sábado, 29 de junho de 2013

DEUS ABRAÇA O NOSSO POUCO

            Para celebrar os santos apóstolos mártires São Pedro, pescador, São Paulo,doutor a igreja veste os paramentos vermelhos, cor viva que indica o martírio pelo qual esses dois santos, ofertaram  suas vida decididamente. Abandonaram-se em Jesus, tomaram a cruz de cada dia e o seguiram ate a eternidade.
      O sangue dos mártires é a seiva edificante da igreja. Exemplo vivido pelo seu fundador Jesus Cristo. O sofrimento livre, espontâneo, consciente se torna um discurso sem palavras, um chamado, acolhido de forma decisiva que indica um dos caminhos da vocação cristã, (o martírio), ao abraçar a vida religiosa, leiga, sacerdotal, como escolha, podemos citar exemplos, sem necessariamente   derramarem o sangue, sim a vida numa entrega total: João Paulo II, mártir dos nossos tempos, mesmo na enfermidade carregava essa cruz de forma tocante e disponível, até o dia em que Deus o levou para si. 
   Dom Oscar Romero sacerdote latino-americano comprometido com os abandonados, os periféricos da vida. Irmã Dorothy vitimando-se em favor da obra de Deus: a natureza; Irmã Dulce, santa baiana, íntima da caridade; Santa Tereza de Calcutá, infinitos leigos, leigas que no anonimato de suas vidas vivem a vocação do santo batismo cristão católico, edifica continuamente a igreja com seus sacrifícios, pobreza, oração,  fé, alegria, serviço, esperança.
          Padres piedosos, almas vivas de nossos altares: que trazem para a terra o Cristo Eucarístico; escutam com misericórdia sacramental da penitência, os pecados de homens, mulheres;fazem nascer para a igreja na água santa do batismo, filhos; celebra a vida no santo matrimônio católico, abraçado por tantos homens, mulheres como pediu nosso pai criador "crescei-vos e multiplicai-vos"se fazendo presente nos momentos derradeiros daqueles que em Deus, buscam descanso do cansaço deste mundo, os enfermos;emprestam a voz, sua luta, chegando até,  dar a vida em favor dos oprimidos, pobres abandonados a inexistência.
          Religiosos,  religiosas que em várias partes do mundo, nos mais variados serviços, asilos, hospitais, leprosários, casas de recuperação, campo, escolas, se martirizam cotidianamente, deixam o resplendor de Cristo se fazer presente na sua prática de vida vocacional, com uma pastoral intensa,  vivificante, construtiva. 
   Monges, monjas que na vida de clausura, felizes exercem o ministério da oração contemplativa, pulsando através da oração em Deus, apresentando no nome glorioso de Jesus, as necessidades do mundo ao pai bondoso que tudo acolhe no seu coração, consumidos, consumidas no Espírito Santo, que lhes enriquece com o dom da contemplação, são verdadeiras,  verdadeiros edificantes da Igreja, Una, Santa, Católica.
        O mês de junho se encerra com a celebração litúrgica profundamente católica, apostólica, o martírio de São Pedro e São Paulo (At-12, 1-11). A primeira leitura deste domingo,  narra a perseguição de Herodes contra a igreja, a força da oração, ação imediata de Deus. Herodes persegue a igreja, encarcera São Pedro, prende a uns, tortura outros, até matando-os, diz-nos esta leitura, que ele mandou matar São Tiago irmão de São João. Esses fatos se deram numa festa importante, dos "pães ázimos", dia em que a cidade estava repleta de peregrinos.
         A igreja testemunhava a fé de várias formas, sobretudo na oração, prática fundante, edificante que sustenta a igreja,  o cristão até hoje, "Enquanto Pedro era mantido na prisão, a igreja orava  continuamente por ele"  (At-12,5)
      São Pedro recebe a visita de um anjo que o ajuda, "levanta-te depressa", a voz do anjo foi tão forte que as correntes lhe caíram das mãos, a cela se encheu de luz, "coloca o cinto e calça tuas sandálias, põe tua capa e vem comigo", compreendemos que o acontecido se deu de forma verídica, São Pedro interagia de forma consciente no momento em que o anjo agia, movimentava-se, vestia a roupa, não era simplesmente uma visão, mas  ação gigantesca de Deus. Este foi um dos momentos em que são Pedro experimentou de forma salutar, sobreana, no seu ministério,o agir de Deus "Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo que o povo Judeu esperava".(At-12, 11).
     Na segunda leitura São Paulo escrevendo à Timóteo, declara com certeza,  decisão, o seu fim. "Quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida" (2Tm-4,6). O mesmo se percebe depois de tantas algúrias, como vítima, ofertando-se inteiramente em sacrifício edificante para a igreja que tanto amara."Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé"(2Tm-4, 7). Duas coisas lhe alegra nesse momento final: a disposição para combater usando a palavra de Deus e sua coragem, considerava-se como alguém que fez o que lhe fora pedido: guardando a fé, espera agora a coroa da justiça,  o Senhor sempre esteve ao seu lado, dando-lhe animo, pois experimentara constantemente a ação do Senhor em sua vida. 
       No evangelho de Mateus-16, 3-19, Jesus felicita,  Simão (Pedro), "Feliz és tu Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu pai que está no céu". (Mt-16,17). Tal felicitação proferida por Jesus, acontece porque Pedro vê em Jesus o Messias, filho do Deus vivo, a profundidade do agir de Deus, abrigo, socorro para todos os desvalidos,  presente,  passado, futuro, a ação salvífica, amor eterno, alegria do ser humano, serenidade profunda,  absoluta essência, o onipresente, onisciente, onipotente, o sobrenatural ali no Jesus histórico. Tal descoberta, é feita por São Pedro pois ele se esvaziou  do humano, abdicou de suas  vontades, deixando de conservar a própria vida, para edificar o seu ser neste ungido o Cristo de Deus. Esse mesmo Deus que foi aos poucos moldando o rude pescador, esculpindo-o  
trabalhando-o, lapidando-o, santificando-o, neste homem totalmente reconstruído por Deus, só ele é capaz de ver no Cristo o filho de Deus, o Messias, o nosso salvador.
      Quanto maior,  a compreensão nas realidade divinas, bem maior, o compromisso, infinitamente maior é aquilo que Deus coloca sob a responsabilidade daquele que o dispõe á Deus. "Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra eu construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vence-la(M-16,17), este momento solene acontecido em Cesareia de Filipe, é a fundação da Igreja pela palavra de Jesus, com desejo ardente do criador,  confiado à Pedro e  a todos os discípulos, a mim,  você, nós.
       Pedro também recebe as chaves do reino dos céus, o poder de ligar, desligar essas duas realidade, céu, terra, no agir humano. Neste momento a igreja nasce primeiramente no agir misterioso do criador onipotente, na ação pneumática do Espírito Santo, na palavra de Jesus, é entregue aos homens, mulheres que farão de tudo para que exista, plenamente na terra, sem nunca perder a assistência divina da trindade onipotente. Conscientes de que irão enfrentar muitas batalhas, pela profecia do próprio Jesus, não serão vencidos.
      A igreja cresce de São Pedro, ate nossos dias, perpassando a história humana, caminhando por várias etapas, épocas, muitas vezes misturando-se, á ideologias, tendencias politicas, sendo salpicada, marcada, cansada, perseguida, porém nunca vencida, é a luz que reflete a esperança de um mundo melhor, convidando todos os homens,  mulheres de boa vontade para construí-lo.

