí enriqueciam, pois eram meeiros isso significa que quanto mais cobravam mais ganhavam.
            Zaqueu que era rico pois comandava um grupo de cobradores, ouvira falar de Jesus, seus feitos, e nome, que era propagado tanto por seguidores e inimigos. Ele desejava conhece-lo. Ocorreu que Jesus se dirigia para Jerusalém, e passando por Jericó causava alvoroço a ponto de uma grande multidão tomar conta de ruas e becos, todos queriam ver, ouvi-lo, falar, tocar em Jesus, diante do movimento, o rico Zaqueu tomado de curiosidade entrou na multidão, mas como era de baixa estatura. Simbolicamente o seu tamanho físico representa como somos pequenos, antes de conhecermos Jesus, se quisermos crescer, temos que aceitar o filho de Deus como nosso senhor e salvador, termos com ele um encontro definitivo. Disposto a ver Jesus ainda que de longe, saiu correndo na frente da multidão pois estava desgarrado, perdido, aflito, algo de novo precisava acontecer em sua vida corriqueira, sem sentido. Daí a firme decisão de conhecer Jesus. Procurou um lugar para se abrigar e matar de vez essa curiosidade que tanto lhe intrigava; ver Jesus!
               Sua sorte foi uma velha figueira, o mesmo faz desta o seu ponto de observação, subindo na arvore se aninhou em um de seus galhos. Com esse gesto Zaqueu já estava nos dizendo que para vermos o filho de Deus é necessário esforço, vontade disposição, isso fica claramente simbolizado no gesto de subir, escalar a arvore, nos diz também que para vermos Jesus com clareza é preciso que deixemos o corriqueiro, o habitual, o dia-dia e saiamos de nós mesmos, nos elevemos, busquemos no alto, as coisas do alto. O filho amado de Deus nosso Senhor, sendo a perfeita imagem das coisas do alto, o próprio céu na terra, vê Zaqueu que como um frágil passarinho tentando alçar voo, se abrigava nos galhos da figueira. Todo o ser de Zaqueu, sua historia, passado, presente e futuro é envolvido no olhar suave e sereno de Jesus.
             Jesus sabia que ele queria abrigar-se na verdadeira arvore da vida; o próprio Jesus, “eu sou a videira verdadeira, vós os ramos, quem está mim, e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer" (Jo-15.5), abarcado no poderoso olhar de Jesus, agora será possuído por Jesus através do sentido da audição, seus ouvidos são perpassado na voz do divino mestre que lhe fala "Zaqueu desce ligeiro pois hoje eu vou ficar na tua casa" (Lc-18.,5) tomado de alegria, envolto pela e na presença sobrenatural de Jesus, obediente a palavra, que de forma melodiosa lhe falou o próprio verbo encarnado, Jesus. Zaqueu se deixa bombardear na luz, já não é mais o mesmo Zaqueu de antes. O que desce da figueira, ligeiro voando para os pés de Jesus é diferente do ofegante e cansado de antes, é agora um homem novo restaurado, convertido "Senhor eu dou a metade dos meus bens aos pobres" (Lc-19,8). Ardendo em profundo arrependimento revestido caridade, busca o desapego, para crescer na liberdade. O que desejará é agora realidade, tem uma nova vida, é discípulo, seguidor de Jesus o eterno redentor.
            O que começou com uma simples curiosidade provoca conversão, arrependimento. Agora possuído, revestido, redimido na graça, com graça, pela graça de Deus,Zaqueu é purificado na água da vida que jorrava do Cristo fonte de fé, para a vida do sedento Zaqueu. Assim como fez com este, Jesus quer a todos inundar. A casa nada mais é que a realidade humana de Zaqueu, sua vida pregressa, também a abertura de sua alma para acolher aquele que mesmo sem conhecer já lhe causava admiração. É isso que o filho de Deus deseja, habitar em todos, todas, pois somos o seu templo, a sua morada “Se alguém me ama guardará a minha palavra, e meu pai o amará e viveremos para ele e faremos nele morada” (Jo. 14:23).

Pe. Antonio Gouveia

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MORTE, EXPERIÊNCIA PARA OS VIVOS

