domingo, 9 de junho de 2013

CAMINHANDO PARA A VIDA

                    
                    Em suas jornadas de ação pastoral, Jesus se dirigia ao povo das aldeias, cidades, campos, sempre se deparava com situações que exigia a sua intervenção, seu agir, enquanto  irmão dos homens - mestre -, enquanto filho de Deus - auxilio do alto -, são vários os relatos onde as atitudes de Jesus, vai alterar a ordem dos acontecimentos para o bem dos pecadores, tanto em uma ação sobrenatural quanto na natural, cabe portanto contemplarmos esses fatos pelo viés da fé. 
            São Lucas nos conta, no decimo domingo do tempo comum, que certa vez Jesus realizou um grande milagre (Lc-7,1-17) "A ressurreição do filho de uma viúva". Jesus, seus discípulos, e uma grande multidão se aproximavam de uma cidade chamada Naim, ao chegarem na porta da cidade se deparam com um cortejo fúnebre, procissão da morte; tratava-se de uma viúva que seguia para enterrar seu filho único, sem nome podemos ver nesta viúva que ela representa todas as pessoas, toda humanidade, que mataram Deus de suas vidas, buscaram banir a companhia,  poder supremo do divino esposo, romperam com a aliança do amor eterno e espiritual construído por Deus e realizado por Jesus esposo da humanidade.
             A humanidade sem Deus, totalmente possuída de tristeza e dor, perdem as vestes da esperança, da luz, passam a vestir o luto resultante da morte que age a cada dia, esvaziando as pessoas, que se afastam de Deus, matando nelas a fé, a alegria, o amor, a partilha ..., resta só a cada dia enterrarem seus mortos, aumentando a triste procissão fúnebre, pois vivem sem Deus, por isso lhes falta a vida, uma grande multidão seguia a viúva, o cadáver seu filho único, todos portanto já mortos simplesmente deambulavam, mortos vivos, espectros que já sem saída rumavam para o cemitério.
              O filho único que seria sepultado é o verdadeiro simbolismo de uma humanidade sem Deus, só produzindo morte, como: aborto, vítimas de assalto, vítimas de guerras, vítimas da fome, de enfermidades incuráveis, corrupção política, abuso de poder, misérias que geram morte de toda natureza. Ao passo que a procissão fúnebre deixa a cidade de Naim,  se depara com outra procissão: a da vida, aquela conduzida por Jesus, seus discípulos e toda multidão que o seguia, decidindo permanecer com o divino esposo, desfrutando das núpcias matrimoniais, no Cristo, por Cristo e com Cristo. O povo que seguia Jesus, caminhava com segurança, vida. Vendo a procissão fúnebre,  o Cristo se comove com a situação de morte, sente compaixão pela viúva, que agora enterra seu filho único, também com todos aqueles que são vítimas de uma cultura de morte, dirigindo-se à mesma, Jesus a consola,  "Não chores!". A morte destrói tudo, provoca dor e perda. 
                A vida latente em Jesus, torna-se esperança, alegria, a própria ressurreição oferecida ao mundo. Aqueles que carregavam o caixão, param diante de Jesus, e seus discípulos. Somente Jesus tem o poder de impedir a morte, seus efeitos. A expectativa, os olhares assustados, o medo misturado com tristeza e dor, são tomados por um facho de luz e esperança que passa a brilhar no luto dos desvalidos, de todos aqueles que só lhes restavam caminhar para o cemitério, a voz de Jesus gera vida, abala a morte, o silêncio é quebrado quando Jesus se dirige ao caixão, ao cadáver determinando: "Jovem, eu te ordeno, levanta-te!", esta ordem  sobrenatural é direcionada ao jovem morto.
             Podemos entender na palavra  jovem, o princípio da vida, seu começo, que deve  ser edificada na palavra de Deus, a única base, lastro, chão, alicerce da vida sobre a morte. O jovem volta a viver, começa a falar, dando à todos provas de que a palavra de Deus visível em Jesus, pode destruir a morte, devolver a vida para todos os se encontram em situação de morte, o filho vivo é entregue à sua mãe, o caminho não é mais o do cemitério.
            A mãe, é compreendida como a humanidade que agora passa agir com a força vivificadora de Jesus, a mesma deve formar, criar, gerar, nutrir filhos destinados à eternidade, uma nova humanidade renascida, vivificada, vivificante em Jesus - palavra, verbo de Deus habitando no nosso meio -, todos que participaram da ressurreição do filho da viúva, ao presenciarem este fato miraculoso, foram tomados por um grande medo - pois devemos temer o Senhor em seu poder -, aos poucos foram deixando o temor, adquirindo confiança,  e com alegria, todos glorificaram a Deus dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo".
                    Ao visitar a cidade de Naim, Deus transparecendo em Jesus, visita toda humanidade, cada pessoa, eu, você, nós, eles, a igreja, dinamizando a vida, destruindo a morte, seus efeitos, rasgando o luto, levando-nos a uma nova caminhada, aquela conduzida por Jesus.
                     A notícia desse milagre correu em toda Judéia e arredores, chegou aos nossos dias, todos certamente cantaram, cantemos também nós: "Eu vos exalto ó Senhor, pois me livrastes e preservastes muitas vidas da morte" (Sl 29). as leituras do
                      São Paulo afirma que a sua pregação se distância dos critérios humanos, portanto se apóia em Jesus Cristo, vida plena, que ele mesmo experimenta. Paulo também é um ressuscitado que saboreando a doçura da palavra de Deus ingressa no caminho dos seguidores de Jesus, deixa de servir a morte como quando era um perseguidor da igreja de Deus, na sua conversão encontra vida, entra na vida, gera vida. Devemos assumir também todos nós o caminhar pleno com Jesus. Saiamos da morte para a vida!.

Pe. Antônio Gouveia

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