Pe. Antonio Gouveia

terça-feira, 25 de junho de 2013

SÃO JOÃO BATISTA - FOGUEIRA VIVA

          Místico, pregador, orante, confessor, batizador, penitente, martire,  acima de tudo um santo, esta última conquista foi proclamada pelo próprio Jesus, "Eu vos digo, entre os nascido de mulher, não há um maior que João", (Lc-7,28), pois em tempos atrás o santo recebera a iluminada visita de nosso salvador, quando Jesus foi levado pela Santa Virgem Maria sua mãe, na visita a uma outra Santa: Izabel,  que já tinha consigo um santo, São João Batista, essas duas mulheres escolhidas por Deus, gerando santidade ao mesmo tempo santificando-se para o bem do mundo, estavam perpassadas de graça - Santas Mães, Santos Filhos -.
         Radiando paz,  santidade, Santa Izabel ao ver a Santa Virgem Mãe de Jesus, já toda possuída pela graça materna,  testemunha: "Quando tua voz chegou aos meus ouvidos, a criança (João) pulou de alegria no meu seio", (Lc-1,44).
          Este foi o primeiro encontro dos santos inocentes, sem dependerem dos meios externos, misteriosamente experimentam a ação invisível do todo-poderoso, que pelo laço da amizade fraterna, santa, já se comunicam, unidos pelo vínculo da perfeição, no amor através do espírito de pureza, inocência, portanto, o que  nosso santíssimo salvador diz acerca de São João Batista, há muito tempo já lhe era conhecido.
          Os quatro evangelistas destacam a importância,  ação de São João Batista, porém, Lucas fala mais detalhadamente como ele veio ao mundo. Este Santo que é o último dos profetas, filho de Zacarias que vem de uma tradição sacerdotal da linhagem de Araão, sua esposa Izabel, da tribo de Davi. Zacarias sempre se dedicou as coisas de Deus, praticava  justiça, obedecia a lei, servia à Deus através do templo. Quando incensava o altar sagrado, recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe anunciou: "Não tenhas medo Zacarias, porque foi ouvida a tua oração, Izabel tua mulher vai ter um filho à quem darás o nome de João", (Lc-1, 13).
          Como já temos conhecimento, é sempre das boas árvores que sai os bons frutos, o fruto benéfico São João Batista, vem de duas árvores bem edificadas: seus pais,  pois Deus tem um grande pomar aqui na terra, dele se serve com frequência, façamos o possível adubando  nossa existência, enraizando todo nosso ser em solo firme, edificante, afim de sermos boas árvores para produzirmos bons frutos.
          Desde  sua concepção espiritual, João Batista já é cheio da graça do Espírito Santo, o mesmo nunca se contaminou com vinho ou cerveja, sustentava seu corpo físico com mel silvestre, este alimento retirado do pólen das flores por abelhas, também gafanhotos, esta era  sua dieta, sem sangue, sendo da terra, não era diretamente ligado a terra, muito mais aos céus. Aqui está a continuidade daquela pureza que recebera ao nascer. Viveu de forma reclusa, em deserto, no deserto, não solitário, com certeza assistido pelos anjos, envolto em constante oração, todo possuído pela ação trinitária de Deus-Pai que o gerou, Cristo que o mesmo anunciou, Espírito Santo hálito ininterrupto de Deus em si. Vestia-se com pele de camelo, era identificado como: a voz que clama no deserto, quando falava o estrindar de suas palavras perpassava todo deserto, o vento se encarregava de estender a ação deste som, se fazendo ouvir por multidões, que deixavam a vida de barulho, confusão, para serem acalantados por este santo vivo.
          Para o bem dos pecadores, recebia  todos àqueles que o procurava, rogava-lhes à conversão, por causa do reino de Deus que vinha, seria Jesus e sua palavra? do qual este santo homem não podia desamarrar as sandálias!?
         João batizava com água para limpá-los, mas os advertia que Jesus iria batizar no Espírito Santo, este batismo conferiria-lhes, filiação divina. Austero, recebia o povo como de fato eles eram "raça de víboras" questionava-os: "Quem vos ensinou fugir da ira de Deus?" intimidava-os para que os mesmos se reconhecessem necessitados de Deus, "Não basta ser filhos de Moisés". A sua pregação era um alerta, um projeto de vida, uma proposta de santidade - a própria salvação - convidava todos à caridade, como sinal de uma bondade que devia ser constante, o apoio da alma. 
          "Quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma", para os saldado falava: "Não pratiquem tortura, não façam chantagem contra ninguém". O resultado de sua pregação produziu efeitos impossíveis de serem enumerados: a muitos converteu,  milhares purificou batizando-os, mas também o resultado de sua pregação o levou ao martírio. Sendo coroado, identificado como o primeiro mártir do cristianismo, várias vezes escapara do martírio, uma delas foi quando Herodes promoveu a matança dos santos inocentes, devido a proximidade do seu nascimento com o nascimento de Jesus. Deus permitiu que ele crescesse em graça,  sabedoria, se tornasse um pregador público, suas pregações incomodava a muitos que estraçalhados pelas certeiras palavras do mesmo, destilavam seu ódio e pavor contra o Santo de Deus, foi o que aconteceu com Herodes, quando São João Batista o condena,  o mesmo queria separa-se de sua esposa, para contrair união ilegítima com a cunhada, Herodíades.
          Morreu feliz, da forma que sempre desejara, por causa de Deus, foi degolado, entregando não só  sua cabeça mais todo  seu ser que já pertencia à Deus e temporariamente por vontade do criador, Esteve na terra como uma grande fogueira de amor, que ardendo atormentava as trevas, o grande clarão vindo do deserto apontava à humanidade o caminho do Senhor.
          Este homem santo, santo homem. Tem  sua celebração fixa duas vezes durante o ano, no calendário cristão católico: 24/06 seu nascimento, 29/08 seu martírio. O doloroso, tocante momento em que São João Batista se anula para o mundo, resplandecendo perpetuamente para Deus, é no dia de sua morte que aconteceu um ano antes da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. O corpo deste grande santo, foi sepultado na Samaria, logo tornou-se um lugar de veneração pública, em 362 seu túmulo foi profanado por pagãos, seus restos mortais foram recolhidos por piedosos monges, depois entregues à Santo Atanásio. Seu exemplo, sua vida de mártir, correu o mundo inteiro, recebendo veneração dos fiéis sobretudo nas situações de perigo, um grande intercessor concedido por Deus para aqueles que o procuram querendo justiça, neste mundo  sobretudo na eternidade.

                               São João Batista, intercedei por nós !