                A igreja mãe e mestra participa da vida dos seus filhos, filhas, nos acolhe, é assim quando nos introduz nos mistérios divinos através do santo batismo que nos tira da incorrupção, nos torna filhos, filhas de Deus, herdeiros da vida eterna. Nos nutre com o pão da vida, a eucaristia, fazendo-nos crescer em Cristo. Com o crisma confirmação da nossa decisão de continuar na fé, nos educa, com a palavra do criador, nos santifica, quebra o nosso orgulho nos fazendo experimentar, viver o amor de Deus.
            A igreja nos leva a viver com Cristo, ele nos acompanha por toda vida, sobretudo nos momentos difíceis como enfermidades, crises, dor, desespero, nos encorajando a não termos medo  "Ainda que eu passe pelo o vale da morte, nenhum mal temerei, por que o Senhor está comigo!" (Sl-23) também no momento de nossa morte ultima experiencia do ser humano, fato que deve ser enfrentado com fé, com um olhar de confiança na misericórdia, ainda que abalados, sofridos, tristes, nas luzes da esperança rezemos com o santo apostolo Paulo "Porquanto, para mim, viver é Cristo, é morrer é lucro" (Fl-7,2).
            A vida é o tempo de graça, amor, descoberta e vivencia da fé na eternidade, pois somos criados para imortalidade "Deus criou o homem para a imortalidade" (Sl-2) somente em Jesus Cristo, a morte como consequência do pecado será vencida, em consequência do amor de Deus que se faz presente através de Jesus que morrendo aos poucos, aos poucos também foi nos mostrando a vitória "Se alguém guarda a minha palavra jamais verá a morte" (Jo-8,51) a igreja lembra o homem a importância de guardar a palavra de Deus, como ela rompe a nossa fragilidade, "De pele e de carne me revestiste, de ossos e de nervos me consolidaste. Deste-me a vida e favoreceste-me, a Tua providência conservou-me o alento" (Jo 10,11-12)  o povo de Deus vive o eterno alento, a plena ressurreição, ao celebrar o dia do finados, em favor dos mesmos ora em prece, testemunha a eternidade de Deus, e a finitude humana.
     Já século II, era comum fazer preces em favor dos falecidos, costume vindos de tempos imemoráveis pois é apresentado na bíblia como um costume santo "É um pensamento santo e salutar orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados”. (2 Macab. 12, 46). No séc. XIII o dia dois de novembro é celebrado como o dia da ressurreição, não da morte, dia santo pois a igreja proclama, a obra redentora que Cristo realizou em favor da humanidade, a vida eterna “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé” (1Cor 15,14). Centro da fé cristã, católica.
       A fé nos vem do próprio Cristo, é vivida e celebrada pela igreja corpo mistico de Jesus. Façamos de tudo para sairmos deste mundo com a alma edificada na fé cristã. Lembremo-nos  que no nome de Deus Pai onipotente fomos criados, em Jesus Cristo, Filho do Deus vivo salvos, no Espírito Santo defendidos, teremos sim uma morada de paz, no céu, junto de Deus com a Virgem Maria, São José, os Anjos e Santos. "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já morreram, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele." (Ts-4,13) Irmãos, irmãs na fé em Cristo, louvemos e agradeçamos a Deus pai que na eterna bondade, nos permite celebrar ainda na terra, os acontecimentos vindouros como a nossa salvação, que as almas dos fieis defuntos pela misericórdia de Deus descanse em paz, Amém!.

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 25 de outubro de 2014

A GRATUIDADE DE DEUS

        Graça é uma palavra, que aparece trezentas e vinte e três vezes na bíblia, a mesma vem do grego CHARIS, favor imerecido. No latim GRATIA, grato, agradecido. Somos gratos a Deus por toda eternidade pois o mesmo com seu amor nos salva. Cresçamos em santidade pois fomos purificados com o precioso sangue de Jesus, isso é uma grande graça "Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora como no dia da eternidade. Amém." (II- Pe.3,8) O termo graça, entrou nos textos sagrados com a tradução dos setenta. Nos textos originais do antigo testamento não há a palavra graça. O termo HEM igual a misericórdia é o que mais se aproxima, porém há descrição de situações onde podemos perceber a bondade de Deus em favor do povo, isso é graça. 
         No novo testamento, aparece cento e cinquenta e seis vezes; cem vezes citada por Paulo, o desgraçado perseguidor dos cristão o antigo Saulo. Na graça de Deus surge o homem novo revestido com a benevolência de Deus, Paulo. "revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências." (Rm-1, 14) Graça expressa qualidades que torna uma pessoa agradável “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.” (Lc-1,28) por exemplo a beleza, formosura, agradabilidade, santidade da virgem Maria foi vista e aceita por Deus, que em sua bondade ofereceu ao mundo seu amor, força caridosa que é o próprio Cristo artífice da nova aliança, aquele que reveste o ser humano a fim de que o mesmo se torne agraciado para Deus. É neste oceano infinito de favores de Deus que somos espiritualmente enriquecido com a remissão dos pecados, escuta da palavra de Deus, alimentados com o corpo e sangue de Cristo, afim de que na graça, com a graça e por graça, se perpetue em nós a vida divina.
       São Paulo define o novo humano como aquele que é revestido de Cristo, isto é, de charme, graça, beleza. A nudez que tanto atormentou Adão e Eva, perde a sua maledicência, na gratuidade de Deus, que derrama paternalmente a sua graça salvífica, auxilio do homem decaído que é socorrido por e na caridade, "Mas onde abundou o pecado superabundou a graça" (Rm 5, 20). O amor de Deus vence o pecado, no mesmo o homem é dignificado. O centro da fé cristã é a mensagem amorosa de Deus, sua caridade para com a liberdade do humano. Na compreensão católica graça é o dom de Deus oferecida através do Espírito Santo:

  • A graça santificante, chega ate os filhos e filhas de Deus através do Batismo,  que nos leva a participar da graça divina, nos faz templos do Espirito Santo, irmãos de Cristo. 
  • A graça atual, leva os filhos e filhas de Deus a crescerem nos caminhos da santidade é o poder de Deus agindo na vida de seu povo. 
  • A graça sacramental, é o conjunto de bens que a igreja corpo mistico de Cristo, oferece aos seus filhos para o crescimento espiritual, os santos sacramentos. 
  • A Graça especial, são os mais variados carismas e dons derramados por Deus aos seus, no Cristo através do Espirito Santo, gratuidade de Deus.
Pe. Antonio Gouveia

sábado, 18 de outubro de 2014

DESPREZADO, SOFRIDO, PORÉM, AMOROSO, ACOLHEDOR...

