As leituras da Solenidade de Pentecostes, nos apresenta o Espírito Santo continuando a obra de Jesus confiada aos apóstolos,em Atos (2,1-11),Lucas relata de forma muito viva e sobrenatural a manifestação do Espírito Santo que se apresenta de forma magnífica. Este acontecimento é a coroação, é a resposta de Deus na vida dos discípulos de Jesus. O Espírito de Deus se manifesta em um dia exato quando os discípulos estavam reunidos, em oração.
O lugar, em que estavam não é apenas uma compreensão geográfica, Jerusalém, mas sim o Cristo aquele que sofreu, morreu, ressuscitou e foi elevado aos céus, este sim, é o lugar, o espaço de vivência e convivência. Podemos compreender a disposição dos discípulos em continuar o que Jesus realizou, sobretudo as orientações deixadas por ele nos últimos cinquenta dias.
O céu responde e aceita a determinação dos discípulos, pois do mesmo veio um grande barulho é como se o céu apresentasse o seu contentamento, dando o aval para os discípulos continuarem alegres a obra de Jesus. Agora com o defensor, o céu se manifesta, o vento sopra impetuosamente dando vida, encorajando-os, enchendo a casa onde os discípulos se encontravam, a casa é a imagem da igreja, inflada pelo sopro divino, confirmada no céu, iluminada com as línguas de fogo, que é a palavra proclamada vivida, e queima os ouvidos dos ouvintes, faz arder o coração, quebra as barreiras, dissipa as trevas, torna-os crentes
Línguas benditas, aquelas que ardendo no Espírito proclama o poder estupendo de Deus, são ouvidas por toda a multidão. O céu, o vento, o fogo, se apossam dos discípulos, é assim que devemos nos deixar levar pelo vento que sopra onde quer , ter prazer em sermos consumidos no fogo divino, nele arder.
O que mais pode acontecer aos discípulos?, serão cheios, transbordarão no Espírito Santo, por isso já não falavam por si, nem o que querem, sim o que o amor de Deus determina, este amor divino que é o próprio Espírito Santo, os soprava palavras de fogo que envolviam a multidão presente em Jerusalém, ao ouvirem diz o texto: ficavam confusos, pois repensavam suas vidas, eram convidados a mudarem de atitudes, se converterem, esse apelo surgiu em suas próprias compreensões quando ouviram o soar da palavra de Deus, compreendida em sua própria língua, ou seja, na sua realidade humana e existencial, em suas dúvidas na busca da certeza, das trevas para a luz, da letargia para a missão, esse foi o grande milagre de Pentecostes, confrontar a pessoa consigo mesmo a partir do Espírito que nos faz recordar todo o amor de Deus.
Admirados, pois se deixaram seduzir, amar pelo Espírito, toda multidão compreendeu o que era proclamado pela boca dos discípulos, que com línguas de fogo, transbordavam em palavras de luz, pois só o Espírito Santo sabe falar ao íntimo de cada pessoa à partir da realidade e necessidade de cada um, a palavra que no princípio tudo criou, organizou o caos é anunciada para todo sempre, como um facho de luz.
O salmo nos ajuda a entrar neste mistério é o 103 clama e pede cantando: "Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda face renovai", este refrão traduz a graça daquele momento em que os discípulos celebravam o Pentecostes. Este acontecimento renova a vida das pessoas e todos podem contemplar, experimentar os dons que são muitos chegam até nós porque Jesus é o Senhor, mas só um é o bem feitor, o doador, aquele que distribui os ministérios, que operaciona várias atividades em um Deus único, que tudo realiza, a todos se manifesta tendo em vista o bem comum, somos batizados num único Espírito para formar o corpo, igreja, saciar a nossa sede de fé, o conhecimento em Deus que derrama sobre nós seu Espírito a fim de que possamos receber, praticar, viver a paz, como nos disse Jesus: "A paz esteja convosco", é nesta paz que ele nos envia nos dando o seu sopro, revestindo-nos com o Espírito Santo "recebei o Espírito Santo", assim temos forças para perdoar e sermos perdoados.
Os Judeus já celebravam a festa dos cinquenta dias para relembrarem o momento que Moisés recebeu no Monte Sinai as Tábuas da Lei, festejavam portanto a Aliança de Deus com o seu povo. Essa grande festa tinha três nomes:
- Festa da semente (Deus provedor que nos dá o alimento).
- Festa da colheita (Deus que faz brotar da terra o fruto cotidiano).
- Festa das primícias (Deus que deve ser o primeiro e o único amado por nós).
em todas essas festas o poder de Deus é o fato celebrado, somente a partir do ano 333 durante o chamado período grego antes de Cristo, essa festa ganhou o nome de Pentecostes, que quer dizer cinquenta dias depois, porém permaneceu o sentido primitivo que é o de render graças à Deus pela terra, pela sua lei o decálogo.
Os apóstolos revestidos do Espírito Santo nos cinquenta dias depois da páscoa de Jesus também rendem graças à Deus pois cabe a eles pela palavra de Deus conduzir a humanidade no amor de Cristo, fazer com que a lei de Deus seja vivida com amor por todos.
Pe. Antônio Gouveia
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