Pe. Antonio Gouveia
   

domingo, 23 de junho de 2013

0 AMOR ORANTE

             O Evangelho de São Lucas 9-18;24, é proclamado na missa dominical do 12º. domingo do tempo comum, ano C para iluminar nossa caminhada espiritual. Nos deparamos com um momento orante de Jesus em lugar retirado junto com os seus discípulos, algo muito comum na vida de nosso salvador, ao retirar-se para a oração, deixa-nos este exemplo. "Não podemos possuir a oração pura, estando perturbado com as coisas materiais, e agitado por inquietações contínuas, pois a oração é o abandono do pensamento" (Evângrio Prôntico - monge  aceta 399), esta era a prática de Jesus, abandonar-se completamente em si mesmo, de forma onisciente, onipresente, onipotente, para encontrar-se com as necessidade daqueles que lhes foi confiados, "Pai rezo por eles; não pelo mundo, mas por aqueles que me deste, por que são teus"(Jo-17,9), assim Jesus prescrutava na profundidade de sua oração a existência humana, não a sua, mas de todos aqueles que estavam aos seus cuidados, mergulhava na pobreza da criatura, rezava não para si, mas colocava no centro de seu clamor, seu amor a fraqueza humana, a tibieza da alma, a dureza do coração, a contrição dos pecadores, muitas outras deficiências se tornava motivo de orações, meditada em favor dos homens e mulheres, durante seus momentos de intenso abandono orante.
               Após um longo período de preces benéficas frutuosa para o mundo, para o humano, Cristo, como que retornando para a nossa situação pergunta aos seus discípulos: "quem diz o povo que eu sou", Jesus não está preocupado com a sua imagem, pois ele tem plena consciência da sua missão, do seu Ser, o que de fato ele quer saber é se o povo o estava compreendendo, aceitando sua palavra, acolhendo-a na mente, no coração, os discípulos que de forma comum se aproximavam do povo, sabiam o que eles pensavam.
     Certamente Jesus percebera a dificuldade de compreensão, pois o mesmo falava de realidades sublimes até então desconhecidas - a boa nova da salvação que é o evangelho - através das respostas Jesus se doaria de forma esmerada, caridosamente com sua pedagogia amorosa, com dinâmica inclusiva, afim de fazer-se acolhido de forma direta, simplesmente para que todos abraçassem seus ensinamentos, os praticassem, surge as respostas: dizem que és João Batista, Elias, um profeta antigo ressuscitado. Com isso podemos perceber que o povo via em Jesus a continuidade da palavra pregada anteriormente, pois ele foi comparado aos maiores nomes da tradição: João Batista, Elias e os profetas.
          "A fonte acessível, à casa de Davi que serve para a ablução e purificação", o profeta Zacarias na primeira leitura, destaca a casa de Davi pre-descendente de Jesus, revelando o futuro do povo de Deus, como destinatários da graça, da oração do nosso salvador: "O que vale não é mais ser Judeu, nem Grego, nem escravo, nem livre, nem homem, nem mulher, pois todos vós sois um só em Jesus Cristo". (Gl-3,28), é este o Cristo anunciado por paulo na segunda leitura, que une a todos, revestindo-os com o batismo em si."Vos todos, que fostes batizados em Cristo, vos revestistes do Cristo"(Gl-3,27).
        Jesus pergunta agora aos seus, "e vos, quem dizeis que eu sou"?  São Pedro responde: "O Cristo de Deus" Uma proibição expressa de Jesus ao grupo, "Não contem isto a ninguém". Na verdade  ao pedir que não contassem acerca do Cristo de Deus, ele quer que todos, cada um faça essa descoberta, investigando a si mesmos, confrontando as suas vidas com ele Jesus. "O Filho do homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes, doutores da lei, deve ser morto, ressuscitar ao terceiro dia". (Lc-9, 22)
        Qual o motivo de tanta rejeição?,  rejeitado pelos anciãos que são os mais velhos no poder, sabemos o motivo, é o jeito novo de Jesus comunicar-se, estar com o povo, acolhe-los, seu jeito especial de amar, dar carinho,  atenção à todos através da delicadeza de seus gestos, suavidade de suas palavras, música divina a ouvidos tão calejados, surdos, devido o autoritarismo arrogante dos anciãos.
         Rejeição  vinda dos sacerdotes,  classe responsável  pelo culto, que devia servir para libertar, tranquilizar, purificar, remir os pecados, as culpas das pessoas, algo que não acontecia, porque se prestavam apenas para ritualizar, teatralizar a fé, recolher o dízimo, desfrutar do ofício sacerdotal. Jesus nunca foi de tradição sacerdotal, mas celebrava um culto de amor, concedendo o perdão, misericórdia, reunindo todos, celebra fora do templo, leva o povo para Deus, tocando a alma, curando as feridas, realizando tudo isso de graça, suas regras, normas, não escravizam, mas liberta, Jesus é o sacerdote simples que partilha o pão, o vinho, seu corpo e seu sangue, dá sua vida para todos, está junto do povo.
     Os doutores da lei também o odiavam, eram meros juridicistas, profissionais da obrigatoriedade, exigiam dos outros o cumprimento da lei, os mesmos não as cumpriam, a causa da rejeição à Jesus é que ele veio dar pleno cumprimento à lei, sem revogá-la, a reveste de amor, ternura, compaixão, ele é o novo legislador para os estropiados, cansados, para os pecadores, aleijados, viúvas, empobrecidos, aprisionados na lei dos homens, pois a lei pregada,  vivida por Jesus os liberta. É portanto, por causa da delicadeza, dinâmica, amor aos mais fracos, atitudes inclusiva de Jesus, que os anciãos, sacerdotes, doutores da lei, o rejeitavam, como mesmo profetizara Jesus. 
        Esses três grupos, embravecidos pela prática fraterna de Jesus, tramam, armam, concretizam a morte do divino mestre. O que morre de fato é:
  • lei antiga, petrificada nos anciãos encarquilhados, rabugentos;
  • culto sem vida, sem efeito de fé, oficializados por sacerdotes entristecidos e sem compromisso com a caridade;
  • doutores da lei, a lei sem efeito, aplicadas pelos que não tinham solidariedade com os pobres, pecadores, por isso não serviam para nada a não ser para intimidar, oprimir o povo, tudo isso foi levado à morte no Cristo, essas formas de pecado muitas outras.
        No terceiro dia Cristo ressuscitará, podemos nos remeter aos três primeiros dia da criação do mundo:
  • primeiro dia, a luz é criada, ao ressuscitar, toda natureza recebe uma luz radiante que agora guia a comunidade humana por novos caminhos;
  • segundo dia, o firmamento que é o céu, com a ressurreição de Cristo o céu é destinado para todos e  todas; 
  • terceiro dia, a terra com toda variedade de cores, cheiros, sabores, criaturas de todas as espécies; na ressurreição, uma nova terra, um novo homem passa a existir no clarão de Cristo ressuscitado, nova luz, novo céu,  nova terra, nos diz Lucas, chega até nós com a ressurreição.
      "Se alguém me quer seguir renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perde-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará". (Lc-9,29). Jesus convida todos a segui-lo de uma forma corajosa, com renuncia a si mesmo, com a cruz de cada dia. Aqueles que vivem sem renunciar a si mesmos, tornam suas vidas fúteis, esquecendo a cruz buscando viver comodamente, querendo salvar a vida de forma egoísta, simplista, sem Deus, sem compromisso com o outro, lamentavelmente vai perde-la. 
       Afirma Jesus. Já aquele que vive na angustia por amor à Deus, que sofre humilhação por causa da fé, é perseguido por causa da Igreja, Una, Santa, Católica, vivem na loucura de abraçar a cruz enfrentando o sofrimento por causa dos ensinamentos, gerando realidades cristãs, como a paz o perdão se tornam santos aos olhos de Deus, carolas para quem não conhecem a fé, são atormentados cotidianamente, mas não vencidos, estes é que se salvam.
       Lucas nos apresenta Jesus muito íntimo do ser humano, "O Filho do Homem", cuja proximidade se dá por sua geração no seio da Santíssima Virgem Maria, São José pai boníssimo de Jesus, esses dois ajudam compreender e identificar Jesus como aquele que está com os seres humanos. 
                                    Quem é Jesus pra você!?.