          Jesus Cristo nosso salvador durante toda a sua vida iluminou o mundo com seu sofrimento. Mostrou provas do seu imenso amor sobretudo para com os pecadores arrependidos, sua dor e desfiguração foi o ápice de sua entrega, "não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos" (Is-53,2) podemos ver, admirar, contemplar, adorar sua divindade, de forma sublime em suas santas, divinas chagas, vivas e sangrando inundou o mundo com bondade de um Deus que aceita o sacrifício de seu filho único em favor dos pecadores, que o desprezam. "Desprezado e abandonado pelos homens, como alguém cheio de dores habituado ao sofrimento" (Is-53,3), atormentados na aridez, tíbios na fé não reconhecem que o filho de Deus nos amou sofrendo, não apenas durante açoites das chicotadas que lhe rasgavam a carne, os pregos perfurando-lhes as mãos de onde muitas das vezes brotou para o bem de todos bençãos indizíveis.
         O peso da cruz, chicotadas, bofetões, cusparadas, macerações ..."Mas foi ferido por causa de nossos crimes, esmagados por causa de nossas iniquidades" (Is-12,5) o cordeiro de Deus, puro sem manchas, humilde e humilhado "ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente" (Pd. 2,23), é manchado pelos pecados da humanidade. Porem o sofrimento de Cristo é bem anterior ao seu flagelo físico. O príncipe soberano ainda nos braços de sua santa mãe, na companhia de seu pai São José, já era um fugitivo. Com poucos dias de vida já tem alguém que lhe quer mau "Deus conhecia desde o início que o interesse de Herodes pelo menino era maligno" (Mt 2:12) consumido de fúria Herodes ordena uma matança às crianças da região, achando que o santo bebê encontrava-se entre as outras. Herodes, imperador do mal, é a própria serpente que tentou contra Eva, Abel, Caim... a mesma se arrasta violentamente pela historia afora para definhar as almas que sedentas buscam o Cristo já vitorioso, desde sua entrada no mundo através da virgem Maria "Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição" (Lc-2,34) a contradição só acontece na alma daqueles que como Herodes não se rendia aos planos amorosos de Deus presente em Jesus Cristo, esses tantos no passado como nos dias atuais cairão.
                 Já aos que aceitam o Cristo ainda que perseguidos serão reerguidos."já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gl-2,20). Cristo, foi acusado de bêbado, guloso, comilão "Eis aí um homem comilão e beberrão amigo de publicanos e pecadores" (Mt-11,198) totalmente desacreditado por muitos "Agora salva-te a ti mesmo. Desce desta cruz, se és o Filho de Deus!” (Mt-27,40), ainda nos dias de hoje o poder de Jesus Cristo é posto a prova, muitos o compara apenas a um filósofo, nada contra os filósofos. Um milagreiro. Ou simplesmente um agitador politico ... Foi traído, vendido por um de seus escolhidos, Judas, foi negado por Pedro...
              Foi preso como um bandido, julgado a revelia, sem defesa foi condenado. Ao brotar no seu virginal corpo as marcas, em decorrência dos açoites imerecidos, elas revelam o sofrimento interno psicológico que Jesus a muito tempo vinha enfrentando, uma especie de cálice amargo de fel, bebida curtida no pecado, imundices, mentiras, recusa da palavra de Deus, o verbo feito carne, Cristo. Torturado, assassinado, suas chagas são angustiantes, mas também poderosas provas do seu poder sobrenatural que tudo suportou por amor, a fim de abolir os sacrifícios antigos. 
          Na plenitude dos tempos Deus nos enviou o cordeiro, que uma vez abatido se tornou o puro e santo sacrifício aceito por Deus "Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hebreus 10,4). O sangue de Jesus jorrando de suas santas chagas é a nova aliança de amor. Contemplemos as chagas de Cristo, não com mero sentimentalismo mas com um profundo ato de fé, piedade, louvor, reconhecimento da ação salvífica  de Deus

