sábado, 14 de setembro de 2013

O FILHO , A OVELHA E A MOEDA

            As leituras do 24º. domingo do t.c ano C, nos revela a busca por Deus, em uma caminhada de pecado, - povo, Deus que se comunica; um intercessor em favor do povo -Moisés. O povo que  guiado por Moisés, se desviaram do caminho do Senhor, e sua lei, tomados por uma rebeldia pecaminosa, constroem para si o seu próprio deus, um bezerro de ouro, o adoram, lhe oferece sacrifícios, com isto, afirmam serem eles capazes  de fazer um deus, de ter uma fé que se adeque ao seu jeito de ser, recusando o Deus verdadeiro, é o povo que quer conduzir Deus, não se deixar conduzir. Diante dessa atitude Deus quer extermina-los, porém orienta Moisés a reconduzi-los ao caminho da verdadeira fé. Intercedendo junto a Deus pelo povo, Moisés relembra os servos santos, tementes, que outrora semearam a obediência: Abraão, Isaac e Israel, os bons  exemplos dos antepassados, e o pedido de Moisés, levam Deus em sua misericórdia conceder mais uma chance  ao povo desobediente.
      O salmo de número 50, apresenta o homem consciente de seu pecado, desejando voltar à Deus, o salmista pede piedade, misericórdia, purificação, quer ter suas culpas apagadas, deseja um coração novo e um espírito decidido, apresenta-se como um penitente, arrependido assim proclama o louvor de Deus.
         Na segunda leitura São Paulo escrevendo à Timóteo, agradece à Cristo Jesus por ter depositado confiança em si, por te-lo escolhido para seu serviço: o anuncio do evangelho; arrependido relembra que antes da sua conversão blasfemava, perseguia, insultava os convertidos e a Jesus, pois agia na ignorância de quem não tem fé, assim como aqueles que construíram para si um falso ídolo, o bezerro de ouro da primeira leitura. Paulo testemunha que encontrou misericórdia diante de Deus, foi totalmente possuído pela graça de Jesus Cristo, passando pelo processo de conversão, prega a certeza de que Cristo veio ao  mundo para salvar os pecadores, e se diz o primeiro dos salvos, pois ele viu e experimentou a grandeza de Cristo em seu coração, afirma: "Ele fez de mim um modelo de todos os que crerem nele, para alcançar a vida eterna".        
        No evangelho, Lucas apresenta Jesus Cristo rodeado de pecadores, publicanos, fariseus e mestres da lei, sendo criticado, "Este homem acolhe pecadores e faz refeição com eles". Para faze-los compreender o profundo amor de Deus, Jesus lhe conta três histórias: a primeira é de um pastor que tem cem ovelhas, perdendo uma deixa as noventa e nove no deserto, vai atrás daquela que se perdeu, encontrando-a, coloca-a nos ombros com alegria, festeja com os amigos por te-la encontrado, diz que a conversão de um pecador causa muita alegria no céu. Esta primeira história representa o estado animal do ser humano, cego em sua brutalidade, agindo na ignorância despreza Deus, é aquele comportamento do povo no deserto que, rudes na fé, tomados de estupides, no primitivismo da existência, criam seus ídolos falsos, presta-lhes sacrifícios e adoração; o pastor que traz a ovelha nos ombros é a imagem  do Deus amoroso, que em seu filho Jesus Cristo carrega os pecados, a bela imagem do Redentor que na cruz salva a humanidade.
        A segunda história, fala de uma mulher que tem dez moedas de prata, perde uma, acendendo uma lampada a procura cuidadosamente, quando encontra festeja com suas amigas. Esta história, nos ajuda a compreender toda pessoa que se perde, ao distanciar-se de Deus, vivendo em blasfêmias, despreza a fé, como o próprio Saulo, que se deixando guiar pela luz da lampada que é Deus e sua palavra, permite-se encontrar, tornando-se um novo homem: Paulo, que pode ser compreendido como a prata polida pela fé, lustrada pela conversão. 
       Podemos perceber um salto qualitativo, se na primeira história a mensagem é para identificar o ser que não caminha mas é carregado por Deus, simbolizado na ovelha, na segunda história Paulo é o símbolo do homem que já caminha com seus próprios pés, ou seja, é capaz de buscar a própria conversão.     
          Na terceira história, o homem e seus dois filhos, o mais novo abandona a casa do pai. Aqui temos o uso da liberdade humana, algo que favorece infinitas experiências, cair e levantar-se, o filho mais novo é o homem que se distancia de Deus, percorre caminhos de insegurança, esbanja os bens, mistura-se com porcos, passa fome, vive na lama, não suportando o sofrimento se arrepende,  humilhado volta para a casa do pai que abandonara.
       O pai imagem de Deus, acolhe o filho arrependido; é Deus acolhendo o pecador, celebra, festeja, alegra-se, porque resgatou-o da perdição, gesto igual nas outras duas histórias. O filho mais velho que reclama com o pai, deve ser compreendido como aquela parcela da humanidade que está recebendo de Deus, todas as graças, mas ainda não se divinizou, é ciumento, invejoso, porém está a caminho. Assim Jesus apresenta para os publicanos, pecadores, fariseus e mestres da lei, do seu tempo e de hoje também, o contínuo amor de Deus que nos carrega em seus ombros,-  a ovelha nos ombros do pastor- percebe o quanto somos valiosos,- a moeda de prata- permite o uso da liberdade- o filho que abandona  a casa do pai. 
      A ovelha, socorrida nos relembra que necessitamos sempre da graça de Deus. A prata, é o deixar-se trabalhar, ser purificado por Deus; o filho que se distancia da casa paterna revela, enganos, ilusões, tormentos, capazes de criar no ser humano a purificação, ainda que no sofrimento. Imagens da ovelha, moeda, filho, que deixa o pai, devem ser compreendidas como estágios do ser humano na busca de Deus. As três parábolas, ensina-nos a compreender o amor de Deus; fala da experiência de quem está longe de Deus, no fundo do poço, o jovem, da lama, o homem com o auxilio da graça pode levantar-se, entre quedas e reerguimento, pode retornar "O sofrimento é sempre um encontro consigo mesmo: o sofrer amadurece" (Clarice Lispector), a Deus, que é sempre acolhida para o pecador arrependido, é amor, misericórdia, para com todos. Pela palavra de Deus, com o trabalho evangelizador da igreja, levemos ao céu, alegria por convertermos pessoas para Deus. 
        Peçamos ao Espírito Santo, à Virgem Maria mãe de Deus, São José, sermos sempre amparados pelo o bom pastor, a graça do arrependimento, a fim de que sejamos sempre mais valiosos para Deus.

Pe. Antonio Gouveia

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