Pe. Antonio Gouveia

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CONFISSÃO, ALEGRIA ESPIRITUAL

                    Os pecados que atormentam o ser humano o coloca na situação de humilhado, decadente, empobrecido, doente, sabemos que humanidade é pecadora isto é uma triste realidade, que  não deve ser desprezada "Se dizemos que em nós não há pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está conosco" . (1Jo-1,8).
      Conscientes dessa situação, somos convidados à conversão diária, com um esforço constante buscar e viver a santidade, o pecado pode ser compreendido como empecilho ao crescimento espiritual, porem devemos enfrentá-lo.
              Pecado original, aquele que se encontra na origem, não compreendida como começo, mas no íntimo humano, onde reside toda soberba, descontentamento, por ser simples criatura, revoltado por tal situação, quer ser maior que Deus, de forma louca e cega, busca essa grandeza, "Sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal" (Gn-3, 5).
              Pecado mortal, quando de forma livre, consciente o mal é praticado, destruindo a si e ao próximo "Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado", (Lc-12, 10).
         Pecado venial, são atitudes cotidianas praticadas contra o próximo, que não destrói totalmente o pecador, mas o enfraquece, descontrolando-o, viciando-o no pecado "Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). 
         Pecado capital,  são práticas danosas que levam sempre a outros pecados. "também nós eramos deste numero,quando outrora vivíamos nos desejos da carne fazendo a vontade da carne e da concupiscência" (Ef-2,3).
             Pecado social, são atitudes negativas que atentam contra a comunidade humana. "Não vos conformeis com os esquemas desse mundo (pecado) mas transformai-vos pela a renovação do espírito, para que possais conhecer qual é a vontade de Deus , boa agradável e perfeita". (Rm-12.2)
          De onde vem essas situações pecaminosas? de onde vem o pecado? "Pois é do interior dos corações dos homens (humanidade) que provêm os maus pensamentos:as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, maldições, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância, a insensatez. Todos esses males vem de dentro e torna o homem impuro" (Mc-7, 21-23), este texto é para que reconheçamos a nossa culpa.
         Com relação a origem do pecado, o salmo 51 no versículo 7 "Eis que nasci em iniquidade, em pecado minha mãe me concebeu". É portanto na origem humana enquanto natureza, que surge a situação de pecado, além de adoecer, entristecer a alma, a separa de Deus. Nossos pecados fazem divisão entre nós e Deus, "São as vossas iniquidades (pecado) que cavaram o abismo entre vós e vosso Deus, são os vossos pecados que ocultaram de vós sua face, para não vos escutar" (Is-59, 2), a ponte, o religar-se, é a fé ensinada pela igreja católica e apostólica no Cristo, pontífice entre o criador e a criatura, o cair e levantar-se, o céu e a terra. 
            Deus o criador revelado ao mundo no Cristo nosso redentor, com o sopro do Espírito Santo, age na igreja, para santificar o homem, separá-lo do pecado para que seja salvo, "Se não vos arrependerdes, (converterdes) todos vós perecereis(Lc-13, 5). Resta-nos abrir o nosso coração, (vida espiritual) acolher este chamado à conversão, meditar o verbo de Deus, (para penetrar nossa consciência), ser igreja, praticar a oração cotidiana, viver o perdão para si e para os outros, esmerar-se, humilhar-se se possível, para cumprir o que Deus pede carinhosamente, pois é bom saber que aquele que se esforça na prática da justiça e a cumpre, cai sete vezes por dia "O justo cai sete vezes por dia" (Pr-24, 16). Cair sete vezes sim, mas encontrar forças para levantar-se e não sentir-se um fraco; "No entanto não há na terra ninguém tão honrado que faça o bem sem nunca pecar" (Ecl-7, 20).
            Há um recurso espiritual chamado penitência, que é um grande esforço impetrado por aquele que foi humilhado no pecado, e quer purificar-se. Na intenção de ser perdoado, ser salvo, encontrar satisfação, tranquilidade espiritual. A penitência é uma forma de enfraquecer o pecado, fortalecer o espírito ainda neste mundo, desejar a alegria do paraíso, portanto: a salvação"Se confessamos os nossos pecados, fiel e justo é Deus para nos perdoar e nos purificar de toda iniquidade" (1Jo-1, 9).
          A palavra de Deus que é o seu profundo amor para conosco, presente no nosso amado amigo e companheiro Jesus, nos alerta: "Confessai vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curado. Muito pode a oração do justo. "(Tg-5,16).. 
      Uma confissão sincera feita com arrependimento profundo, a firme vontade e decisão de acolher Jesus, se afastar do pecado, retorna o homem para Deus, "Realmente a tristeza segundo Deus produz arrependimento salutar" (2Cor-7, 10).
          A Santa Igreja chama a tristeza de contrição, que é a dor provocada pelo pecado ferindo a alma e abatendo o espírito, só podendo ser curada pelo consolador, Jesus que veio não pelo pecado, mas para assumir a causa do ofendido no pecado, o pecador. São João Batista chamou todos à conversão, ao perdão dos pecados. Hoje em Jesus pela igreja, é operado esse perdão e conversão, o penitente vem em busca da graça, trazendo consigo a contrição que é a dor e a tristeza de se deixar dominar pelo pecado, busca a confissão que é o momento da auto-acusação, declarando-se culpado (ato de humilhação), depois recebe a absolvição que é a misericórdia acontecendo através do sacerdote que agindo in persona Christi, o absolve, então há satisfação de receber a misericórdia divina e ser restaurado, "Lava-me por completo da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado! porque reconheço a minha iniquidade" (Sl-50, 4).
       Os pecados são perdoados no poder gracioso e sobrenatural de Deus, que se apresenta no amor de Cristo, que nos reveste com o dom do Espírito Santo, a fortaleza.
              Uma vez iluminada a consciência, nos alerta contra as recaídas. O homem com consciência, com corpo, deve lutar com todas as forças esperando em Deus, para evitar o pecado, "Por amor e fidelidade a iniquidade é espiada e pelo temor de Deus, o homem evita o mal", (Pr-16, 6)
                 Estar sempre animado (ânima = alma) é ter a alma em prontidão, é estar alerta, "Estais alerta e vigiai pois o adversário, o diabo, como um leão que ruge, anda rondando a procura de quem devorar, resisti-lhes firme na fé". (1Pd-5, 8). Como se dá esta vigília, alerta e resistência contra este leão?:
  • com a ajuda da graça de Deus; sem ele nada podemos.
  • com humildade, reconhecendo a nossa fraqueza.
  • com a firme determinação de evitar o mal a todo custo.
  • com vigílias, jejuns, esmolas, orações, mortificações corporais, que é suportar muitas coisas humilhantes e doloridas no corpo e na alma, por amor à Deus, à Virgem Maria, e à Igreja. "Fugi de toda malícia, falsidade, hipocrisia, inveja e maledicência". (1Pd-2, 1).
         A penitência é um recurso sobrenatural, é uma disciplina, um auxílio, um socorro indicado por Jesus, experimentado e vivenciado por muitos santos, por isto, deve ser praticado por aquelas almas simples e puras que tem como fim fortificar o espírito, enfrentar o pecado de forma consciente e piedosa, apenas com a finalidade de realizar as coisas boas pregadas por Jesus Cristo nosso salvador, que sofreu a penitência da condenação, prisão, sofrimentos e morte, para que na ressurreição nos levasse à salvação.
               Recorramos à Santa Virgem Maria, ao seu castíssimo esposo São Jose, São Miguel arcanjo, para que nos defenda contra as investidas do mal; nutridos no pão dos anjos descido dos céus que é a Santa Eucaristia, lutemos confiantes todos os dias, na batalha contra o pecado.
                                   
                      Em Cristo somos mais que vencedores!