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 11 de outubro de 2014

DEVOÇÃO E VENERAÇÃO SINAIS DE FÉ

             A devoção e a veneração são praticas religiosa da fé de uma pessoa ou de um grupo que reconhece a grandeza de Deus, sua misericórdia e bondade na vida daqueles, daquelas que seguindo a Deus obedecendo a sua santa palavra chegam a virtude da santidade, por isso recebem honras como veneração e devoção. É um gesto de profunda piedade comunitária que faz a igreja crescer agregando, reunindo, incluindo, abrigando corações sensíveis aos sinais de Deus que se faz presente na interseção dos anjo e dos santos.
       No nível pessoal, edifica a fé. A pessoa que pratica a veneração e a devoção reconhece e experimenta o poder sobrenatural de Deus na extensão de seu agir amoroso se fazendo presente através dos Santos e Anjos... nos milagres e graças concedidas por a interseção daqueles que se encontram na eternidade “Outro anjo pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.” (Apc 8,3-4). Devoção, veneração formam um comportamento saudável de fé o mesmo deve ser praticado como expressão da busca de Deus. De origem muito antiga a veneração já era vivenciada por Abraão "Abraão ergueu os olhos e observou três homens em pé, a pouca distância. Assim que os viu, saiu da entrada de sua tenda, correu ao encontro deles e prostrou-se, encostando seu rosto no chão." (Gn 18,2), tocados por exemplos antiquíssimos, a fé católica  sempre acolheu a devoção e a veneração como um gesto autêntico de liberdade e pratica religiosa de amor a Deus.
              A virgem Maria, santa mãe, recebe veneração e devoção de milhares de milhões de pessoas, desde de temos imemoriáveis pois a própria palavra de Deus já a venera quando nos diz "De agora em diante todas as gerações me chamarão Bem aventurada" (Lc 1,48). O povo católico a reconhece como Bem aventurada, Mãe e intercessora. O fundador do protestantismo Martinho Lutero no fim de sua vida, cria nessa verdade "É cheia de graça, proclamada inteiramente sem pecado, algo tremendamente grande. Para que fosse cheia pela graça de Deus, com tudo de bom para faze-la vitoriosa sobre o diabo" (Martinho Lutero, livro pessoal de oração 1522). O mundo católico temente a Deus e cumprindo sua santa palavra, venera devotamente a virgem Maria, "Bendita sois vós entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre Jesus" (Lc-1,42). 
          Diferente da idolatria, a veneração e a devoção é o reconhecimento de uma pessoa a uma outra que na terra se deixou usar por Deus para ser seu sinal (santos)  Já a idolatria é uma pratica de endeusar uma pessoa, uma ideia, a partir de seus feitos e fama meramente terrenas. Convêm destacar também que devoção e veneração não devem ser confundidas com superstições, ritualismo, infantilismo religioso ... longe disso devoção e veneração é um suave caminho que conduz para a santidade, oração, piedade, amor, fidelidade, paz. É Deus que nos mostra em seus santos e anjos sua misericórdia, assim se deu com encarnação de Jesus que acolhido na sua humanidade de forma amorosa pela Virgem Maria Mãe de Jesus o nosso salvador. "E o verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1:14).
         Através da veneração e devoção em primeiro lugar virgem Maria, santas imagens, relíquias, reza do santo rosário, terço, meditação da via sacra, peregrinações a lugares santos, uso de medalhinhas de santos, "E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam." (Atos 19:11,12) escapulários, cruzes abençoadas de forma verdadeira pelo sacerdote, o povo expressa uma fé pura, autentica, tudo isso amparado pela pratica da palavra de Deus e a vivência Cristã.

Pe. Antonio Gouveia

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

VINDE E COMEI, NUTRI-VOS NO CRISTO!

              O milagre realizado por Jesus Cristo dentro da santa missa, é chamado de transubstanciação, isto significa que o pão e o vinho sendo perpassado pela força sobrenatural das palavra de Jesus "E tomou o pão deu graças, partiu distribuiu entre eles, dizendo isto é o meu corpo que é entregue por vós" (Lc-22,19) se tornam sua carne "O verbo de Deus se fez carne" e seu sangue "O meu sangue é verdadeira bebida" pão e vinho, ainda que conservando o seu estado natural como cor, sabor, textura, forma, sua substância é alterada. Substancialmente é corpo e sangue de Cristo, "Persuadamo-nos, que já não temos o que a natureza formou mas o que a benção consagrou; a força da benção é maior do que a força da natureza, por que a benção muda até a natureza " (SANTO AMBRÓSIO) é para a alma esse alimento que não deve ser visto e compreendido de forma canibalística. 
            Por amor, o Cristo se torna para o ser humano pão da vida, a fim de sustentar em nós a sua substancia através do pão e do vinho da terra a ele consagrados, tornam-se fonte da eternidade, vida para o mundo "Pela consagração do pão e do vinho (ato que só acontece dentro da santa missa) opera-se a conversão de toda a substancia do pão na substancia do corpo de Cristo, de toda a substancia do vinho na substancia do sangue de Cristo" (CATHOLIC ENCICLOPEDIA-1913) a fé católica se fundamenta nas próprias palavras de Jesus "Sua palavra é como o mel dos favos" ( SL- 19,11) pois o verbo de Deus se fez carne e habitou no meio de nós  e sua palavra tem poder  "as palavras que eu vos digo são Espírito e vida" (Jo-6,63) e ainda nos afirma o Cristo com sua autoridade "O pão que eu vos hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo; o meu corpo é verdadeiramente uma comida, e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida" (Jo-6,55)  
           Corpo e sangue de Cristo se tornam vinculo de união dos fieis no amor, na caridade, gerando comunidade povo de Deus,a igreja que age no Cristo, com Cristo em Cristo ele mesmo nos convida nos oferece o banquete do amor. É uma ação de Santíssima Trindade nos diz o São João Paulo II que a mesma é: Presença, "isto é o meu corpo" sacrifício "que será entregue por vós", comunhão "recebei e comei".  É um dos sete sinais, é sacramento sensível, o ser humano o sente no pão o saboreia com a degustação, enquanto a alma é inundada, preenchida pela graça que atua neste belíssimo, inefável ato de misericórdia "A eucaristia é verdadeiramente um pedaço do céu que se abre sobre a terra, é um raio de glória da Jerusalém celeste que atravessa a nuvem da nossa história e vem iluminar o nosso caminho" ( ECCLESIA IN EUCARISTIA, CAP,1,19)
          O milagre acontece não no modo figurativo, sim na real presença do corpo e sangue de Cristo, sinal profundo de redenção e justiça doada gratuitamente para o bem dos homens e mulheres que de boa vontade, disposição interior, buscam a salvação que o corpo e o sangue de Cristo nos oferece. Deus sempre perpassa a nossa natureza enfraquecida no pecado, reabilitando-a, por exemplo: alimentando o povo no deserto enquanto buscavam a terra prometida, na belíssima ação de multiplicar pães e peixes. "E disse-me: o filho do homem, dar de comer ao teu ventre e enche tuas entranhas do teu rolo que te dou. Então comi, era na minha boca doce como o mel" (Ez-3;1). Ezequiel se nutre na palavra nela encontra força e sabor, agora para o bem e edificação dos que no corpo e sangue de Cristo querem se nutrir "E o verbo de Deus (Jesus) se fez carne e habitou no meio de nos" (Jo-1,14) para romper as barreiras da descrença, levar o ser humano ao âmago do mistério salvífico, Cristo se torna claríssimo falando ao mundo "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo-6,14) 
       Sejamos um outro Cristo na terra com humildade, fé, esperança, e caridade, busquemos constantemente essa grande graça que Deus nos permite desfrutar enquanto somos peregrinos neste mundo. Sustentemos a fé na nossa igreja una, santa, católica que, em seus santos altares em obediência ao mandato de Cristo "Façam isso em memória de mim" (Lc-22,19) gera nosso alimento a eucaristia, "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre" (Hb-13,8).

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 27 de setembro de 2014

O SIM DO AMOR

               A igreja Una, Santa e Católica, reúne os seus filhos ao redor do altar da santa Palavra, da Eucaristia que é o Cristo vivo, para pedir em oração neste 26º. domingo, que Deus mostre-nos o seu poder, derramando sobre todos o perdão e misericórdia. Auxiliados por graça tão sublime caminharemos ao encontro das promessas de Deus reservadas aos Seus.
         Na primeira leitura (Ez-18, 25-28) vemos a grandeza e o valor do arrependimento na vida do pecador, arrependendo-se com certeza viverá e não morrerá "em verdade eu vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no reino de Deus". Ao contrário, aquele que vive no mal, no pecado e não se arrepende este morrerá. Somos conduzidos a recordar continuamente a ternura e a compaixão de Deus, e convidados ao arrependimento. Pois o Senhor é piedade, retidão e quer reconduzir os pecadores para o bom caminho, na justiça, orientado-os na busca da salvação, na pratica de fé e do testemunho autentico, que é a participação de todos no trabalho missionário, na edificação de um mundo melhor a vinha de Deus, entregue a todos os batizados. 
         Na segunda leitura São Paulo se dirige ao povo de Filipos (Fl-2, 1-11), dizendo que consolação, mútuo amor, comunhão no Espírito, ternura e compaixão, completa a sua alegria. Pois no Cristo ele experimenta o amor, a harmonia para o bem da unidade, agindo longe de toda a competição, mas com muita humildade, julga sempre o outro como mais importante, convida todos a terem os mesmos sentimentos de Cristo que esvaziou-se, humilhou-se, na obediência até a sua entrega na cruz para o bem de todos, por isso foi exaltado por Deus e ao seu nome se dobre todo joelho no céu, na terra e embaixo da terra, todos os renovados, resgatados por Jesus como o próprio Paulo proclame "Jesus é o Senhor!" é o que proclama também a igreja que nasce, se sustenta, no poder de Jesus e na força do seu nome glorioso.
              Em Mateus 21, 28-32, Jesus novamente fala da vinha como lugar da ação dos convertidos, a fim de que todos, tomem consciência do trabalho missionário. Apresentando dois filhos que a convite do pai devem trabalhar na vinha, o primeiro responde não, mas arrependendo-se volta atras e toma a vinha como seu serviço. O segundo filho responde sim mas não cumpre o dito e abandona a vinha. Neste relato, Jesus deixa claro que Deus nos entrega a sua obra, nela devemos trabalhar. A primeira resposta do filho mais novo, são aqueles que recebem o anuncio dizem não mas refletindo sobre a importância da obra de Deus se convertem mudam de atitude. Podemos ver aqui os pecadores que no primeiro momento são resistentes ao chamado do pai, Deus. O segundo filho, é o sim de momento, que representa a insegurança, falta de compromisso, são muitos daqueles que não dão conta do serviço missionário, representam os fariseus, publicanos, doutores da lei, sacerdotes, levitas, o templo de Jerusalém que não cuidou da vinha do Senhor. E muitos nos dias atuais que a frente de movimento e pastorais paroquiais, não respondem adequadamente aquilo que a igreja vinha da humanidade espera. Peçamos que todos nós batizados na Trindade Santa, impulsionados pelo Espírito Santo na pessoa de Jesus Cristo possamos cumprir as promessas sendo missionários no mundo anunciando a todos que Jesus Cristo é o Senhor afim de que a salvação seja levada a todos os lugares.