                                                                       Pe. Antônio Gouveia

sábado, 15 de junho de 2013

RICO PERFUME, POBRE FRASCO

             A mensagem da boa nova que São Lucas nos proclama neste domingo o 11º. do tempo comum, acontece durante  uma refeição, cujos personagens são: O Fariseu, que é o anfitrião; Jesus, o convidado ilustre; uma mulher, tida como pecadora.
               Tudo vai bem com o fariseu, seus convidados e Jesus, que ao redor da mesa se encontravam, esse momento é alterado quando uma mulher apontada por todos como pecadora - este termo diz respeito à sua vida pagã, sua fraqueza espiritual - adentra à casa sem ter sido convidada, se encaminha até Jesus de forma silenciosa, mas, cheia de ousadia, coragem, impeto, sobretudo o desejo de se aproximar de Jesus, reorganizar  sua vida, compreender o seu presente,  conduzir melhor o seu futuro; tudo vai mudar a partir desse momento, será!
              Ela trazia consigo um recipiente, apresentado como um frasco de alabastro, que era feito de uma pedra muito comum naquela região, a qual podia ser moldada da forma que o artesão preferisse, podendo ser polida. Geralmente se fazia desta pedra, objetos para conter líquidos, - como é o caso do relato do texto - o frasco que a mulher carregava, continha perfume, este objeto era frágil, para uso imediato, tanto que para abri-lo tinha que quebrá-lo, não podendo ser reutilizado.
                Na verdade o Santo evangelista, ao acrescentar com destaque o frasco de alabastro,  o perfume que o mesmo continha, quer chamar a nossa atenção para nos fazer entender que o ser humano é como este frasco, feito do pó da terra, frágil, porém, apesar de tal fraqueza, carregamos conosco a ação de Deus que nos criou, seu amor, a herança da vida eterna prometida por Jesus, isso pode ser visto  comparado ao rico, precioso perfume - simbolo da espiritualidade - o mesmo ao ser derramado, seu suave odor, cheiro, agradável invade todo o ambiente deixando sua marca,  assim é também o poder de Deus.
              Para melhor situar a nossa compreensão na rica simbologia Lucana, temos as palavras de São Paulo aos Corintios: "Temos porém um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa", (2-Cor-4, 7). A fragilidade que nos acomete, é a porta de entrada para o pecado, seu domínio. A fragrância perfumada que é o poder de Deus, seu amor para conosco,  sua misericórdia que nos envolve.
            Essa mulher simboliza todas as pessoas que cansadas pelo fardo do pecado, debilitadas pela fraqueza espiritual, pelos rótulos negativos.  - A mulher pecadora-, já sem saída só resta-lhe encontrar forças para ir até Jesus, diante dele derramar suas lágrimas "Felizes os que choram porque serão consolados" (Mt-5,4),  com elas banhar os pés de Jesus, em seguida secá-los com seus cabelos, para depois beijá-los, por último ungi-los, com perfume valioso contido numa frágil vasilha. Também devemos nos derramar diante dos pés de Jesus, somos frascos frágeis, será que temos perfume a oferecer?.
             Ao chorar ela se apresenta diante de Jesus como o frasco que a mesma conduz, fragilizada. No simbolismo das lágrimas, culpa, a mesma se permite ser purificada no amor de Jesus que lhe toca a alma, unção, ao banhar os pés de Jesus a mesma já esta sendo purificada, ela decide segui-lo, caminhar na estrada que é o próprio Jesus, pois o mesmo já se identificara como caminho quando disse publicamente: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", ao enxugar com os cabelos tão belo e santos pés, que de forma caridosa percorrera longas estradas ao encontro da fragilidade humana, afim de salvar o valioso perfume que lá jazia, ou seja, o pecador.
               O cabelo é o simbolo da inteligência, da força, convém aqui lembrarmos de Sansão, quando perde seus cabelos perde também as suas forças, esta mulher ao secar os pés de Jesus com o próprio cabelo, está afirmando definitivamente, consciente a decisão de acolher na sua mente os ensinamentos, contidos nas palavras do amado mestre, a partir desse momento se deixa guiar por elas, determinando um novo trajeto em sua história de vida. Chorou! com lágrimas lavou os pés santos do salvador, secou-os, beijou-os, só depois os ungiu com óleo perfumado,- esse deve ser o processo -, chorar, deixar-se ser purificado ainda que com lagrimas, deixar-se ungir com o óleo da alegria, com ardor da santidade. Ela está se entregando, aceitando definitivamente Jesus como Rei, Senhor, Salvador de sua vida.
                 Diante dessa monumental prova de fé, amor, serviço, praticada por aquela tida como pecadora, o fariseu é atormentado em pensamento, incomodado no seu puritanismo religioso, pensa: "se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora", (Lc-7, 39).
          O fariseu anfitrião,  dono da casa, pensava dessa forma por causa de sua fé superficial, descompromissada, legalista, moralista, preconceituosa, esse era o costume comum dos fariseus viverem a sua fé. "O Espírito (perfume) é que dá a vida. A carne (o frasco)  de nada serve. As palavras, que vos tenho dito, são Espírito e vida", (Jo-6, 63), o mesmo não recebeu Jesus com beijo, não derramou óleo em sua cabeça, não lhe lavou os pés, algo muito comum quando se recebia uma visita. Ao sondar o pensamento negativo do fariseu, com relação a permissão de Jesus que deixou a pecadora lavar, enxugar,  beijar, ungir seus pés,  o lembra que o mesmo faltou-lhe com estes gestos de acolhida que com muita generosidade foi praticado por aquela mulher, uma estranha na casa.
               A mulher pecadora, por tão grande amor à Jesus teve seus pecados perdoados, isto causou espanto em todos os convidados que começaram a pensar: "Quem é este que até pode perdoar pecados?" Sabemos que trata-se de Jesus o verbo de Deus feito carne, gerado pelo poder do Espírito Santo, no santo seio da virgem Maria, que habitando no nosso meio revelou para o mundo o rosto misericordioso de Deus, derramou o perfume da salvação em favor de todos, este é o Cristo, ungido do Pai, apaixonado pelos pecadores, veio para curar os males da humanidade, perdoar os nossos pecados, com seu sangue - que é a sua vida- ensinar ao mundo a prática da acolhida, amor ao próximo, a solidariedade. Assim com este exemplo que ele nos dá ao se deixar  acolher por este fariseu,  que é tão pecador quanto aquela mulher, quanto eu, você, nós, eles. O grande espanto deve ser este! o Filho único de Deus, Santo, Puro, Perfeito, nos acolhe, faz refeição conosco, perdoa nossos pecados, nos ama, morre por nós, ensina-nos o caminho do céu.

Pe. Antônio Gouveia

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A CONSTRUÇÃO DO HOMEM NOVO

        A bíblia se encontra repleta de relatos que tem como finalidade educar, alertar, santificar o ser humano para servir a Deus,  o próximo na prática da verdadeira caridade,  e na vivencia da fé, alguns relatos descrevem a rebeldia do homem, da mulher agindo por conta própria longe de Deus, porém nada conseguem construir, se perdem, seus projetos não vingam, não prosperam.
           "Jesus disse eu sou o caminho, a verdade, e a vida, ninguém vai ao pai senão por mim"(Jo- 14-6), Deus nos aponta o caminho, o jeito de caminhar, porém tomado de ilusão, arrogância  prepotência, egoísmo, auto-suficiência, a humanidade insiste em andar sozinha. 
         No livro de Gênesis, há um episódio que nos mostra o fracasso daqueles que, sem Deus querem edificar-se, longe da verdade; do amor da graça. Logo após o diluvio, um descendente de Noé chamado Nirode,  hábil caçador, grande guerreiro, fundador de oito cidades, entre elas uma chamada Babel, resolveu que iria deixar sua marca no mundo através de uma grande construção a famosa torre de Babel. "Vinde, edifiquemos para nós uma cidade, uma torre, cujo topo chegue até o céu, e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra"(Gn-11,4).
               A forma de pensar dos habitantes de Babel, não combina com o preceito de Deus, que deseja o crescimento dos povos,"sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a" (Gn-1,28). A torre de Babel nos faz perceber o quanto o ser humano se distancia da redenção, o homem quis tornar o seu nome mais importante do que o nome de Deus. "Se o senhor não edificar a casa, em vão trabalharam os que a edificam: se o senhor não guardar a cidade, em vão vigiam a sentinela" (Sl- 27, 1,2),  antes de qualquer iniciativa, projeto, busquemos o auxilio de Deus pois é o mesmo que edifica tudo e tudo realiza para o nosso bem.
             Em favor do ser humano, para protege-lo sabemos que Deus nos adverte,"não façais nada por espírito de competição, por vanglória, ao contrário, levados pela a humildade, considerai  uns aos outros superiores."(Fl-2-8,10), a torre de Babel foi construída  no espírito de competição, superioridade, vanglória..., pois todas essas tentações que atormenta o ser humano o torna cego, descrente,  deixando-o órfão de Deus, até querem o céu, mas sem o auxílio divino, sem a graça de Deus.
              O termo Babel é de origem hebraica, significa confusão, foi o que aconteceu, a confusão das línguas, incompreensão, separação entre as pessoas.  Desde esse momento até os nossos dias amargamos em rixas, brigas, indiferenças, guerras, todas essas atitudes tomou conta do mundo. Quando seduzido pelo mal a humanidade simbolizada em Eva aceita a proposta da serpente, "É que Deus sabe: no dia em que comerdes (fruta) vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal" (Gn-3,5). 
          Na verdade Adão e Eva já conheciam o bem, e dele desfrutava, mas foram incapazes de valorizar tão grande graça dada por Deus, enganados pela mentira, com sabor amargo da fruta deixaram-se derrotar através dos sentidos achando que construiriam algo para si longe do grande arquiteto Deus, podemos perceber várias expressões do pecado, nesse incidente chamado - a perda do paraíso - porém o maior de todos é a arrogância de querer ser deus, isso persegue as pessoas até os dias de hoje.
               O capitulo 11 do versículo de 1 a 9 de Gênesis,  descreve  a quebra da unidade,  a prepotência humana, a grande torre é um forte exemplo de rebeldia da criatura contra o criador. Devido tal atitude, o ser humano torna-se inacabado, assim como inacabada ficou a famigerada torre. Nos dias atuais a torre de Babel é uma realidade comum na vida de muita gente, que despreza Deus, a fé, fala mal da igreja católica, dos padres... inflando-se de auto-suficiência. "a arrogância precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda"(Pr.-16,8), não é de causar estranheza, que as rixas, desentendimentos, conflitos, egoísmo, persistam em nossos dias,em nossas famílias, na politica, as torres de Babel não deixaram de serem construídas, são erguidas diariamente."Todo edifício bem ajustado, cresce para o templo santo no senhor;no qual também vós juntamente sois edificados para a morada de Deus no espirito" (Ef-2 21,22), é bom lembrarmos que somos uma construção de Deus,  para Deus, à serviço, na comunhão, na fraternidade. Diante do fracasso dessa construção podemos perceber como a pessoa se perde, ignorando o  poder de Deus, voltemos para Deus com piedade, santidade, humildade, sinceridade de fé, arrependimento de nossos pecados, usemos os materiais necessários para uma boa edificação espiritual, a conversão diária,  oração contínua, amor ao próximo, temor à Deus, abertura do nosso coração, ser igreja, comunhão, só assim edificaremos o nosso espírito nas realidades celestes, nós tornaremos o que nos indica são Pedro "como pedras vivas de um edifício espiritual" (1- Pe,2.5).