Pe. Antonio Gouveia 

                 

sábado, 16 de agosto de 2014

A CABEÇA ENTREGUE A DEUS

            A morte de São João Batista, tem como causa principal o seu esmerado zelo pela causa de Deus, seu amor para com a verdade, profundo empenho com a santidade das pessoas. Outra causa, o ódio de uma mulher incestuosa, traidora, vingativa. Herodiadis, uma princesa judia que morreu no ano 39 D.C. Aproveitando-se da filha Salomé, a induz pedir como prêmio a cabeça de um justo, santo e profeta, o homem do deserto, amigo íntimo de Deus o batizador, João Batista.
              Antiprato que foi conselheiro do rei Hircano, traidor do povo judeu ao apoiar os romanos, fez sua vida politica as custas de traições, mentiras, conchavos. É o pai de Herodes o grande, "Quando maior o homem maior o seu potencial para a maldade" (Textos Judaicos) é também avô de Herodiadis que pediu a cabeça de são João Batista. Nasceu na Judeia em 73 A.C. A sua índole foi formada nas maldades de seu pai. Foi esse Herodes de codinome o grande que levou são João a prisão. Mandou matar as crianças de Jerusalém na intenção de matar o menino Jesus, pois viu no nascimento do filho de Deus ameaças a seu trono. "A maldade bebe a maior parte do veneno que produz" (Séneca)
               Teve varias mulheres, muitos filhos, ambos de mau caráter entre tantos H. Antipas, H. Felipe. Na morte de São João Batista, trés Herodes envolvidos: Antipas o grande. Herodiadis sobrinha dos dois, cunhada e amante de Antipas. Salomé filha, de H. Filipe, ex de Herodiadis. Entre essa trindade maldita, um justo, o grande pregador, São João Batista judeu de séc. I, filho de São Zacarias e Santa Izabel primo de Jesus. Era procurado pelo povo a quem recebia para batiza-los, ouvi-los em confissão, leva-los à conversão através de pregações, que os fazia mudar de conduta.
               Em uma de suas pregações publica condena a união de Herodes Antipas que separou-se de sua primeira mulher Faselias para juntar-se com sua sobrinha, mulher de seu meio irmão Herodes Filipe que foi deserdado se encontrava em falência. O povo também condenou esta atitude, chegando a provocar uma revolta, culpa que recaiu sobre João Batista "Mas Herodes o tretarca repreendido por ele (João) por causa de Herodiades mulher de seu irmão e por causa e todos os crimes que praticara" (Lc-3,19).      
               Ao condenar tal união, São João Batista foi preso por dez meses até o dia de sua morte por decapitação segundo os evangelistas, Mt:14, 1-12. Mc:6,14-29. Lc:7-9. Herodiadis brava, com o não do santo pregador, age com ódio, vingança e planeja um meio de matar São João Batista, aquele que queria tirar-lhe das trevas, "Por isso Herodiadis o odiava e queria mata-lo" (Mc-6,19) cria um diabólico plano. Aproveita uma promessa do atual Marido, na festa de seu aniversario, que já embriagado se encanta com a dança erótica de sua sobrinha e enteada Salomé, oferecendo-lhe como prêmio o que a mesma quisesse. Em duvida do que pedir vai ao encontro da mãe, que lhe sugere: peça a cabeça de João Batista!
             Degolado por causa de sua missão, perde a cabeça, permanece na historia como o precursor de Jesus, mártir, protetor e intercessor dos santos casais. Já os Herodes sinal da maldade, vingança, desobediência, marca a historia com exemplos de soberba, arrogância para com a palavra de Deus e seus profetas, colheram frutos amargos como resultado de suas escolhas erradas. Herodes Antipas e Herodiadis foram exilado por Calígula, para a Gália, atual Lyon onde morreram pobres. Salomé segunda tradição morreu durante um rigoroso inverno quando atravessava o rio sikoris, coberto de gelo, quando cai sobre ela uma lamina de gelo decepando-lhe, somente sua cabeça foi levada para sua mãe e seu tio padrasto. "Pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão" (Mt-26,52)


Pe. Antonio Gouveia

sábado, 2 de agosto de 2014

JUDAS, DE RADIANTE A ENGOLIDO PELAS TREVAS

         Há no novo testamento, um homem que entrou para a história como sinal de traição. Apesar de ter sido chamado por Jesus e obedecendo-o o que fez a princípio com muito ardor e devoção, mas com o tempo foi se revelando laxo, um verdadeiro sepulcro caiado como alertou Jesus "Ai de vós, sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro, estão cheios de podridão e imundice" (MT-23,27) esse ao longo de seu caminhar foi se tornando iníquo, e a sua alma para com Nosso Senhor Jesus Cristo, foi possuída por frieza espiritual, "Por multiplicar a iniquidade, o amor se esfria em quase todos" (Mt-24,12).
      É Judas também chamado de Escariotes. Com um beijo sinal de amor e amizade, trai o filho amado de Deus "Com um beijo trai o filho do homem" (lC-22,48) esse pobre e desgraçado homem, escondendo sua falta de fé, atrás de um beijo de aparência verdadeira, porém falso na intenção, vende o filho de Deus por uma micharia de trinta moedas de prata, preço equivalente ao de um escravo"Mas ai daquele que trai o filho do homem, melhor seria não haver nascido" (Mt-26,12), desde esse instante a sua alma não teve mais paz, sua vida se tornou conflituosa.
        O evangelista Mateus conta que, possuído por um profundo desespero judas abandona o dinheiro adquirido com a venda de Jesus, "Vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e anciãos, dizendo pequei, traindo sangue inocente" (Mt-27,3-4) e depois enforcou-se. Os pagantes, mestre da lei sabendo que o tal dinheiro estava sujo com o sangue de um santo inocente, não o colocam no cofre do templo, mas compram um terreno para enterrar os mortos. Já Lucas descreve em atos dos apóstolos que Judas corroído de dor na alma atirou-se de um precipício "Depois tombando para a frente, arrebentou-se ao meio e todas as vísceras se derramaram" (At-6,18). Triste fim, a traição sempre conduz ao precipício.
         
O nome de Judas aparece vinte vezes no novo testamento. É citado por Mateus. "E Judas Escariotes que o trai" (Mt-10,2-4,) Marcos e Lucas, aparece na lista dos doze escolhidos de Jesus. Apesar de seus conhecidos pecados, "Pois, era ladrão e tinha a bolsa e tirava o que ai se lançava" (João-12,6) o bondoso Jesus não desistiu dessa alma cercando-a de carinho e proteção: 

1 - Lavou os seus pés. 
2 - Deixou que comesse no seu prato.
3 - Deu-lhe o cargo de tesoureiro do grupo apostólico. 
4 -Permitiu que lhe beijasse. 
5 - Recebeu o poder de curar e expulsar demônios.
6 - Viveu três anos ao lado de Jesus. 
              Em troca, a traição! Qual teria sido o motivo de tanta insatisfação, rebeldia, leviandade e desconsideração?
         Judas fazia parte de um grupo que lutava contra o poder opressor do império, os zelotas tornou-se seguidor de Jesus na esperança de que o mesmo restaurasse o reino, como isso não aconteceu, trai o mestre. 
       Há uma outra justificativa. Ao trair Jesus, Judas esperava que os outros discípulos e o povo reagissem para defende-lo começando aí uma revolta, contra o poder. 
       Os padres do primeiro século, interpretam esse desfecho como uma profecia do antigo testamento, que foi prefigurado na venda de José por seu irmão Judá, José depois de vendido salva toda a família da morte, assim também com Jesus depois de vendido, é assassinado na cruz, e ressuscita salvando a todos. 
   "O que sofre lá em cima a dor mais lancinante é Judas Escariotes" com essas palavras Dante Alequieri descreve Judas na divina comedia, já no inferno ao lado de Cassius e Brutus, assassinos de Júlio Cesar. Será que o diabo, que entrou no coração de Judas, "E satanás entrou no coração de Judas, chamado Escariotes, que foi um dos doze" (Lc-22,3) não continua agindo nos tempos atuais entrando no coração de muitos,? para descaminha-los, transformando-os em traidores de Jesus. Percebemos que Judas foi chamado pela própria luz Jesus, para radiar a luz, desgraçadamente se deixou engolir pelas trevas. 

Pe. Antonio Gouveia

sábado, 26 de julho de 2014

JUDITE A DESTRUIDORA DO MAL

         Muitas mulheres fortes, destemidas, corajosas, entraram para as paginas da bíblia, deixando um legado de fé e determinação, uma entre tantas, é Judite. Nome que significa judia. Filha de Yochanan um sacerdote que atuou na época dos macabeus, quando o povo judeu estava sob a opressão grego-síria, morava na cidade de Betúnia era esposa de Manassés, o mesmo morreu de insolação durante uma colheita. A viuvá vive o luto durante trés anos e quatro meses, herdando por direito a fortuna e riqueza do marido, era descrita como uma bela mulher, "Era belíssima de aspecto e estimada por todos, por que tinha muito temor a Deus" (Jd-8,5) inteligente, devota, querida e respeitada por todos da região.
               Os feitos dessa grande heroína é contado no antigo testamento, no livro que traz, o seu nome. Em suas atitudes, pode-se perceber uma releitura de alguns acontecimentos vividos pelo povo de Deus. Judite é comparada a nação israelita, sua viuvez simboliza o povo de Israel seu sofrimento e abandono. De autor desconhecido o mesmo deixa claro, que a salvação acontece dentro de um processo histórico de luta entre oprimidos e opressores. Descreve o povo de Deus e sua luta para preservar os seus valores sobretudo a fé que receberam de seus antepassados. Porém este livro não é aceito pelos protestantes, pois o consideram apócrifo, ou seja, não inspirado.
          Tudo se inicia quando o rei Nabucodonosor quer conquistar vários reinos para si, através do terror, guerras, invasões, pois o mesmo se identificava como deus e queria tudo dominar, ser adorado, sua intenção era eliminar o judaísmo e sua fé. O seu homem de confiança executava sem piedade suas ordem, era um certo general chamado Holofernes, nele podemos ver:
1 - a serpente que seduziu Eva.
2 - Caim que matou Abel.
3 - O gigante abatido por Davi.
4 - É a personificação da maldade e da morte.
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              Como tática de invasão, a nação judia foi perseguida, sitiada, privada de água, até se entregarem. O povo vai ao encontro de Ozias chefe da cidade, pedindo que se renda, porém Ozias aconselha cinco dias de oração "Então na sua angústia clamaram ao Senhor, ele os livrou da tribulação faz cessar a tormenta e as ondas se acalmaram" (Sl-107,30) e penitência, "Foi devidamente destinado a levar o povo à penitência, e robusteceram a piedade numa época de pecado" (Ecle-49,3) se depois disso Deus não mandasse ajuda se entregariam. 
              É nesse contexto de conflito, opressão, terror, morte, que urge Judite, determinada como enviada de Deus para vencer o mal, algo que sempre foi e deve ser combatido. Judite desfazendo-se de suas veste de luto vai até a tenda do general Holofernes, que diante de tanta beleza faz uma festa, fica embriagado, é quando Judite mata-o decepando-lhe a cabeça, como sinal de contradição Judite entra para história de forma corajosa e decidida matando o mal, o inimigo do ser humano, que naquele momento causava divisão "Farei reinar inimizade entre ti e a mulher" (Gn-3,5). é a prefiguração de Maria que sera a eleita de Deus, gerando Jesus o vencedor do mal, o relato deste fato deve ser lido como analogia, um conto para despertamos para a luta contra o mal, vivencia da fé, confiança em Deus, porem nunca matar.