Pe.Antonio Gouveia

terça-feira, 11 de junho de 2013

BUSQUEMOS O CÉU

                    A vivencia da fé praticada nos dias atuais, centraliza a pessoa no mero imediatismo deste mundo, distanciando-a da profunda experiencia com Deus. A chamada teologia da prosperidade prega para seus fiéis uma fé interesseira, egoísta, prega o enriquecimento, prometendo solução dos problemas que afligem o ser humano, ao realizar este tipo de atitude, o fiel enganado se distância da revelação divina,  dos ensinamentos de Jesus, deixando de lado o Deus sobrenatural, transcendente, onipotente, preferindo um Deus mágico, imediatista,  paternalista .Os  ensinamentos evangélicos, as realidades divinas como: a redenção, o amor de Deus, o fortalecimento do espírito, a prática de fé, o céu, eternidade, ficam no esquecimento, é como se não existissem.
            O materialismo penetrou a religião,  a  fé, esvaziando a vida. A intervenção divina, confiança em Deus, a ética pouco importa, para quem não quer ter, compromisso com o santo evangelho, com o outro, com a comunidade.
           Nos dias atuais poucos falam do céu,  muitos nem se lembram, não acreditam neste lugar, não o buscam. O mesmo é uma promessa de Deus ao seus, e tem como finalidade acolher à todos, quando saírem dessa vida. O céu existe, é a comunhão dos santos, a morada de Deus, dos seus anjos,  o ensinamento sobre o céu, sua importância,  seu valor deve ser aplicado urgentemente para vivificar e santificar as almas, tirando-as das trevas,  levá-las para a luz, o céu.
            Tudo que foi proclamado por Jesus se torna realidade de fé, percebemos que no seu ministério, durante a sua vida no mundo, Jesus procurou edificar, formar o homem espiritual, para isso muitíssimas vezes o nosso redentor Jesus Cristo fala do céu, como um lugar, uma realidade, com todo seu conhecimento,  experiência ele nos afirma que o céu existe, "Ninguém subiu ao céu senão, quem desceu do céu, o Filho do homem", (Jo-3, 13)
             João testemunha que Jesus subiu ao céu,  junto  Deus, veio para nos levar, "porque desci do céu não para fazer a minha vontade mas a vontade de quem me enviou". (Jo-6,38). salvar a todos.
        Como Jesus, se quisermos subir ao céu de onde ele mesmo desceu, convém  a nos da nossa parte fazer-mos a vontade daquele a quem o próprio Cristo obedece, Deus. "Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre" (Jo-6, 51), aos poucos Jesus, a revelação de Deus no nosso meio, traduz o céu, sua realidade para que nós o entendamos, o procuramos,  seguindo a Jesus descubramos o céu. O filho de Deus não faz a sua vontade, mas, a vontade de Deus,  é o pão da vida que não foi gerado neste mundo, veio  do céu  quem com deste pão se alimenta  e deve livremente fazer a vontade de Deus.
          Paulo depois de convertido descreve o relato de alguém que foi ao céu, "Conheço um homem em Cristo que ha quatorze anos foi arrebatado até ao terceiro céu. Se foi no corpo, não sei, se fora do corpo, também não sei, Deus sabe, sei que esse homem foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis que ao homem não é lícito proferir",(2Cor-12, 2-5),no relato de Paulo o mesmo diz, se deparou com tanta beleza, que de tão grande não pode descreve-la, este lugar é identificado pelo mesmo como paraíso, foi tão sublime, envolvente esta visita ao céu, que o próprio Paulo chega a ponto de desejar sair desta vida, "Estou como que na alternativa pois de um lado desejo partir para estar com Cristo, que é muito melhor". (Fl-1, 23). são vários os relatos de pessoas e sua vivencia celeste"Enoc andava com Deus e desapareceu, porque Deus o levou" (Gn-5, 24). Temos o relato do profeta Elias que subiu aos céus numa carruagem de fogo. Em (Lc - 23, 43), o ladrão crucificado ao lado do salvador, totalmente arrependido clama à Jesus "Lembra-te de mim quando chegares no teu reino", Jesus o escuta, o atende "Ainda hoje estarás comigo no paraíso", o céu é um lugar para os arrependidos, de coração sincero.
        Tanto a antiga aliança, quanto a nova, se encontra repleta de pessoas que visitaram o céu. Assim como o relato citado por Paulo. O que será que esses relatos querem nos falar?. Outro que fala do céu com muita convicção, é o evangelista São João apóstolo de nosso salvador Jesus Cristo, o mesmo nos afirma espantado com tanta beleza, "O céu é o paraíso de Deus" (Ap-2, 7), e descreve a multidão dos salvos, o coro dos anjos, o trono do Cordeiro. Além do testemunho de Jesus, Paulo e João,assim como toda bíblia afirma que o céu foi criado por Deus, é sua morada, habita com seus anjos e Santos.
             Em (Mt-6, 9), Jesus ao ensinar seus discípulos a rezarem afirma na oração do Pai-Nosso, que Deus é nosso Pai e está no céu. O céu é para os bem-aventurados "Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito pois eu vou preparar-vos um lugar" (Jo-14, 2-3).  Como é o céu?, é um lugar sem tristeza (Ap-21, 4) "Enxugará as lágrimas de seus olhos e a morte já não existirá nem haverá luto nem pranto nem fadiga, porque tudo isso já passou" O céu é este lugar belíssimo reconfortante que abrigará aqueles que em Deus, durante seus dias de vida tudo suporta e espera, mesmo que  num vale de lágrimas,  confiando no poder infinito de Deus, não perde a fé. São Lucas descreve a condição, daquele e daquela que adentrarão a morada celeste "E já não podem morrer porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, uma vez que já ressuscitaram(Lc-20, 36)
             O caminho do céu não é segredo, pois a todos é ensinado restando determinação e coragem para trilhá-lo "Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçosa a senda que leva à perdição, e muitos os que por ela entram, quão estreita é a porta é apertado o caminho que levam à vida, e poucos são os que o encontram" (Mt-7, 13-14), Em (Mt-7,15) há uma alerta, guardai-vos dos falsos profetas são lobos disfarçados de ovelhas, esses não ensinam o caminho do céu  não querem que as almas cheguem ao céu. O céu não é um lugar parado, lá teremos ocupação, como: adoração, (Ap-4, 8) "Não cessavam de adorar dia e noite", é um lugar de música e cânticos "Tendo cada um a sua cítara e taças de ouro cheias de perfume que são as orações dos Santos e cantaram um canto novo" (Ap-5, 8), exercitarão um governo, "Deles fizestes para nosso Deus um reino de sacerdotes e eles reinarão sobre a terra" (Ap-5, 10)
                 Quem vai para o céu? em (Mt-10, 14) Jesus destina as crianças, antes da idade da razão, as puras "Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino de Deus", quem não for como uma criança não entra no céu. "Aqueles que fizeram a vontade do Pai que está nos céus(Mt-7, 21), a conversão é condição fundamental para se entrar no céu "Em verdade vos digo se não vos converterdes não entrareis no reino dos céus" (Mt-18, 3),  É necessário perseverar na fé, nela viver e nela morrer "Foi na fé, que morreram todos sem receber as promessas" (Hb-11, 13)  porem aguardaram  o grande momento, e foram acolhidos no céu, quem foram esses? todos os que viveram antes de Cristo e o aguardavam na fé, não foram decepcionados, que grande exemplo, vivamos nós também de fé, praticando a caridade e fortalecidos na esperança.
              
Pe. Antonio Gouveia

domingo, 9 de junho de 2013

CAMINHANDO PARA A VIDA

                    
                    Em suas jornadas de ação pastoral, Jesus se dirigia ao povo das aldeias, cidades, campos, sempre se deparava com situações que exigia a sua intervenção, seu agir, enquanto  irmão dos homens - mestre -, enquanto filho de Deus - auxilio do alto -, são vários os relatos onde as atitudes de Jesus, vai alterar a ordem dos acontecimentos para o bem dos pecadores, tanto em uma ação sobrenatural quanto na natural, cabe portanto contemplarmos esses fatos pelo viés da fé. 
            São Lucas nos conta, no decimo domingo do tempo comum, que certa vez Jesus realizou um grande milagre (Lc-7,1-17) "A ressurreição do filho de uma viúva". Jesus, seus discípulos, e uma grande multidão se aproximavam de uma cidade chamada Naim, ao chegarem na porta da cidade se deparam com um cortejo fúnebre, procissão da morte; tratava-se de uma viúva que seguia para enterrar seu filho único, sem nome podemos ver nesta viúva que ela representa todas as pessoas, toda humanidade, que mataram Deus de suas vidas, buscaram banir a companhia,  poder supremo do divino esposo, romperam com a aliança do amor eterno e espiritual construído por Deus e realizado por Jesus esposo da humanidade.
             A humanidade sem Deus, totalmente possuída de tristeza e dor, perdem as vestes da esperança, da luz, passam a vestir o luto resultante da morte que age a cada dia, esvaziando as pessoas, que se afastam de Deus, matando nelas a fé, a alegria, o amor, a partilha ..., resta só a cada dia enterrarem seus mortos, aumentando a triste procissão fúnebre, pois vivem sem Deus, por isso lhes falta a vida, uma grande multidão seguia a viúva, o cadáver seu filho único, todos portanto já mortos simplesmente deambulavam, mortos vivos, espectros que já sem saída rumavam para o cemitério.
              O filho único que seria sepultado é o verdadeiro simbolismo de uma humanidade sem Deus, só produzindo morte, como: aborto, vítimas de assalto, vítimas de guerras, vítimas da fome, de enfermidades incuráveis, corrupção política, abuso de poder, misérias que geram morte de toda natureza. Ao passo que a procissão fúnebre deixa a cidade de Naim,  se depara com outra procissão: a da vida, aquela conduzida por Jesus, seus discípulos e toda multidão que o seguia, decidindo permanecer com o divino esposo, desfrutando das núpcias matrimoniais, no Cristo, por Cristo e com Cristo. O povo que seguia Jesus, caminhava com segurança, vida. Vendo a procissão fúnebre,  o Cristo se comove com a situação de morte, sente compaixão pela viúva, que agora enterra seu filho único, também com todos aqueles que são vítimas de uma cultura de morte, dirigindo-se à mesma, Jesus a consola,  "Não chores!". A morte destrói tudo, provoca dor e perda. 
                A vida latente em Jesus, torna-se esperança, alegria, a própria ressurreição oferecida ao mundo. Aqueles que carregavam o caixão, param diante de Jesus, e seus discípulos. Somente Jesus tem o poder de impedir a morte, seus efeitos. A expectativa, os olhares assustados, o medo misturado com tristeza e dor, são tomados por um facho de luz e esperança que passa a brilhar no luto dos desvalidos, de todos aqueles que só lhes restavam caminhar para o cemitério, a voz de Jesus gera vida, abala a morte, o silêncio é quebrado quando Jesus se dirige ao caixão, ao cadáver determinando: "Jovem, eu te ordeno, levanta-te!", esta ordem  sobrenatural é direcionada ao jovem morto.
             Podemos entender na palavra  jovem, o princípio da vida, seu começo, que deve  ser edificada na palavra de Deus, a única base, lastro, chão, alicerce da vida sobre a morte. O jovem volta a viver, começa a falar, dando à todos provas de que a palavra de Deus visível em Jesus, pode destruir a morte, devolver a vida para todos os se encontram em situação de morte, o filho vivo é entregue à sua mãe, o caminho não é mais o do cemitério.
            A mãe, é compreendida como a humanidade que agora passa agir com a força vivificadora de Jesus, a mesma deve formar, criar, gerar, nutrir filhos destinados à eternidade, uma nova humanidade renascida, vivificada, vivificante em Jesus - palavra, verbo de Deus habitando no nosso meio -, todos que participaram da ressurreição do filho da viúva, ao presenciarem este fato miraculoso, foram tomados por um grande medo - pois devemos temer o Senhor em seu poder -, aos poucos foram deixando o temor, adquirindo confiança,  e com alegria, todos glorificaram a Deus dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo".
                    Ao visitar a cidade de Naim, Deus transparecendo em Jesus, visita toda humanidade, cada pessoa, eu, você, nós, eles, a igreja, dinamizando a vida, destruindo a morte, seus efeitos, rasgando o luto, levando-nos a uma nova caminhada, aquela conduzida por Jesus.
                     A notícia desse milagre correu em toda Judéia e arredores, chegou aos nossos dias, todos certamente cantaram, cantemos também nós: "Eu vos exalto ó Senhor, pois me livrastes e preservastes muitas vidas da morte" (Sl 29). as leituras do
                      São Paulo afirma que a sua pregação se distância dos critérios humanos, portanto se apóia em Jesus Cristo, vida plena, que ele mesmo experimenta. Paulo também é um ressuscitado que saboreando a doçura da palavra de Deus ingressa no caminho dos seguidores de Jesus, deixa de servir a morte como quando era um perseguidor da igreja de Deus, na sua conversão encontra vida, entra na vida, gera vida. Devemos assumir também todos nós o caminhar pleno com Jesus. Saiamos da morte para a vida!.