Pe. Antonio Gouveia

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A MARCANTE JEZABEL

                  Entre as várias mulheres que se fazem presente nos relatos bíblicos, uma chama atenção pelo seu comportamento de maldade, frieza e vaidade, sobre essa personagem tão marcante escreveu, Flávio Josefo "Jamais mulher alguma foi mais ousada mais insolente, de horrível impiedade chegou mesmo a não se envergonhar de edificar um templo a Baal" (Ant. Judaicas-VII-356) usava sua paixão sexual de forma visceral para dominar, manipular, controlar a vida do rei e do reino
         É Jezabel, nome de vários significados, no hebraico, é lugar sem habitação. No grego, lugar ermo, ilha. Ambos indicam solidão, vazio, abandono, falta de santa sabedoria "A sabedoria não entrará na alma perversa nem habitará ao corpo sujeito ao pecado" (Sb-1,4) no entanto teve poder, riqueza, beleza, inteligência, porém usava todos os atributos para esconder sua fragilidade, enganando a si própria, agia de forma arrogante, pintava o rosto, vestia-se bem, "Jezabel pintou os olhos, arrumou o cabelo e ficou olhando da janela do palácio" (2 Reis-9,30)
        Sua história está no primeiro livro de reis. Nos dias atuais seu nome serve para identificar comportamentos de vilania, traições, os que fazem uso da sexualidade para controlar, dominar, chantagear, arrogância, abuso de poder, idolatria de si mesmo, deboche... comportamento esses que se alojam também no homem, é o próprio espírito da mal atuando na oportunidade. É necessário vigiarmos para não sermos como Jezabel, joguete nas mãos de satanás, fiquemos com São Pedro, "Sedes sóbrios e vigilantes, vosso adversário o demônio anda ao redor de vós, como um leão que ruge buscando a quem devorar"(I-Pedro-58).
               Filha de um rei Fenício, foi esposa de Acabe, um dos reis de Israel, que sucedeu Jeroboão em 870-853- A.C, porém o seu governo foi um fracaso por conta de sua esposa que o dominava e controlava. "Ninguen houve pois como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor, porque Jezabel sua mulher o instigava" (1- Reis-21,15). O casamento de Acabe e Jezabel se deu para fazer aliança políticas entre Fenícia e Israel, o que não foi aceito pelas lei de Israel, lei mosaica, tiveram trés filhos: 
1) Ocozias que sucedeu seu pai Acabe, depois da morte do mesmo. 
2) Jorão que sucede o irmão, mas foi Jezabel que governou através dele. 
3) Atalaia, uma mulher que reinou por seis anos, só que para isso teve que matar todos os herdeiros, imitando sua mãe em maldade.
        De comportamento pagão, é identificada como uma feiticeira "As prostituições de Jezabel e suas feitiçarias são tantas" (4-Rs-9,22) Jezabel não deixou de adorar e prestar culto ao seu deus Baal, ao mesmo tempo combatia a crença ao Deus dos judeus. A mando de Deus, o santo profeta Elias foi o seu grande opositor, isso a deixou furiosa. Muitos foram os pecados dessa mulher:
a) prostituir-se adorando deus pagão Baal.
b) Ambição.
c) Assassinato por causa de um terreno perto de seu palácio, mandou matar o seu proprietário, Nabot.
d) Matou os profetas de Deus.
e) Odiou, perseguiu o santo profeta Elias, pois a mesma se dizia profetiza
             O mal não dura para sempre, o fim dessa mulher se deu de forma trágica. Quando Jeú, assassino de seu filho Jorão, liderou uma revolta contra os desmando da realeza, a mesma para seduzir Jeú, aparece na janela de seu palácio com o rosto pintado, Jeú conhecendo seus métodos de sedução, pede que seus eunucos a atirem janela abaixo do palácio, estatelando-se no chão, seu sangue mancha os cavalos, as paredes de seu palácio
          Os cães devoraram partes de seu corpo, restando apenas o crânio, mãos e pés. Morte que foi profetizada por Eliseu o profeta "Também acerca de Jezabel disse o Senhor: os cães comerão a Jezabel" (1Reis-21:23) devido o seu mau comportamento é citada no livro de apocalipse como sinônimo de maldade, "Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetiza; ela ensina e seduz maus servos a se prostituirem e a comerem das coisas sacrificadas aos ídolos" (Ap-2,20)
             O mal exemplo dessa mulher, que canalizou sua força inteligencia, beleza e poder para astuciar o mal, serve de alerta, a fim de possamos com humildade, retidão e santidade temer o Senhor nosso criador como fizeram muitas santas mulheres que iluminam as paginas da bíblia por causa de suas virtudes entre tantas, a virgem Maria, rainha do amor, escolhida por Deus para ser mãe de nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Antonio Gouveia