Pe. Antônio Gouveia

quarta-feira, 5 de junho de 2013

ANJOS

               O eterno,  todo poderoso que todas as coisas chamou à existência,  tudo criou, se manifesta a compreensão humana de varias formas, uma delas é a forma natural que é perceptível aos sentidos humanos, conhecida como realidade temporal, a  outra é a eterna, também conhecida como espiritual, sendo essa invisível, não deixa de ser percebida pelo ser humano destinatário de toda criação, o mesmo a conhece, experimenta, interage com o temporal e  espiritual, uma vez  que as mesmas perpassa toda criação. 

              O ser humano sente, o eterno, dai vai fortalecer vínculos espirituais através da oração, amor fraterno, louvores, confiança no criador,pratica de fé. Estas atitudes edifica a espiritualidade humana, ajuda sentirmos o poder de Deus mesmo em  sua invisibilidade, que  sempre nos envolve,com força  podendo ser sentida de várias formas, uma delas é a ação dos anjos. Os mesmos fazem parte da realidade eterna portanto espiritual sendo criados por Deus possuem inteligência: "Foi-lhes revelado que faziam, não para si mesmos, mas para vós estas revelações que agora vos tem sido anunciado por quem vos pregou o evangelho da parte do Espírito Santo enviado do céu. Revelações estas que os próprios anjos desejam contemplar" (1Pd-1,12); possuem também vontade: "Subirei até o céu, acima das estrelas de Deus, estabelecerei o meu trono. Assentar-me-ei no monte da grande assembléia" (Is-4,12-13); possuem emoção: "Imediatamente juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, que louvava à Deus dizendo: Glória a Deus nas alturas" (Lc-2,13), os anjos tem conhecimentos limitados mas são superiores em relação aos seres humanos. "Por ventura não são todos eles espíritos servidores, enviados para servir aos que devem herdar a salvação" (Hb-1, 14).
                A superioridade se encontra no serviço, porém todos os anjos são criaturas, estão sujeitos a vontade de Deus. O número de anjos é incontável para a mente humana. "Na minha visão eu ouvi a voz de muitos anjos, que estavam ao redor do trono, dos seres vivos, e dos anciãos, o número era de milhares de milhares, de milhões de milhões" (Ap-5, 11).
                 Os mesmos são  identificados como espíritos "Por ventura não são todos eles espíritos" (Hb-1, 14). São vigias "O anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem, e os livra" (Sl-34, 8). São Santos "Os céus proclamam tua maravilha Senhor e tua fidelidade na assembléia dos Santos" (Sl-89, 6); Os anjos também podem aparecer de forma humana se assim Deus permitir "Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela alguns sem saber hospedaram anjos" (Hb-13, 12).
             Estes seres espirituais tem sua existência comprovada pelo próprio Cristo "Em verdade, em verdade vos digo:Vereis abrir-se o céu e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem" (Jo-1, 51), até satanás sabe da sua existência "Se és filho de Deus lança-te daqui abaixo pois está escrito a teus respeito: Ordenarás aos seus anjos para que te carreguem nas mãos..." (Lc-4 , 10) , os mesmos são seres imortais, espirituais, não se recriam, são poderosos e velozes, porém não contém o dom da onisciência (conhecimento completo da sabedoria) "O dia e a hora ninguém sabe nem os anjos do céu" (Mt-24, 36), não contém onipresença (presença única em todos os lugares ao mesmo tempo), não tem onipotência (poder absoluto),  são seres gloriosos apesar da ausência dos atributos divino, os mesmos são apresentados nas Sagrada Escrituras e distribuídos em nove coros celestes:
  • Tronos: Anjos destinados a orientarem os anjos inferiores,
  •  Querubins: Anjos da sabedoria e da ciência,  
  •  Serafins: Anjos da caridade,
  •  Dominações: Fazem executar as ordens de Deus,
  • Potestades: Cuida do governo do mundo e da igreja,
  • Virtudes: Anjos do poder e da força, lutam contra os anjos maus,
  • Principados: Cuidam da terra, reinos, países e dioceses,
  • Arcanjos: São mensageiros entre o céu e a terra, São Miguel, São Gabriel e São Rafael,
  •  Anjos:Cuidam da vida espiritual e corporal das pessoas.

                   A bíblia também relata a existência dos anjos maus, rebeldes identificados como dragão e seus anjos, esses travaram uma batalha no céu, mas foram derrotados pelo arcanjo Miguel e seus anjos,precipitados em direção à terra, cujo relato está em Apocalipse 12 - 7, 10.

             Qual é o destino dos anjos caídos, e de Satanás quando foram expulsos do céu, alem de atormentar os homens e mulheres. "Afastai-vos de mim malditos ide para o fogo do inferno, preparado para o Diabo e seus anjos" (Mt-24, 41),  a segunda carta de São Pedro nos diz, "Deus não polpou os anjos que pecaram mas os precipitou no abismo tenebroso do inferno".

            Chama-se angeologia a doutrina que atesta a existência e o agir dos anjos, cujo nome vem do hebraico Malak, no latim angelos  em português anjo, os mesmos são citados 203 vezes no Antigo Testamento e 101 no Novo Testamento.

                 A igreja católica no seu magistério ensina a devoção aos anjos. Faz parte da tradição católica, louvar, agradecer a Deus nos seus Santos Anjos, para que seja purificada esta santa crença de todos os sinais de esoterismo,  paganismo... direcionados aos santos anjos,  e essa fé seja pura edificante,  agradável à Deus, tenha como finalidade fortalecer a fé católica,  edificar com clareza a compreensão dos batizados os filhos da igreja.



Pe Antônio Gouveia